Meteorologia

  • 19 MARçO 2024
Tempo
19º
MIN 12º MÁX 20º

"A equipa do Sporting foi montada para ser campeã europeia"

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Alex Merlim, bem disposto e sem filtros, deu a conhecer o seu percurso no mundo do futsal. Falou de títulos, tática, mas também sobre... o que mudaria na modalidade.

"A equipa do Sporting foi montada para ser campeã europeia"
Notícias ao Minuto

08:12 - 22/11/17 por Luís Alexandre

Desporto Alex Merlim

Com a inauguração do pavilhão João Rocha, o futsal passou a merecer ainda mais atenção dos fervorosos adeptos do Sporting. Isso e o significativo investimento que o clube tem feito no plantel, com a compra de grandes nomes da modalidade, como é o caso de Alex Merlim.

'Nascido' no futsal 'dançado' do Brasil e moldado pelo tático e rígido estilo de jogo italiano, o ala, chegado a Portugal em 2015, rapidamente se fixou como peça fundamental na equipa de Nuno Dias.

À entrada para a terceira temporada de leão ao peito, Merlim, que já leva oito troféus na conta pessoal, concedeu uma entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, onde abordou toda a sua caminhada pelo mundo do futsal.

Da escolha pela seleção italiana, ao invés da poderosa canarinha, às hipóteses do Sporting conquistar o tão aguardado 'caneco' da UEFA Futsal Cup, o jogador de 31 anos, já eleito um dos melhores do mundo, nada escondeu.

Saí jovem do Brasil e tive de batalhar muito e saber sofrer para conseguir ter sucesso em ItáliaNum país onde reina o futebol, como é que um jovem a viver no Brasil se interessa pelo futsal, que muitas vezes serviu de trampolim para jogadores como, por exemplo, Ronaldinho?

No Brasil nascemos a jogar futebol de 11 e futsal, mas, no meu caso, por volta dos meus 16/17 anos comecei por optar só e exclusivamente pelo futsal... Apaixonei-me por este desporto. Graças a Deus que hoje estou a ter frutos do meu trabalho.

Começaste a dar os primeiros passos no futsal brasileiro, no Bebedouro e no Santa Fé, e, em 2007, tiveste a oportunidade de rumar a Itália para representar o Augusta 1986. Como foi jogar na Europa?

Notei logo diferenças na cultura. Saí jovem do Brasil, tive de batalhar muito e saber sofrer para conseguir ter sucesso em Itália. Mas foi uma ótima experiência para mim, em termos de aprendizagem do futsal europeu.

Quais foram as maiores diferenças que sentiste entre o futsal canarinho e europeu?

Na Europa, o jogo é mais duro e extremamente tático, enquanto que no Brasil temos mais liberdade. A não ser isso, não senti grandes dificuldades de adaptação. Quando cheguei ao Augusta fui campeão de sub-21 e cheguei aos playoffs do campeonato com a equipa de séniores.

Em 2011, mudaste-te para o Luparense, uma das melhores equipas de Itália. Como foi trocar de um clube sem ambições de vencer títulos para outro em que todos os anos se é pressionado para ganhar?

O ano de 2011 mudou a minha carreira por completo. Fui para o melhor clube de Itália e um dos melhores da Europa, em que o plantel estava recheado de jogadores com muita qualidade e, acima de tudo, experiência. A equipa entra em todas as temporadas para ganhar tudo. Quem é que não gosta de jogar num emblema assim? Com todos estes fatores, tive uma pressão boa sobre mim e que me ajudou a crescer como atleta. Foram quatro anos maravilhosos, em que consegui conquistar tudo a nível nacional [duas Supertaças, dois campeonatos e uma Taça de Itália].

Até ao dia de hoje, não recebi qualquer telefonema da Federação brasileiraDepois de várias temporadas consistentes em território transalpino foste chamado à seleção italiana, isto apesar de teres nascido no Brasil. O que te levou a aceitar o convite?

