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"Às vezes é meia-noite e estou colado à TV a ver os jogos da I Liga"

Ruca mudou-se no início do ano para o Chipre depois de meia época sem jogar no Tondela. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o lateral de 27 anos revela quais as diferenças que encontrou entre uma realidade e outra e fala ainda sobre o futuro.

"Às vezes é meia-noite e estou colado à TV a ver os jogos da I Liga"

Rui Chaves, para os mais chegados, Ruca. para o mundo do futebol. O lateral português mudou-se este ano para o Chipre depois de meia época sem jogar no Tondela. A representar, a título de empréstimo, o Alki Oroklini, Ruca revela-se feliz por ter arriscado, ainda que admita que tudo aconteceu muito rápido e que teve de pensar muito antes de tomar uma decisão definitiva. 

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o jogador de 27 anos recorda o salto para a I Liga num momento em que estava a jogar pelo Mafra, equipa que militava no campeonato nacional de seniores e fala ainda sobre as porta que gostaria de abrir no futuro. 

Ruca revela ainda que ficou surpreendido com a realiade que encontrou no Chipre e garante mesmo que existem semelhanças com Portugal. 

 Que balanço faz desta aventura no Chipre?  

Está a ser um balanço positivo. Foi uma mudança repentina. Não contava, não era algo que estivesse preparado para enfrentar de um momento para o outro, mas está a ser positivo. Estou a jogar e as coisas estão a correr bem, isso é o mais importante.

Como surgiu o convite do Alki Oroklini? 

Não sei ao certo… Não estava a ser utilizado no Tondela, não estava a jogar e não era opção. A proposta surgiu, pedi uns dias para pensar e acabei por aceitar. Estava relutante, mas acabei por aceitar este projeto.

Mas existiam outras propostas? 

Proposta concreta foi esta que apareceu. Também não estava numa fase fácil, estava há seis meses praticamente sem jogar e decidi arriscar. O clube é humilde, subiu esta temporada à primeira liga e o objetivo é a manutenção. Mas eu olhei para este projeto de forma a relançar a minha carreira, de voltar a jogar, que era aquilo que eu precisava... e de abrir portas.

Qual são os objetivos para o que resta da temporada? 

O objetivo do clube é atingir a permanência o quanto antes e o meu é fazer o máximo de jogos que conseguir. Vim para ajudar e para ser uma mais-valia. Para me mostrar e para fazer aquilo que mais gosto. Se a equipa atingir os objetivos, todos nós sairemos valorizados.

Quais as diferenças entre o futebol português e o futebol cipriota?

Como em Portugal, têm as equipas denominadas de grandes, que têm melhores condições. É um futebol mais lento, não tão tático, o jogo parte-se muito, mas têm jogadores com qualidade. Ainda assim, o campeonato português é mais forte.

E a língua? 

Para aprender a língua tinha de estar aqui mais três ou quarto anos, é muito difícil (risos). Não dá para entender nada. Comunicamos em inglês, a equipa tem vários jogadores de fora e por isso até o próprio treinador fala em inglês. Arranho um bocadinho a língua [cipriota] e safo-me. Não é por aí (risos).

Que país encontrou? 

O país surpreendeu-me um bocadinho, porque é muito parecido com o nosso. É tranquilo, é calmo, tem todas as condições para ter uma boa vida. Os preços e a qualidade de vida são semelhantes aos de Portugal. Há um bocadinho mais de sol, portanto tem um clima bom. Foi fácil adaptar-me. As pessoas são muito acolhedoras e simpáticas. Até costumo comentar com os meus colegas que são parecidos com os portugueses, porque sabem receber, sabem tratar e não olham para ti de lado. Tem estado a correr muito bem. Custa sempre estar longe da família e da namorada. Custaram mais os primeiros 15 dias, onde o choque é maior, mas depois é uma questão de hábito e de rotinas. As pessoas daqui têm me tratado muito bem.

Como é gerir a distância da família?

Isso é o que custa mais. Vim sozinho para aqui. A minha namorada trabalha, os meus pais e os meus irmãos estão em Portugal. É o que custa mais, são essas saudades. Mas tentamos combater as saudades recorrendo à tecnologia.

Esta é a primeira experiência fora de Portugal. Já era algo que desejava? 

Não era algo que ambicionasse, porque estava no clube da minha terra, no clube que eu gosto. Claro que ambicionamos sempre melhores contratos e melhores condições de vida. Mas não era algo que me passava pela cabeça. Apareceu, ponderei bem... e aceitei.

Acredita que tomou a decisão certa? 

