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Serão os eSports o novo 'Santo Graal' do futebol português?

Esteja descansado que não é um tipo de videoárbitro, eSports é um desporto eletrónico que tem ganho cada vez mais notoriedade em território nacional e, num piscar de olhos, chegou ao futebol português. Uma reportagem do Desporto ao Minuto... de leitura obrigatória.

Serão os eSports o novo 'Santo Graal' do futebol português?
Notícias ao Minuto

09:56 - 26/12/17 por Luís Alexandre

Desporto Reportagem

Um dos temas que tem ganho mais destaque no mundo do futebol recentemente, não se prende com o avanço tecnológico na arbitragem nem os novos equipamentos para o Mundial 2018… mas sim a grande aposta que os clubes tem feito nos eSports.

A tendência deste momento é a vontade de vencer com o comando na mão e não só com a bola nos pés. Um verdadeiro fenómeno global que começou a ganhar notoriedade na Coreia do Sul, com o jogo League of Legends.

Em Portugal, o ponto de viragem aconteceu em junho de 2016, altura em que o Sporting se tornou no primeiro clube de futebol a abrir um setor de eSports - focando-se no jogo de FIFA -, começando desde logo por contratar um antigo campeão do mundo de FIFA, Francisco “Quinzas” Cruz. . Inovador para a altura, a aposta virou 'moda' no último ano.

“Eu e mais duas pessoas propusemos ao Sporting a criação desta modalidade em específico, queríamos que o Sporting fosse dos primeiros clubes a criar uma equipa de eSports no mundo, o que acabou por acontecer”, afirmou Pedro Silveira, responsável pelo departamento de eSports dos leões.

“Procurávamos os melhores jogadores e acabámos por encontrar o Francisco ‘Quinzas’ Cruz, que já tinha ganho o FIFA Interactive World Cup (uma espécie de Mundial) em 2011, mas não ficámos por aqui. Mais tarde criámos um torneio para os sócios, e os vencedores – cinco neste caso - entraram na secção, fazendo assim parte da equipa do Quinzas”, explicou.

Porém, este ano, o clube decidiu contratar mais um elemento para o plantel e foi buscar Gonçalo “RastaArtur” Pinto, um dos jogadores que mais entusiamo tem criado em Portugal.

“Em junho ganhei o Allianz Challenge, o maior torneio de FIFA alguma vez realizado em Portugal, e levei para casa um prémio de 10 mil euros. Após este evento, o Sporting entrou em contacto comigo e, sem hesitar, decidi aceitar porque é o meu clube de infância”, contou o jovem jogador com um sorriso na cara.

Futebol português rendido aos eSports

Neste momento, para além do Sporting, em território lusitano encontramos inúmeros clubes que decidiram enveredar pela modalidade – na vertente de FIFA -, uma ‘febre’ que tanto atinge clubes da I Liga como do Campeonato de Portugal - como por exemplo o Beira-Mar, o Belenenses ou Tondela.

Nos três casos, a ideia partiu de um grupo de praticantes de eSports, fazendo-se depois o contacto com os clubes, que acabaram por ver com bons olhos a proposta e  decidiram fundar secções.

“Antes de aparecer o Tondela, já existíamos há cerca de cinco anos. Contudo, entrámos em contacto com o clube e eles ficaram entusiasmados com a ideia, acabando por aceitar”, referiu João Velez, responsável pelo setor de eSports do Tondela.

“O ano de 2016 foi um ano em que muitas equipas e muitos jogadores de eSports abordaram o clube com a intenção do mesmo adquirir uma equipa ou autorizar a utilização do nome do Clube nos jogos eSports, seja no modo 11 vs 11 ou individual” afirmou o responsável pelo setor do Belenenses.

Histórias idênticas à do Beira-Mar, que apesar de estar no Campeonato de Portugal, quis também mostrar o seu lado mais vanguardista.

“Como éramos um grupo que acompanhava o Beira-Mar decidimos entrar em contacto com o clube e tentar arranjar uma parceria. Quando falámos com o Beira-Mar, eles mostraram grande abertura para tal e decidiram avançar com o projeto”, salientou André Augusto, líder da secção de eSports do emblema de Aveiro.