Começo por dizer que, em 2008, fui convidado para jogar na seleção de Itália e, passados quatro anos, fui logo chamado para o Mundial da Tailândia [a equipa transalpina acabou a prova no terceiro lugar]. Contudo, até ao dia de hoje, não recebi qualquer telefonema da Federação brasileira, mas como sai muito novo do país [com 17 anos] é complicado arranjar um lugar na seleção. Quando fui convidado para representar a Itália, já tinha intenções de me naturalizar e fazer parte deste belo país.

Em 2015 assinaste pelo Sporting e, mal chegaste, conseguiste agarrar um lugar na equipa e tiveste um papel importante na conquista do campeonato nacional. Estavas à espera de ter sucesso imediato no clube?

Sempre que um jogador chega a uma nova equipa tem de demonstrar a sua qualidade, tem de esforçar-se para ter sucesso. Quando cheguei ao Sporting, na minha primeira entrevista, disse que tentaria vencer o maior número de títulos. Este clube não é diferente do Luparense. Aliás, até há maior pressão, porque tem uma equipa de futebol famosa, com uns adeptos fervorosos. Foi um desafio jogar no Sporting, não posso negar. Aqui não entras em campo para ser segundo, mas sim primeiro em todas as competições que disputas. No meu primeiro ano, ganhámos todas as competições internas… o que foi algo estranho (risos). Digo isto porque a equipa tinha recebido um grande número de reforços e conseguiu ganhar logo tudo. Vir para o Sporting foi uma das melhores decisões da minha carreira.

Quando aceitaste o convite da Liga portuguesa, o que estavas à espera de encontrar?

Eu já conhecia a Liga, principalmente o Sporting, o Benfica, o Sporting de Braga e até o Fundão – tive um amigo que lá esteve a jogar um tempo. Todavia, tenho de assumir que o campeonato italiano é mais disputado. É mais equilibrado, tem cinco/seis equipas que lutam pelo título. Em Portugal é diferente, a luta pertence a Sporting, Benfica ou, por vezes, ao Sporting de Braga, mas não deixa de ser um campeonato muito bom e onde gosto de jogar. Acho que o jogador português é muito bom taticamente e percebe da modalidade. Prova disso é o Modicus. Jogámos com eles e reparámos que maior parte da equipa é composta por jovens portugueses e demonstraram muita qualidade.

Em Portugal, existe uma grande rivalidade entre Sporting e Benfica. Como é que os atletas se preparam para esses jogos?

Esses jogos são mais fáceis de preparar, os jogadores estão mais motivados, concentrados e com vontade de jogar. Os dérbis serão sempre dérbis. Mesmo que estejam em jogo apenas três pontos, o clube tem sempre de vencer. Por exemplo, há jogos em que os atletas sentem que terão pela frente um adversário fácil e, por vezes, estão pouco motivados… algo que claramente não acontece nos dérbis.

No Sporting, temos de estar preparados para vencer tudo e este ano é igualNos últimos anos, Nuno Dias tem sido uma presença regular nos nomeados para o prémio de melhor treinador do Mundo. Como é trabalhar com ele?

É muito bom mesmo, é um treinador bastante inteligente e que me tem ajudado imenso nestes últimos anos. Melhorei muito graças a ele. Em termos de bolas paradas e a nível tático é excelente. Para além disso, o plantel é muito bom e não há egos dentro o balneário, o que facilita a vida ao treinador.

O que faz do técnico do Sporting um vencedor?

Para mim, a sua versatilidade a nível tático torna-o num grande técnico. Por exemplo, dependendo do adversário, o treinador muda todas as estratégias de jogo, desde as bolas paradas às saídas de pressão, o que torna a nossa equipa imprevisível. Outra coisa, quando estamos em campo e o jogo está a ser difícil, o Sporting consegue facilitar a partida através de um esquema tático.

Ao fim de dois anos no Sporting e seis títulos conquistados, quais são as ambições para esta temporada?

