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Renato Santos: "Acredito que o Boavista pode voltar aos tempos gloriosos"

Deu a vitória aos axadrezados na receção ao Benfica e estava a ser uma das figuras da equipa até uma lesão o afastar dos relvados desde fins de novembro. Perto do regresso, o extremo abre o coração, conta o que viveu nesta fase e revela o que o emblema do Bessa tem de especial.

Renato Santos: "Acredito que o Boavista pode voltar aos tempos gloriosos"
Notícias ao Minuto

08:04 - 06/02/18 por Fábio Aguiar

Desporto Exclusivo

Confiante, sorridente e totalmente focado na sua recuperação. Assim encontrámos Renato Santos em pleno estádio do Bessa. Um estado de espírito inspirador de um jogador que estava a ser uma das principais figuras do Boavista até uma rotura parcial do ligamento reto-femoral da perna direita o ter afastado dos relvados por um tempo inicialmente previsto de... quatro meses. Contudo, este contra-tempo não afetou a determinação do extremo, que está agora bem perto do tão esperado regresso. 

Está há cerca de dois meses e meio ausente. Já tem saudades da bola e do cheiro da relva?

Sim, já passou algum tempo e é normal que já tenha essa saudade, mas agora com a integração nos treinos, juntamente com toda a equipa, vou começando a sentir-me melhor. Já faltou bem mais para voltar.

Como tem corrido a recuperação?

Tem corrido bem, até estou a recuperar antes do que era esperado. O processo tem sido evolutivo e bastante bom. Agora estou na reta final. O pior já passou e agora há que preparar-me bem nos treinos, voltar a ganhar ritmo e confiança para quando for chamado estar à altura.

Já há data para o regresso?

Não, sinceramente não. Falámos sobre o que poderá ser uma previsão, mas não há aquela data em que possa dizer: 'Vou estar apto para este jogo'. Vamos passo a passo, treino a treino, a ver como reajo e depois será uma questão de ver quando estarei mesmo a 100%.

Calculo que tenha sido um duro golpe numa altura em que as coisas estavam a correr bem...

Sem dúvida! Ainda para mais recebi a notícia sobre o tempo de paragem por telefone. É lógico que isso me abalou, mas na vida vamos tendo sempre obstáculos, quer a nível profissional, quer pessoal, e compete-nos ultrapassá-los. Foi o que fiz!

O que é que sentiu quando soube da notícia?

É quase como se tudo nos caísse em cima. É complicado saber digerir, ter que aceitar, até porque é isso que temos que fazer, pois não há como voltar atrás, não há volta a dar. Limitei-me a focar atenções no que seria a recuperação, informar-me do que poderia ou não fazer para melhorar e ficar bem, até mesmo a nível de tempo, em relação ao que me tinham dito, mas também para ficar 'limpo', de forma não ter mais problemas.

Naquele momento da lesão não teve, portanto, noção da gravidade...?

Eu senti que tinha acontecido qualquer coisa. Aconteceu a bater um livre, houve um esticão maior do que o que é comum, mas sinceramente não pensei que fosse para este tempo de paragem.

Os três golos em 13 jogos estavam a fazer desta a melhor fase da sua carreira?

Eu sentia-me bem, é um facto. A equipa também e isso ajuda bastante. Tudo estava a fluir, estava a marcar golos, confiante e atravessava uma série boa. A lesão foi uma facada no estômago. Agora só quero voltar bem e regressar ao nível em que estava. Esse é o meu maior objetivo.

Notícias ao MinutoRenato Santos assinou o golo com que o Boavista venceu o Benfica na primeira volta no Bessa.© Global Imagens

O apoio da família nestes momentos é muito importante...

Claro, é fundamental mesmo! É a família que nos ajuda nos momentos mais difíceis.

Por falar em família, reparei que numa das várias fotos que tem nas redes sociais com o seu filho está um comentário de um ex-boavisteiro, o Afonso Figueiredo, que dizia apenas: 'Cristianinho'. Também vai ser craque, é?

