Rui Vitória voltou a comentar os lances que tanta tinta fizeram correr no dérbi ocorrido na passada quarta-feira entre Benfica e Sporting (1-1). O técnico encarando diz não ter nada "contra o árbitro Tiago Martins ou Hugo Miguel", mas criticou a forma como as decisões foram tomadas ao longo da partida. 

Além disso, Rui Vitória foi convidado a comentar as palavras de Sérgio Conceição, técnico do FC Porto, que falou em alguma incoerência. 

"Pode não ser diretamente para mim… Não tenho qualquer problema em falar sobre esta questão. Ele se calhar também não comenta as minhas palavras. Em primeiro lugar, não sou nenhuma criança nem tonto. Quando tenho uma conversa, tenho-a pensando que estamos a falar num nível de inteligência elevado. O que abordei no final do jogo foi para defender o Benfica e a minha parte, como alguém que vive no terreno a nova realidade do vídeo-árbitro e que sente que pode colaborar. Uma coisa é vocês e quem está em casa, que pode ter a sua opinião. Nós, que vivemos isto no dia-a-dia, temos uma opinião com outra sensibilidade. É como ser operado e dizem-nos que não vai custar nada. É fácil no corpo dos outros. O que transmiti no último jogo não tem a ver comigo concretamente. Tem a ver com a realidade do vídeo-árbitro. Não tenho nada contra o árbitro Hugo Miguel, Tiago Martins, Fábio Veríssimo, Jorge Sousa… Com quem quer que seja. O Hugo Miguel e o Tiago Martins, aliás, já me expulsaram e se calhar até o fizeram bem. Já me arbitraram e hão de arbitrar, têm qualidade com isso. Referi-me aos árbitros em relação aos lances. Às vezes, é giro ver se os árbitros repetem a análise num mês e, passado alguns meses, tomam uma igual", começou por dizer, prosseguindo. 

"O grande problema que existe no vídeo-árbitro é simples: Eu sou árbitro e você trabalha comigo como VAR. Há um lance rápido, enquanto árbitro digo ‘parece-me penálti, mas tenho uma pessoa que vê e deixo correr’. É aceitável e se calhar foi o que aconteceu. Quem está lá em cima, tem um protocolo a cumprir. O que acontece é que decisão do árbitro é uma indecisão, porque tem estas dúvidas. Ficamos nesta zona cinzenta. A decisão tem de ser dos árbitros com consciência total. Neste momento, o que acontece é que, se o Hugo Miguel visse os lances na televisão, se calhar tinha marcado um ou dois. A decisão foi do árbitro ou do vídeo-árbitro? As leis dizem que tem de ser do árbitro. A ideia que fica é que foi o VAR a dizer que não é penálti. Tenho quase a certeza que, se houvesse possibilidade de rever… É um problema que se tem que se resolver. Pergunto: há árbitros que, pela intuição, percebem se o lance é ou não falta. Imaginam que aquela bola na cara do Fábio Coentrão na cara, se fosse na cara, não tinha ficado o símbolo da Nike marcado ou o jogador não ficava no chão? Ninguém fica em pé num lance daqueles. É isto que digo", atirou, deixando ainda uma última garantia. 

"Quem quiser ser pouco inteligente, que olhe isto só pelo Benfica. Estou a falar para os árbitros. A grande necessidade é clarificar isto. Vejo os campeonatos de Itália ou Alemanha em que o árbitro para e decide. É a isto que me refiro. Não tenho nada contra o árbitro Tiago Martins ou Hugo Miguel. Não sou bebé, não sou criança. Quem quiser inferir daqui outra coisa, já não é preocupação comigo", rematou Rui Vitória.