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"Seleção? Trabalharei sempre para que um dia esse sonho se realize"

Médio português, que alinha atualmente no Metz, recorda a passagem pelo Lorient e os momentos vividos no Vitória SC. A seleção continua a ser um sonho que Cafú espera realizar um dia.

"Seleção? Trabalharei sempre para que um dia esse sonho se realize"
Notícias ao Minuto

08:12 - 22/01/18 por Francisco Amaral Santos e Fábio Aguiar

Desporto Cafú

Cafú mudou-se para França há duas temporadas. Depois de cinco épocas ao serviço do Vitória SC, onde assumiu a braçadeira de capitão, o médio português transferiu-se para o Lorient. As coisas não correram bem coletivamente e o emblema francês desceu ao segundo escalão. 

Ainda assim, a qualidade do médio português, que fez parte da formação no Benfica, não passou desapercebida e no início da presente temporada foi contratado pelo Metz. 

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Cafú fez um balanço da experiência fora de portas, falou nas diferenças competitivas entre Portugal e França e garantiu que ainda sonha chegar à seleção nacional. 

Na semana que passou, o jogador de 24 anos já tinha abordado o episódio de violência registado num treino do Vitória SC e as qualidades de Waris, jogador que reforçou o FC Porto.

Chegada de Neymar causou impacto

Que balanço faz desta aventura no Metz?

Está a ser uma boa experiência aqui em França. Outra cultura, outra liga. Uma boa liga, das melhores da Europa, que, com a vinda do Neymar, ganhou mais visibilidade. Tivemos uma fase má, agora estamos a atravessar a nossa melhor fase. O nosso objetivo é a permanência e sabemos que não vai ser fácil. Mas esta última vitória [quarta-feira, contra o Saint-Étienne] veio dar uma dose de confiança. Aliás, este momento está a dar-nos mais confiança. Nos últimos cinco jogos, temos um empate e quatro vitórias.

Dizem que o campeonato francês é muito competitivo. Concorda? 

Já tive a oportunidade de falar isso com os meus colegas e até mesmo com os portugueses que jogam cá… Tirando o PSG, é tudo muito equilibrado e nunca se sabe o que vai acontecer. As equipas praticam um bom futebol. 

Neymar foi o grande agitador do verão passado. Sentiu o impacto em França? 

Sim, a chegada de Neymar causou impacto. É um jogador mediático e que é um dos melhores do mundo. Trocou o Barcelona pelo PSG por aquele valor. É o jogador mais caro na história do futebol. Houve um impacto em vários sentidos. Para nós, jogadores jovens, só nos veio trazer mais visibilidade e acrescenta qualidade ao campeonato.

Já defrontou o PSG em setembro e teve de lidar com Neymar... 

É um craque. Mas não é só ele. Di Maria, Cavani e Mbappé… São outros argumentos....

Neymar já começa a surgir integrado na luta com Messi e Ronaldo. Afinal de contas, qual é o melhor jogador do mundo? 

Seguramente para mim são os três melhores. Neste momento, penso que o Messi está melhor. Em outras alturas esteve o Cristiano, mas também agora o Real está mal, pelo que não ajuda o Cristiano. O Neymar também está bem.

Antes do Metz, passou pelo Lorient. Como correu a primeira experiência fora de Portugal? 

Foi a primeira experiência no estrangeiro e fica um sabor amargo porque o Lorient desceu. Ninguém estava à espera. O Lorient desde que subiu ao principal escalão nunca mais tinha descido, mas infelizmente as coisas não correram bem. Tínhamos um bom plantel, havia quatro ou cinco equipas abaixo de nós que o objetivo era evitar a despromoção. Não consigo explicar bem, foi um ano que correu menos bem.

Em termos individuais, sentiu que cresceu?

Sinto que cresci como jogador, até pelo impacto de vir de uma liga diferente. Aqui é uma liga muito física e técnica. Qualquer clube preocupa-se em jogar futebol e há grandes condições de trabalho. O Lorient tinha inaugurado um centro de estágio há três anos. Aqui em França isso é uma mais-valia. Qualquer campo que se jogue, há sempre boa relva e bons estádios. Há algumas diferenças económicas.

São realidades distintas….

Já levo dois anos aqui… Não é que cá eles tenham mais qualidade do que nós. A diferença está na qualidade no trabalho. A organização também é diferente. Se colocarmos os jogadores portugueses com as condições que aqui existem, talvez fizéssemos igual ou até melhor. Temos muita qualidade em Portugal. Também quando se sai de Portugal, é mais fácil valorizar o que temos de bom no nosso país.

