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João Afonso elogia Conceição e lembra Rui Vitória: "Apostou em mim"

Central português mudou-se, no início da época, para os espanhóis do Córdoba mas revela-se atento ao que se passa no campeonato nacional. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o jogador de 27 anos aborda a passagem temporária pelo Estoril, o contrato que o liga ao Vitória e fala sobre Rui Vitória e Sérgio Conceição, treinadores com os quais se cruzou no emblema de Guimarães.

João Afonso elogia Conceição e lembra Rui Vitória: "Apostou em mim"

João Afonso é um dos muitos jogadores portugueses que foi para o estrangeiro à procura de um novo desafio. O central de 27 anos mudou-se, no início desta temporada, para os espanhóis do Córdoba por empréstimo do Vitória SC depois de se ter afirmado como uma das melhores unidades no Estoril na época transata. 

Sereno e pragmático, tal como se apresenta dentro dos relvados, João Afonso garante estar apenas focado no presente, mais precisamente em tirar a sua nova equipa dos últimos lugares da segunda divisão espanhola.

Ainda assim, em entrevista ao Desporto ao Minuto, o jogador natural de Castelo Branco recordou o salto para a I Liga, os treinos do "exigente" Sérgio Conceição e ainda a aposta de Rui Vitória.

Aqui, não é nenhum escândalo se o primeiro perder com o último em casa

Notícias ao MinutoJoão Afonso em ação no Córdoba© Reprodução Facebook João Afonso

Que balanço faz destes primeiros meses no Córdoba? 

As coisas não começaram a correr de acordo com aquilo que eu esperava, embora tenha começado a época a titular. Mas, de momento, as coisas estão a chegar à normalidade. A equipa não tem conseguido bons resultados, por isso estamos em último. O nosso objetivo agora é sair da zona de despromoção. 

Que campeonato encontrou em Espanha?

Aqui a principal característica é que é tudo muito igualado. Aqui não é escândalo nenhum se o primeiro [classificado] perder com o último em casa, ou o segundo perder com o penúltimo. Aqui, o fator casa não é tão determinante como em Portugal, que, quando as equipas jogam fora, há sempre mais dificuldade. Os próprios jogadores que cá estão dizem que aqui é tudo muito mais imprevisível. Podes perder 0-2 em casa e a seguir ganhas fora 4-0. Já vi aqui resultados desse género. 

Como é que surgiu o convite do Córdoba?

Surgiu através do meu empresário em colaboração com outro empresário espanhol. O que me levou a aceitar este desafio foi o facto de acompanhar a segunda Liga espanhola e perceber que era um campeonato muito disputado. Até ao final, há discussão por um lugar. A luta por um lugar no playoff, a luta pelos dois primeiros lugares que dão acesso direto ao primeiro escalão, a própria luta pela permanência. É de tal maneira equilibrado que a diferença de pontos é sempre reduzida.

Foi esse o desafio que me seduziu. Em Espanha, está o campeonato onde mais se gosta de jogar e de ter bola. Em termos técnicos, é dos melhores campeonatos. Entrando na segunda Liga e fazendo uma boa época, é uma porta ou uma janela que se pode abrir para a primeira Liga. De momento, o objetivo pessoal é ajudar a equipa a sair destes lugares que ninguém quer e obter uma posição mais tranquila.

O facto de ser uma experiência internacional também influenciou...

Sim, exato. Eu tinha outras propostas para fora. Mas, em Espanha, até pela cultura e pela proximidade de Portugal e de casa, que para mim tem alguma importância, e até a própria língua, que não é muito difícil de aprender. Foi isso que me levou a aceitar. Fora de Portugal era aquele país no qual me sentia mais à vontade. Foi por aí que também pensei. A não ser que fosse uma proposta financeiramente irrecusável... 

Falou-se numa suposta oferta do Steaua... 

