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"É inaceitável que num jogo de benjamins se diga 'oh preto vai à bola'"

O Desporto ao Minuto decidiu falar com Pedro Almeida, professor de Psicologia Desportiva, que abordou o fenómeno social do racismo no futebol. Algo que não terá um "fim à vista", mas uma "perseguição a comportamentos (racistas e xenófobos) poderá contribuir para uma redução no número de casos".

"É inaceitável que num jogo de benjamins se diga 'oh preto vai à bola'"
Notícias ao Minuto

08:30 - 24/02/18 por Ricardo Santos Fernandes

Desporto Pedro Almeida

Porque é que a palavra racismo aparece tantas e tantas vezes associada ao desporto, nomeadamente ao futebol? O Desporto ao Minuto decidiu falar com Pedro Almeida, professor de Psicologia Desportiva no ISPA, para conseguir obter algumas respostas. A verdade é que os tempos mudaram e socialmente a discriminação por raça ou etnia não se mostra da mesma forma, comparativamente a outras fases da nossa história.

“Muitos destes comportamentos (racistas e xenófobos) são socialmente repudiados, mas estão encobertos não sendo tão claro como foi noutras fases da humanidade”, confessou Pedro Almeida. A verdade é que os casos existem e a lista mostra-se quase infindável, mesmo resumindo a casos no futebol. Balotelli, Matuidi, Yaya Touré, Daniel Alves, Ibrahimovi, Batshuayi, mais recentemente Konan (jogador do Vitória de Guimarães, vítima de insultos racistas no Estádio do Bessa quando defrontou o Boavista) e tantos são os nomes que já foram ‘gozados’ do princípio ao fim num relvado e fora do mesmo.

“No desporto as pessoas libertam-se mais e, por exemplo, num estádio de futebol as pessoas imitam sons de um macaco, mas isso é porque estão num estádio de futebol, se fosse noutro local, mesmo que sejam racistas, não se manifestariam da mesma forma”. E o porquê de isto acontecer?

O estádio de futebol tornou-se um espaço de liberdade, onde as pessoas libertam emoções recalcadas. Acontece no desporto e noutros fenómenos da vida”, complementou o professor de Psicologia Desportiva, mencionando técnicas utilizadas pelo atleta para se salvaguardar deste tipo de situações.

As competências individuais de cada atleta podem ser treinadas com componentes psicológicas ao ponto do individuo ter estratégias de autorregulação que o bloqueiam completamente do contexto e o fazem centrar-se na tarefa e naquilo que depende dele, ou seja, desligar-se de tudo o que não controla”. Ignorar os insultos provenientes das bancadas, mesmo que no final o jogador volte a ‘ligar o chip’ e a recordar-se que durante 90 minutos foi alvo de ‘chacota’ por parte de vários adeptos.

“Dificilmente o racismo terá um fim à vista. As sociedades têm-se tornado mais cívicas e felizmente já não vivemos no tempo das cavernas, mas há outras formas de ‘decapitação’. Teoricamente as comunidades são mais civilizadas, porém há outras formas de estigmatização, há maneiras mais subtis de violência que nós não conhecemos os limites”.  E face a este tipo de perigos, Pedro Almeida reforçou para a necessidade de intervenção das autoridades competentes.

As coisas não se podem proibir por lei, mas alguns comportamentos deviam ser controlados por lei. As pessoas andam muito depressa nas estradas, veem um radar e abrandam. Não é admissível que num jogo de benjamins existam pessoas nas bancadas a dizer ‘oh preto larga a bola, vai não sei para onde’. A sociedade tem de estar preparada para isto e se alguém tem um comportamento destes tem de ser penalizado, multado, ou algo do género. Se a sociedade começar a perceber que há uma ‘perseguição’ a comportamentos deste género pode ser que algo aconteça. O problema não fica erradicado de vez, mas provavelmente o número de casos diminui. Quando as pessoas eliminam alguns comportamentos começam a perceber porque é que eles foram eliminados”.

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