(risos) Não sei... Ele já dá uns toques na bola mas... Ainda só vai fazer dois anos e não dá para perceber se será ou não. Mas é uma brincadeira do Afonso já de há algum tempo. Ele vai ser o que quiser, não irei forçá-lo a nada. Se for jogador, será, se quiser outra profissão, também irei apoiá-lo. Desde que seja feliz, isso é o mais importante.

Está a cumprir a terceira época no Boavista. A estabilidade tem sido um aspeto decisivo para este bom rendimento até aqui?

Também é importante! Um jogador está sempre a aprender. Pode dizer-se que se é um jogador maduro, mas tem-se sempre espaço para evoluir e crescer. E é isso que tenho vindo a fazer. Estava a sentir-me bem e tenho a certeza que vou voltar ao mesmo nível.

Olhando um pouco para trás, a passagem pela II Liga serviu para criar bases sustentáveis para que o salto para o principal escalão fosse mais fácil?

Sim, é muito importante. É uma liga muito competitiva. Vinha de uma realidade completamente diferente, da formação do Sporting, e estes clubes estão sempre habituados a ganhar. Quando se chega ao futebol profissional sente-se a diferença. Há sempre jogos para perder, outros para empatar e aqueles que se perdem. A competitividade é sempre muito maior. Essa etapa fez-me crescer imenso, ensinou-me a ser mais cumpridor do ponto de vista tático e isso ajudou a afirmar-me quando cheguei à I Liga, que era o meu grande objetivo.

Notícias ao MinutoO extremo fez parte da equipa do Tondela que na época 2014/15 subiu à Primeira Liga.© Facebook

Essa transição da formação para o futebol sénior foi mais 'suave'...

Sim, quando comecei a jogar adaptei-me. Estava no Rio Ave, mas fui emprestado ao Moreirense e consegui jogar, as coisas correram-me bem, era um miúdo e o grupo também me acolheu de forma fantástica. O que chocou mais foi a diferença da realidade do que nós tínhamos e do que nos era oferecido, em termos de condições e de tudo um pouco. Aí sim, nota-se a tremenda diferença, mesmo sendo o Moreirense um clube com boas condições.

É o chamado mundo perfeito?

É quase uma ilusão! Vivemos de uma forma em que pensamos que é tudo fácil, pois temos acesso a tudo o que um atleta precisa. Depois, quando se cai na realidade do que é o futebol profissional, que nada tem a ver com a formação, aí sim, há um choque. Mas depois, jogando, com as coisas a correrem bem, um jogador adapta-se e vai percebendo o que é a realidade.

Que recordações ficam desses tempos de Academia de Alcochete?

Foram momentos muito bons! Eu fui muito cedo para a Academia, apanhei aquela fase sempre difícil de ter que deixar a família e foi uma aprendizagem para mim como pessoa. Tive que me desenrascar, adaptar-me, mas foi uma experiência muito positiva. Se fosse agora, voltaria a fazer tudo igual. É uma oportunidade que aconselho a todos os miúdos. Se tiverem essa possibilidade, não hesitem. Aproveitem e lutem por aquilo que sonham.

Notícias ao MinutoRenato Santos foi formado no Sporting, onde evoluiu entre 2003 e 2010.© Facebook

É aí que se criam também grandes amizades...

Algumas... O Cédric, por exemplo, foi um dos amigos que fiz no futebol, como outros. Sem dúvida que é importante porque nós acabamos por estar ali sempre juntos. Os nossos colegas são a nossa família, passamos 24 horas lado a lado e, claro, isso deixa marcas. Tenho alguns amigos dessa altura e que vão ficar para a vida.

Voltando ao presente, já começa a ver a luz ao fundo do túnel. Cresce a ansiedade pelo regresso?

Sim, agora já começo a sentir-me vivo. Já estou a começar a treinar e estou focado neste bocadinho que falta, nesta reta final, para conseguir ir para o jogo e estar bem.

Depois do Sporting, o Boavista é a 'casa' onde passou mais tempo. É um clube que já o conquistou?

Claramente! É o clube que apostou em mim, que me deu a oportunidade de me afirmar na I Liga e sem dúvida que me marcou e irá ficar para sempre guardado num lugar especial do meu coração.