Sim, lembro-me de ter ouvido falar sobre isso. Mas optei pelo que considerei ser a melhor opção.

A adaptação a um novo país foi difícil?

Nos primeiros 15 dias tive sorte, porque tive várias visitas. Amigos, família e namorada. Não passava mais de 15 dias sozinho, isso aí ajudou-me. Nos últimos tempos tenho sido eu a ir a Portugal. É algo que tem de ser gerido assim.

Estoril? Havia interesse, mas era uma questão negocial

Notícias ao MinutoJoão Afonso ao serviço do Estoril na época 2016/17© Global Imagens 

No ano passado esteve emprestado ao Estoril e acabou por ser um dos destaques da equipa da linha. Como descreve esse momento da carreira? 

Gostei muito de estar lá. Foi a primeira vez que joguei e que estava a viver com a minha namorada. Foi bom, estava mais próximo de casa [Castelo Branco]. Também tenho familiares em Lisboa e também levava os meus pais a ver quase todos os jogos do Estoril em casa. Esse foi um bom aspeto. O clube é muito organizado, humilde e, apesar de não ter muitos adeptos, aqueles que vão estão sempre a apoiar. E isso é de valor. O clube tem boas condições e não deixa que nos falta nada dentro das possibilidades.

E como tem visto a situação atual do Estoril?

Eu acredito que vão dar a volta. As coisas não estão a sair como eles desejavam.

Também perderam alguns jogadores importantes. O Mattheus Oliveira, por exemplo, saiu para o Sporting…

Sim, mesmo o Diogo, o Afonso Taira… Grande parte dos titulares que acabaram a temporada passada saíram. Isso também ajuda a explicar um pouco [a má fase]. São rotinas que se perdem e custa, a quem chega de novo, adquiri-las e adaptar-se. Mas eu tenho acompanhado e não me parece que tenham feito um mau arranque. Perderam no Dragão, mas depois de ganharam ao Vitória em casa, ganharam em Tondela e a partir daí é que tem sido mais complicado. Mas isto são fases e eu acredito que eles vão dar a volta. Com a chegada do novo treinador, com novas ideias, espero que eles consigam sair desta situação.

Ainda se falou na possibilidade de ficar no Estoril…

Penso que havia interesse, mas era uma questão negocial e os clubes não chegaram a acordo.

Antes da chegada ao Estoril, temos de destacar aquele salto do Benfica de Castelo Branco diretamente para o Vitória SC. Como descreve essa mudança radical? 

Senti-me muito feliz quando aconteceu. E depois tive a sorte de encontrar um balneário espetacular e um clube que me soube orientar. Não fez com que fosse um choque enorme, tenho que agradecer aos meus colegas, ao clube, à equipa técnica, ao meu empresário e à minha família. Tive a sorte de ter um grupo de pessoas humildes e trabalhadores que, no fim, fizeram com que eu não sentisse um impacto tão grande.

Depois de duas boas épocas ao serviço do Vitória SC, o que falhou na terceira? 

No verão, na transição de uma época para a outra, fui operado e só comecei a temporada duas semanas depois. Estava com alguma falta de confiança e isso refletiu-se nos jogos treino. O míster tinha que tomar opções e os dois centrais que elegeu estavam melhores. Percebi que os dois estavam muito bem, houve a possibilidade de jogar com mais regularidade e aceitei o empréstimo ao Estoril. E ainda bem, porque correu bem.

Sente que tomou a decisão certa?

Sim, acredito que sim. 

Foi Rui Vitória quem apostou em mim

Notícias ao MinutoJoão Afonso com a camisola do Vitória Sport Clube na época 2015/16© Global Imagens

Cruzou-se com o Rui Vitória em Guimarães. Pensou que, um dia mais tarde, chegasse ao comando técnico do Benfica?

Fazer esse tipo de previsões não é uma coisa fácil. Para esses lugares [dos clubes grandes] há muitos candidatos, mas sendo o míster Rui Vitória uma das cartas em cima da mesa, foi uma boa opção.

