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"Os franceses brincam, mas nós é que somos campeões europeus"

Pouco mais de meio ano depois de ter assinado contrato com o Guingamp, Pedro Rebocho faz o balanço deste arranque de aventura em terras gaulesas. A adaptação, as dificuldades e os objetivos revelados numa entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto.

"Os franceses brincam, mas nós é que somos campeões europeus"
Notícias ao Minuto

08:25 - 08/01/18 por Fábio Aguiar

Desporto Pedro Rebocho

O discurso e o tom de voz não enganam... Pouco mais de meio ano depois de ter sido apresentado como jogador dos franceses do Guingamp, Pedro Rebocho é o rosto da felicidade e... da ambição.

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, o lateral-esquerdo abriu o coração e falou destes primeiros tempos em terras gaulesas, que, apesar de nem sempre terem sido fáceis, têm-se revelado, acima de tudo, imensamente enriquecedores.

Prestes a completar 23 anos - no próximo dia 23 - Rebocho recorda a adaptação à nova realidade, identifica as  principais dificuldades desse período, revela os objetivos para o futuro e ainda alguns dotes... na cozinha.

Que balanço faz destes primeiros tempos no Guingamp?

É positivo... Fiz 12 jogos, um para a Taça da Liga, mas acho que só posso estar satisfeito. Nos últimos três jogos penso que estive melhor, consegui ter um rendimento mais próximo daquilo que quero, fiz duas assistências e agora espero continuar a melhorar.

Já se sente totalmente adaptado ao clube e à própria vida em França?

Sim, agora já. Para ser sincero, a adaptação não foi difícil, mas nos primeiros jogos saía de campo e não estava satisfeito com o que tinha feito. Por mais que quisesse, não me sentia realizado. Estive um tempo sem jogar, voltei e, nestes últimos três jogos, as coisas já correram bem melhor. Parece que vim com muito mais confiança.

A realidade que encontrou correspondeu às suas expetativas iniciais?

Encontrei um grupo fantástico e penso que foi esse bom ambiente no balneário que permitiu à equipa ter bons resultados. Temos muitos jogadores experientes, mas também com muita qualidade. Conhecia pouco o clube, é verdade, mas agora acredito que estou na realidade ideal para poder evoluir.

Em Portugal estava habituado a sair de casa, estar tudo aberto, poder ir a um restaurante e ficar mais tranquilo até as 23h00...

Esta é a sua primeira aventura no estrangeiro. Foi difícil tomar a decisão de aceitar o convite do Guingamp?

Não, quando soube da proposta tive logo intenções de vir. Falei com o Rony Lopes, que é um dos meus melhores amigos, e como ele já está a jogar em França, no Mónaco, há vários anos, perguntei-lhe se achava que seria bom para mim vir para o Guingamp. Ele disse-me que sim, que era um campeonato bastante competitivo, com jogadores de maior qualidade e que só tinha a ganhar em vir para cá. Então, não hesitei. E cá estou...

Quais foram as principais dificuldades nesses primeiros tempos?

Primeiro a língua e depois o estilo de vida, que é muito diferente. Em Portugal estava habituado a sair de casa, estar tudo aberto, poder ir a um restaurante e ficar mais tranquilo até as 23h00. Aqui já não acontece isso porque fecha tudo muito cedo. Além disso, aqui, para ir a um shopping tenho que me deslocar a Rennes, que fica a 1h00 de distância. Foi mais esse impacto que notei. Relativamente à comida, não houve grande diferença porque só faço comida portuguesa em casa. Mas tenho-me adaptado muito bem.

Ui, temos craque na cozinha?

(risos) Faço umas coisinhas... A minha namorada e o meu melhor amigo, que são as pessoas que costumam estar mais tempo aqui comigo, dizem que tenho jeito. (risos) Se bem que não faço nada muito elaborado porque somos sempre só os três. Normalmente faço quase sempre o mesmo, pois a minha alimentação tem que seguir aquela linha.

Há alguma especialidade?

Eishhh... Acho que é arroz de cenoura com strogonoff de frango. Em vez de ser com arroz branco, prefiro com arroz de cenoura. (risos)

E a língua ainda é um obstáculo?

Já não. Já compreendo tudo, já consigo perceber o que os meus colegas e o meu treinador me dizem. Claro que em termos gramaticais ainda dou alguns erros e apercebo-me disso, até porque quando estou a falar costumo perguntar se estou correto e se não estiver tento corrigir. Entretanto, aqui em casa também vou tentando obter o máximo de informação para falar melhor e a verdade é que já me safo bem.

Que papel teve o clube nessa fase de adaptação?