Com a idade que tenho, se não jogar… Quer dizer, seja qual for a idade. Se um jogador não joga, acaba esquecido. Penso que é assim. Foi uma decisão que custou, mas não estou arrependido. Estou a jogar, as coisas estão a correr bem. Para um futebolista profissional isso é o mais importante, se pudesse ser em Portugal melhor, mas… A nossa vida é assim, temos uma carreira curta e não podemos olhar para trás e arrependermo-nos de algo que não fizemos por medo. Não nos podemos agarrar a isso, temos que arriscar. Estava numa situação complicada. Era um peso ali. O futebol é assim. Umas vezes jogamos, outras não. Tive que partir e tive que procurar um sítio onde me pudesse mostrar. 

Os futebolistas acabam sempre por correr riscos... 

Os jogadores têm de correr alguns riscos e sair da zona de confronto. Eu estava em casa, no meu clube e junto aos meus. Mas lá está, o importante para um jogador é jogar, e eu sabia que iria ter dificuldades em jogar este ano se continuasse lá. Tive que ir à procura da felicidade, como se costuma dizer. Um jogador de futebol só é feliz se jogar. 

No final da temporada termina o empréstimo. Já pondera o futuro? 

Já tive várias conversas com o meu empresário e estamos de acordo. Nos próximos quatro meses quero desfrutar e jogar o máximo possível. Depois, o que vier, logo se vê. Tenho mais um ano de contrato com o Tondela.

Continua a acompanhar de perto a época do Tondela? 

Claro, é o meu clube. Tenho lá muitos amigos e torço sempre para que corra bem. Tenho a certeza que vão continuar a fazer um bom campeonato como têm feito até agora.

Acredita que este ano conseguirão alcançar a permanência de forma mais tranquila? Na temporada passada foi até à última... 

O ano passado soube bem, mas o coração não aguenta outro ano assim. Este ano vai ser tranquilo, vão ganhar no domingo [ontem] ao Moreirense e vão continuar a fazer um bom campeonato.

E o restante campeonato português, continua a acompanhar? 

Claro que acompanho. E é engraçado que às vezes - aqui são mais duas horas - é meia-noite e meia e eu estou colado à televisão para ver os jogos em Portugal. Tento ver os jogos todos do campeonato português, acredito que será uma luta [pelo título] a três. Estão separados por poucos pontos, vão andar colados aos três. Vai ser uma luta até ao fim.

Os cipriotas falam sobre o futebol português?  

Ficam-se pelo três grandes e às vezes falam do Sp. Braga. Mais do FC Porto e do Benfica, porque têm ganho mais nos últimos anos e têm estado mais nas competições europeias. Mas perguntam-me se o campeonato é bom e quais são as condições.

Acredita que o futebol português tem beneficiado da aposta dos clubes nas equipas B?  

As equipas B foram uma boa aposta. É o ideal para os jovens que estão a transitar para o escalão sénior, para fazer aquela transição. Jogam numa competição profissional e isso é o ideal. Um ano a mais ou menos, acho que sempre se deu valor às formações. Em Portugal trabalha-se muito bem a esse nível. 

Há uma aposta contínua... 

Sim, mas a aposta no campeonato nacional de seniores têm sido mais forte nos últimos anos. Há muito bons jogadores, até pela questão dos direitos de formação, acabam por andar naquele campeonato. Há miúdos com muita qualidade. Nós temos o exemplo do Vitoria de Setúbal, e foi assim que eu cheguei à I Liga, que todos os anos vai buscar dois ou três jogadores que estavam no campeonato nacional de seniores e todos se afirmam. O Costinha, o João Amaral. É um excelente exemplo do trabalho de prospeção.

Por falar nisso. Como foi aquele salto do Mafra para o Vitória de Setúbal? Sentiu muito a diferença ao nível competitivo? 

Sente-se sempre ao nível da intensidade. Mas, naquela altura, tive a sorte de encontrar talvez o melhor grupo de trabalho – não querendo ser injusto para ninguém – no escalão sénior. Tínhamos um grupo fantástico, os mais velhos receberam-nos de uma maneira incrível. Éramos uma verdadeira família. O míster Quim Machado teve a coragem de apostar em nós, que tínhamos chegado do campeonato nacional de seniores, eu e o Costinha… Foi fantástico. Foi a época mais memorável na I Liga, fizemos uma grande primeira volta, a segunda foi mais complicada. Mas era um grupo fantástico.

Há quem diga que o jogador português consegue aliar as qualidades que tem com muita capacidade de trabalho... 

Sim, é muito trabalhador. No Vitória e no Tondela toda a gente era muito profissional. Quando chegamos a esse nível, temos de aproveitar. E nós, jogadores que viemos de baixo, temos essa noção porque é uma oportunidade única e que se não aproveitarmos nós, aproveitam outros.

Ainda ambiciona chegar a um grande? 

Não, não… O meu sonho é fazer a minha carreira tranquilo, jogar e não me lesionar. O que vier depois… Temos de ter consciência das coisas. O que vier há de ser bom. Sempre pensei a curto-prazo… Claro que todos os miúdos que chegam aos 18 anos pensam em jogar num grande e chegar à seleção, mas o meu pensamento é semana a semana e jogo a jogo.

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