E os adeptos também já foram conquistados...

(risos) Sim, sinto que sou um jogador acarinhado, logicamente também trabalho para isso, não só com o bom rendimento como também com a entrega que estes adeptos gostam que os jogadores tenham, que é fundamental. Mas sim, sinto-me muito feliz aqui.

Além da ilustre história e da massa associativa apaixonada, o que tem este clube de especial?

A mentalidade e a mística que existem aqui. É um clube que já esteve lá no alto, junto dos grandes, e isso fica sempre gravado. É uma diferença que tem para alguns clubes onde passei. Além disso, tem uns adeptos que vão connosco para todo o lado, apoiam, e isso faz toda a diferença. Todos os outros onde passei também são bons clubes, mas o Boavista é diferente de todos os que representei.

Tem condições para voltar a esses tempos áureos?

Penso que se está a forma aquilo que é preciso para poder voltar. Obviamente que não se consegue num curto espaço de tempo, mas acredito que pode acontecer. O Boavista tem melhorado de época para época, tem conseguido estar mais estável, não só a equipa, mas também tudo o que envolve o clube. Por isso, acredito plenamente que o Boavista pode voltar aos tempos mais gloriosos.

E a atual conjuntura permite que isso seja possível ou estamos numa fase em que o futebol português está, digamos, um pouco 'refém' dos três grandes?

É um facto que isso está acontecer. Os clubes mais pequenos acabam por ficar um pouco para segundo plano, mas pode ser que isto se altere. Os três grandes vão ser sempre o maior foco, disso não há dúvidas, mas se houverem equipas a dar luta e a aproximarem-se, acredito que isso pode acontecer.

Já sonhou com o título aqui no Bessa?

(risos) Para ser sincero... não. Não por não acreditar que isso seja possível, mas pela realidade atual. Eu gosto de viver a realidade, claro que tenho sonhos e ambições, mas para ser sincero não imaginei isso.

O que será o maior 'título' para o Boavista esta época?

Será chegar o mais acima possível na tabela. A equipa está bem, confiante no trabalho que tem vindo a realizar e é assim que queremos continuar, pois ainda falta muito campeonato.

Esta temporada ficará para sempre marcada pelo trágico desaparecimento do Edu... Como é que uma equipa lida com uma situação tão delicada?

(silêncio) É complicado... Muito, muito complicado. (pausa) Porque não acontece com frequência. As pessoas sabem que existe, não só no futebol, mas em várias profissões, em todas as áreas, mas cria sempre uma enorme revolta. Porquê a um miúdo de 19 anos? Porquê ter um desfecho destes?

Sempre que entram em campo, acredito, pensam nele...

Sim, claro que nos deu uma força e energia para encararmos os jogos. Por ele, vamos dar um bocadinho mais, mesmo quando nos sentimos mais cansados. E o Edu vai ser sempre essa força extra para nós.

Atualmente, tem contrato até junho de 2019. O futuro a médio prazo passa, por isso, pelo Boavista?

Sim, tenho contrato e estou apenas focado em voltar a jogar. Relativamente ao resto... Não penso nisso, sinceramente.

Aos 26 anos, que sonhos tem?

Tenho ambição de chegar a outros patamares e vou trabalhar para o conseguir ao mais alto nível, mas o futuro nunca se sabe...

Projetar um cenário, por exemplo, daqui a 10 anos é, portanto, difícil...

(risos) Sim, não sei mesmo o que estarei a fazer...

Com 36 anos ainda pode continuar a jogar, se as pernas permitirem...

(risos) Pois, não sei se vão permitir... (risos) Claro que penso nisso, não vou dizer que não, mas um dia de cada vez. É como digo, para já estou focado naquilo que tenho que fazer. Esta é uma etapa, essa será outra, mas ainda tenho algum tempo para pensar no que irei querer fazer ou não. Tenho alguns objetivos, pensamentos, mas prefiro guardá-los para mim e ver no que vai dar.

Obrigado, Renato. E boa sorte!

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