Apoiou-me bastante! Quando cheguei fiquei num hotel, a empresa que me representa, a ProEleven, também me ajudou imenso, inclusive o Gregory, que também já foi jogador e trabalha lá, veio cá ter comigo e ajudou-me imenso. Depois, o clube indicou-me uma agência para encontrar uma casa e um carro. Posso dizer que a minha adaptação até correu melhor por ter esse apoio da parte do clube, pois não tive que me preocupar com nada. 

E os franceses ainda sentem aquela espécie de 'azia'  em relação aos portugueses devido ao Euro'2016?

Por acaso não, não senti isso. No início não tinha confiança com a maioria do pessoal, falava mais com os mais novos, que normalmente são mais extrovertidos, mas nada de especial. Brincam às vezes só... Lembro-me que um dia Portugal e a França tinham jogos particulares e eles diziam que o nosso adversário era muito mais fácil e eu só respondi: 'Pois, mas eu é que sou campeão europeu!' E a conversa acabou por ali... (risos) 

Quando chega um jogador novo, ainda para mais que fez a formação no Benfica, é normal que haja alguma curiosidadeEsta temporada a Liga Francesa conta com vários portugueses. Costumam encontrar-se?

Não muito... Nem com o Rony tive ainda a oportunidade de estar. Quando fomos ao Mónaco havia a possibilidade de lá ficar e passar o fim-de-semana, mas como o resultado foi menos positivo para nós, nem quis estar a pedir isso ao treinador. 

Chegou ao clube para substituir o Marçal, um jogador que tinha sido contratado precisamente ao Benfica e que acabou por rumar ao Lyon, após uma grande época no Guingamp. Isso trouxe-lhe uma motivação extra ou, por outro lado, alguma pressão?

O Marçal tinha feito uma grande época e o que senti da parte dos adeptos e do próprio clube é que a fasquia estava muito elevada. O carimbo que ele tinha deixado obrigava a que as expetativas estivessem altas. Quando chega um jogador novo, ainda para mais que fez a formação no Benfica, é normal que haja alguma curiosidade. Querem que faça uma época igual ou melhor que o Marçal, mas eu penso que é uma pressão boa, que me ajuda a querer fazer bem as coisas e melhorar a cada dia. 

Relativamente ao campeonato francês, pode dizer-se que é algo refém do poderio de clubes como o Paris SG ou o Mónaco?

Penso que sim. Como todos sabemos o Mónaco e o Paris SG têm dinheiro para comprar qualquer jogador e, como tal, têm mais possibilidades de ganhar o campeonato. Mas isso também vale o que vale. Por exemplo, o Paris SG, com os jogadores que tem, foi a Estrasburgo e perdeu por 2-1. Mas isso é uma exceção à regra. E com uma época longa, mais difícil se torna para os clubes mais pequenos.

Nesta altura, quais são os objetivos do clube para a presente época?

Primeiramente, é a manutenção. Penso que é a sexta época do Guingamp na Liga Francesa e, como tal, o objetivo é continuar. Depois, melhor ainda será ficar no top 10.

E a nível individual?

É jogar o máximo de minutos possível, pois é isso que me faz crescer e evoluir. Quero ajudar a equipa, fazer boas exibições e se puder complementar isso com golos e assistências, melhor ainda. 

Recentemente, falou-se do interesse do Marselha. Tem algum conhecimento sobre esse tema?

Só soube pelos jornais. Claro que os meus amigos e a minha família me vão perguntando se sei de alguma coisa, mas a verdade é que não tenho conhecimento de nada. Contudo, é sempre bom ter equipas de grande nível atentas ao nosso trabalho, mas eu só estou focado no Guingamp. Quero evoluir aqui e ajudar a equipa. Se algum dia surgir uma proposta, essa será analisada pelo clube, primeiramente, e só depois terei a minha palavra.

Mas dar o salto para um 'grande' está no horizonte de qualquer jogador...

Claro que sim! Penso que todos querem jogar nos melhores clubes do Mundo e eu não sou exceção. Até seria hipócrita se não o dissesse, porque é para isso que trabalho todos os dias. Mas sei que tenho o meu caminho a percorrer, que contém várias barreiras e eu vou tentar ultrapassá-las passo a passo. 

Acredito que chegar à Seleção A faça parte desse caminho...

Quando digo que quero jogar nos melhores, também passa por representar a Seleção A, até porque sou internacional por todos os escalões jovens. Sei que é um passo que levará o seu tempo, pois há um leque muito vasto de qualidade para a minha posição, e a mim só me resta trabalhar para, quem sabe, um dia poder lá chegar e merecer a oportunidade da chamada. 

Para finalizar, quais são os desejos para o novo ano?

Que as coisas corram bem, que jogue o máximo possível e que não tenha lesões, pois isso também é muito importante na carreira de um jogador. O resto certamente virá...

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