Esta modalidade chama a atenção dos clubes porque não precisam de movimentar milhões de euros" 

Uma aposta que para os responsáveis de eSports dos clubes irá trazer frutos, especialmente numa altura em que a sociedade está mais dependente das novas tecnologias do que nunca.

“Emblemas como o Beira-Mar têm perdido algum 'buzz' nos últimos anos e poderão ganhar algum ânimo com esta nova modalidade. Nós, como equipa, queremos levar o bom nome do clube para todo o lado”. João Velez vai mais longe e acrescenta que os eSports não precisam de muito dinheiro para terem sucesso, o que acabou por aliciar os clubes de futebol.

“Os clubes estão a apostar no eSports por causa do FIFA, um jogo de futebol, que poderá chamar a atenção dos mais aguerridos adeptos do desporto rei. Graças ao modo Pro Clubs [11 jogadores contra 11], estamos a replicar um autêntico jogo de futebol. Além disso, esta modalidade chama a atenção dos clubes porque não precisam de movimentar milhões de euros para ter sucesso, não precisam de estádio ou de grandes infraestruturas para treinar... apenas necessitam de um comando de consola e um jogador”.

Federação Portuguesa de Futebol inicia um novo ciclo no FIFA

Perante o repentino crescimento deste desporto, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decidiu acompanhar a tendência e criou também um departamento. Aliás, quiseram também fazer uma versão de eSports da I Liga, Taça de Portugal e Taça da Liga - que terá início em janeiro de 2018. (De destacar que esta é a primeira vez que se vê uma Federação de futebol a entrar neste setor tecnológico).

Uma entrada que agitou a modalidade em Portugal e que deixou todos os intervenientes entusiasmados com a medida.

“Foi uma 'entrada a matar' por parte da Federação Portuguesa de Futebol, principalmente no FIFA, porque há um ano atrás não tínhamos nada… não havia torneios a dinheiro, nem algo do género. Com esta entrada, as provas surgiram, o apoio aos jogadores apareceu e ficámos todos a ganhar com isto”, vincou Gonçalo “RastaArtur” Pinto.

“Vemos a entrada na FPF como uma boa oportunidade. Teremos mais torneios (como os casos da Lisboa Games Week ou a Comic-Con), mais competição e, com certeza, teremos mais visibilidade”, opinião também partilhada pelo reponsável do Tondela.

As competições criadas pela Federação Portuguesa de Futebol não serão disputadas no modo de um contra um, como costuma de ser feito no FIFA , mas sim em Pro Club, ou seja serão 11 jogadores contra outros 11 – replicando assim o futebol real que todos conhecemos.

O ideal para fazer frente a equipas internacionais é treinar cerca de cinco a seis horas por dia"

Um modo de  jogo que aproxima a gestão e os treinos do FIFA às das equipas profissionais de futebol, ou seja, existem treinadores, atletas que jogam apenas numa só posição e treinos extremamente rigorosos, como nos explicou o responsável dos eSports do Belenenses.

“A equipa tem neste momento 16 jogadores, mas este número é provisório porque ainda estamos a construir o plantel, destes 16 jogadores temos 5 pessoas responsáveis, Responsável pelo Clube (membro da direcção CFB) supervisiona tudo relacionado com eSports (equipa e redes sociais), um Director Desportivo que faz a comunicação com a FPF eSports e em conjunto com três treinadores, é responsável pela construção do plantel, os quatro tem a total liberdade de escolha dos jogadores nas captações”.

“Quanto à seleção do onze para os jogos será feita com base no sistema táctico utilizado para esse jogo e os que treinarem melhor durante a semana nas respectivas posições, no fundo idêntico ao futebol real”.

Notícias ao MinutoGonçalo "RastaArtur" Pinto© Notícias ao Minuto

Depois de delineada a estrutura, também os treinos são necessários e bastante exigentes, podendo ocupar muitas horas aos jogadores.

“O ideal para fazer frente a equipas internacionais é treinar cerca de cinco a seis horas por dia. Tentamos trabalhar o máximo para quando chegarmos lá fora possamos sair vencedores”, elucidou Gonçalo “RastasArtur” Pinto.

Leia a segunda parte da entrevista aqui.

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