O francês é uma pessoa muito particular. Em bom português, é muito nariz empinado e olha muito para o seu umbigo

E como é lidar com a distância de Portugal e da família?

Lido bem com a distância. Sai novo de casa, aos 14 anos fui para Lisboa jogar no Benfica. Portanto, trocar Guimarães por Lisboa foi um bocado difícil na altura. Já estou há uns anos fora de casa, pelo que isso já não é um problema para mim. Acabei por me habituar e sei que é a minha vida. Não é fácil, como é óbvio, mas tenho sempre comigo o meu filho e a minha mulher. É difícil, mas faz parte.

Nestes dois anos já surgiu algum convite para regressar a Portugal?

O ano passado quando estava no Lorient e as coisas não estavam a correr tão bem em termos colectivos. Em dezembro [de 2016] o Vitória contactou-me para saber se gostava de voltar em janeiro e se estava a gostar. Eu disse que não, que estava a jogar e segui no Lorient.

Sente-se arrependido por ter tomado essa decisão?

Quando tomamos uma decisão, pensamos que tomamos a melhor decisão. Mas depois de terminar a época, sabendo que o Lorient desceu e que o Vitória ficou em quarto lugar no campeonato e que foi à final do Jamor [Taça de Portugal], fica um gosto amargo. Mas também estava a jogar e estava confiante que iríamos dar a volta na segunda metade da época. O futebol é mesmo assim.

Ainda assim, presumo que continue a ter saudades do Vitória...

O Vitória é parte de mim. É uma das coisas mais importantes da minha vida. Guimarães é a minha cidade, foi lá que nasci e que fiz parte da minha formação. A minha família é de lá, os meus amigos também. Por isso… de qualquer das formas estarei sempre ligado ao Vitória e a Guimarães. Fiz a minha estreia na I Liga pelo clube do meu coração e tenho lá muitos amigos.

Que análise faz à luta pelo campeonato português?

Tenho visto um FC Porto forte desde do início da época, e acima de tudo mais regular. O Sporting também está forte. Um Benfica não tão forte como na época passada, mas que nas últimas jornadas tem vindo a equilibrar, nomeadamente depois do jogo com o Sporting, quando parecia que estava uns furos abaixo do Sporting e do FC Porto… Acredito que a luta vai ser renhida entre os três. Acho que vai ser imprevisível. Acredito que vai passar pelos confrontos entre eles.

Em França acompanham o futebol português?

O francês é uma pessoa muito particular. Em bom português, é muito nariz empinado e olha muito para o seu umbigo. Eu também não ajudo muito eles a gostarem de nós. Em 2016 fomos campeões da Europa e eu piquei-os um bocadinho e pronto. É um povo com algum ego, mas claro que temos aqui muitos emigrantes portugueses. É um povo que simpatiza connosco. Na minha opinião, e já estive em dois balneários diferentes, os franceses olham mais para o campeonato inglês e espanhol. Conhecem o Benfica, o FC Porto e o Sporting. E pouco mais. Deixa-me algo triste por não saberem a qualidade que há em Portugal.

O Euro’2016 ainda é um tema sensível para os franceses?

Quando os pico e sempre em jeito de brincadeira, sinto que há ali um sabor amargo. Não falam da final, mas do nosso percurso no Europeu e dos empates. Noto ali que toco na ferida.

Continua à espera de uma chamada de Fernando Santos?

Tenho 24 anos e ambição não me falta. Olho sempre a seleção como um objetivo e um sonho desde criança, até porque tenho lá colegas meus da minha idade e que jogaram comigo. Mas posso dizer que a seleção está bem servida com médios de muita qualidade. Trabalharei sempre para que um dia esse sonho se realize.

Que mais sonhos tem no futebol?

Tenho um sonho desde muito novo: gostava de um dia de jogar na Premier League. A minha adolescência foi a acompanhar a Premier League. Gostava de um dia chegar lá. É um campeonato muito particular. Vais sonhando sempre com grandes clubes: Liverpool, United, Chelsea… Mas agora é assim... também gosto muito do Barcelona (risos). 

Quais os desejos para 2018?

Não sei como vai ser o mercado agora em janeiro. Não sei se vou sair ou não, também gostava de conhecer outras ligas e outras realidades. Não tenho jogado muito nos últimos jogos... Vamos ver, espero acima de tudo ser feliz e voltar a fazer aquilo que mais gosto: jogar futebol.

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