Guarda alguma memória especial de Rui Vitória?

Lembro-me que era uma equipa técnica com boa disposição e que gostava de motivar muito os jogadores. E lembro-me que foi ele [Rui Vitória] que apostou em mim na I Liga e essa é a melhor recordação que posso ter dele.

No ano seguinte chegou Sérgio Conceição. Diz-se que é um treinador que vive muito o jogo. Nos treinos também é assim?

Sim, claro! O treino, com ele, é para ser levado com a mesma exigência de um jogo.

É um treinador exigente mas com uma relação próxima com os jogadores?

É um treinador de rigor e tem a sua relação com os jogadores. Não é uma relação de amizade e de proximidade, talvez como alguns treinadores têm, mas é uma relação profissional. Claro que chama a atenção quando tem de chamar, e elogia quando tem de elogiar. Acima de tudo é profissional e rigoroso. 

O Vitória também não está a atravessar uma fase fácil…

Eu acredito que eles vão dar a volta. Têm excelentes jogadores, a direção tem feito um bom trabalho e também é uma fase. Uma fase que por vezes custa a passar, mas com toda certeza que irá ser ultrapassada. Mas ganharam agora ao Marselha, que era um jogo extremamente complicado, contra uma equipa boa da Liga francesa que também tem experiência. Foi uma vitória importante diante de um adversário importante e que pode dar ânimo para o que se segue.

E os adeptos do Vitória? Há quem diga que são especiais

Eles são doentes, no bom sentido! (risos) Só veem o Vitória e nada mais, isso é de louvar. Tirando os ditos três grandes, não há outro clube em Portugal com as características do Vitória.

E na própria cidade de Guimarães também se vive muito ao clube?

Isso é certinho! Não há hipótese, não há outro clube sem ser o Vitória na cidade de Guimarães.

Tem 27 anos, quais os objetivos futuros?

Só posso pensar no futuro depois de a época terminar. E dependerá do que fizer na temporada e do nível que atingir. Depois posso ambicionar outras coisas, mas primeiro há uma época por jogar. Se não tiver rendimento no presente, não vão chegar coisas boas no futuro. Além disso, tenho contrato com o Vitória, até junho de 2019, portanto não convém estar a pensar nisso. Agora resta-me dar o meu melhor aqui no Córdoba e para o ano se o Vitória contar comigo lá estarei, com todo o gosto, para ajudar. 

Tem mestrado na área desportiva. Gostaria de ficar ligado ao futebol depois de terminar a carreira enquanto jogador, isto num exercício a longo prazo?

Gostava de manter-me ligado ao futebol. Treinador não digo… é um cargo ingrato no futebol. Mas gostava de fazer parte de uma equipa técnica, talvez como preparador físico ou algo do género.

Foi fácil conciliar concluir o mestrado ao mesmo tempo que jogava ao mais alto nível?

Foi. Também tive a ajuda dos professores que sempre me ajudaram naquilo que foi preciso para concluir a tese. Por email, por chamadas, sempre que ia a Castelo Branco faziam questão de ter um tempo para me orientar. Os treinadores do Vitória, naquela altura, também tinham formação académica e também me deram algum suporte. E além disso, como eu treinava uma vez por dia, na outra metade dava para conciliar facilmente. A parte presencial já tinha feito, faltava apenas concluir a tese.

Não sente pena de nunca ter sido chamado por Fernando Santos? Isto numa altura em que se fala tanto da falta de centrais portugueses...

Representar a seleção é um objetivo para qualquer jogador. O primeiro é chegar às ligas profissionais, e depois à seleção. Para mim, não é diferente. Mas o selecionador tem feito as suas escolhas e acho que tem elegido bem.

Quais os dois objetivos para o resto da temporada?

Jogar com regularidade e assegurar a permanência com o Córdoba.

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