Como já referi, no Sporting temos de estar preparados para vencer tudo e este ano é igual. Esta temporada já conseguimos vencer a Supertaça e a Taça de Honra e é para continuar assim. Queremos ganhar a Taça da Liga, a Taça de Portugal, o campeonato e queremos chegar, sobretudo, à final da UEFA Futsal Cup.

A equipa já perdeu duas finais dessa competição... À terceira será de vez?

A equipa foi montada para ser campeã europeia. No ano passado perdemos a final, mas estamos de cabeça erguida para esta edição. Os objetivos passam por vencer todas as competições internas e chegar à final da UEFA Futsal Cup… mas, se lá chegarmos, com certeza que queremos ganhá-la.

O Sporting tem argumentos para se debater com clubes como Inter Movistar ou Barcelona?

Penso que sim. São adversários difíceis mas nós somos capazes de vencer. Na edição passada, batemos o Gazprom-Ugra Yugorsk, que era o detentor do título de campeão europeu e venceu o Inter Movistar na final. Já nesta pré-época enfrentámos o Inter e o Barcelona e conseguimos demonstrar a nossa qualidade.

O que faltou ao clube para, até agora, nunca ter conseguido vencer uma competição europeia?

Penso que, quando vencemos o Gazprom nas meias-finais do ano passado, fomos para a final com excesso de confiança e isso acabou por nos prejudicar. Quando colocámos o guarda-redes avançado para fazer o 5x4, as coisas não correram bem... Mesmo com uma derrota na final, a nossa equipa aprendeu muito com erros.

Como está a correr a adaptação à nova 'casa', o pavilhão João Rocha?

Está a ser maravilhoso. Desde que cheguei ao Sporting que existia este projeto e, quando nos estreámos, não podia ter sido de melhor maneira [vitória por 8-1, contra os Leões de Porto Salvo]. Agora estamos verdadeiramente em casa, sem dúvida alguma.

E como tem sido a adesão dos adeptos?

Em todos os jogos temos quase três mil adeptos no nosso pavilhão e isso é impressionante. Este apoio traz-nos imensa força e motivação… ninguém gosta de jogar num pavilhão vazio. Os adeptos têm sido tudo para o êxito da equipa.

Hoje em dia, não há seleções fáceis no futsalO Europeu 2018 está à porta. Vê Portugal como uma equipa capaz de vencer seleções como Espanha ou Rússia?

Tem qualidade para isso. Hoje em dia, não há seleções fáceis no futsal, as equipas são cada vez mais competitivas. O melhor exemplo foi a nossa derrota com o Egito no último Mundial. Ninguém acreditaria que Itália iria perder o jogo. Mesmo o Brasil já não é tão dominador como era antes, agora sente dificuldades com inúmeras seleções.

E a seleção favorita a vencer?

Para mim, a grande favorita é Espanha, a qualidade que têm demonstrado nos últimos anos coloca-os no topo.

Qual é para si o melhor jogador: Falcão ou Ricardinho?

Para mim é o Falcão, ele é uma lenda viva. O Ricardinho também é um jogador fora de série, um fenómeno, e, se continuar a jogar desta forma, tem muitas possibilidades de chegar onde o Falcão chegou.

Por fim, se tivesse a oportunidade de mudar uma regra no futsal, qual seria?

Se calhar mudava a regra do guarda-redes avançado. Há muitas equipas que o utilizam demasiadas vezes, fica um pouco chato para o adepto. Acredito que poderia haver uma regra que limitasse o 5x4. Por exemplo, poderia ser apenas usado nos últimos três minutos da partida.

Recomendados para si

;

Acompanhe as transmissões ao vivo da Primeira Liga, Liga Europa e Liga dos Campeões!

Obrigado por ter ativado as notificações do Desporto ao Minuto.

É um serviço gratuito, que pode sempre desativar.

Notícias ao Minuto Saber mais sobre notificações do browser

Campo obrigatório