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Benfica: A história do tetracampeonato contada em 36 parágrafos

Encarnados atingiram marca histórica, que outrora já tinha sido conquistada pelos rivais FC Porto e Sporting. Recorde a história de um feito que surge numa altura em que as águias chegam ao 36.º título da I Liga.

Benfica: A história do tetracampeonato contada em 36 parágrafos
Notícias ao Minuto

08:30 - 23/05/17 por Notícias Ao Minuto

Desporto Análise

A marca é histórica e ninguém o nega. O Benfica conquistou, esta temporada, o tão desejado tetra, ambição que há muito tempo era perseguida pelos encarnados. Quatro títulos consecutivos comprovam o domínio do Benfica, na I Liga, nas últimas quatro épocas, numa altura em que os rivais Sporting e FC Porto reataram relações. 

Um lugar na história

A conquista do tetracampeonato não é inédita em Portugal, uma vez que Sporting e FC Porto já o tinham conseguido. 

Ainda assim, Luís Filipe Vieira, durante os festejos, não deixou de admitir que tal feito era uma meta do clube que recentemente adoptou uma filosofia que passa por valorizar os jogadores formados na academia encarnada. 

Mas vamos por partes. De que forma é que este feito foi conseguido? Primeiro, pela maneira como Luís Filipe Vieira montou uma estrutura sobre a qual os dois treinadores que passaram pela Luz nos últimos quatro anos tiveram condições para se sagrar campeões. E, sobretudo, pela firmeza e confiança apresentada nas decisões tomadas.

Recorde-se que, no início de 2013/14 a permanência de Jorge Jesus foi contestada por conta da duas finais perdidas na Liga Europa. Ainda assim, o presidente encarnado não deixou cair o treinador e Jorge Jesus retribuiu com a conquista do bicampeoanto. 

Após dois anos de sucesso, Jorge Jesus e Luís Filipe Vieira colocam um ponto final na relação contratual, com o treinador a sair para o eterno rival Sporting. A mudança fez correr muita tinta na imprensa nacional - talvez uma das mudanças de treinador mais mediáticas de sempre - mas Luís Filipe Vieira não teve dúvidas em apostar em Rui Vitória. 

O até então treinador do V. Guimarães já tinha um título importante - uma Taça de Portugal conquistada, precisamente, frente ao Benfica de JJ - mas nunca tinha estado num clube com ambições focadas no título nacional. 

A chegada à Luz gerou desconfiança por entre os adeptos e o mau início da temporada 2015/16 - no qual perdeu a Supertaça para o Sporting de Jesus - avolumou as vozes críticas que se fizeram ouvir sobre a qualidade do treinador encarnado. Pelo meio, nota também para a troca de 'mimos' entre Rui Vitória e Jorge Jesus nas conferências de imprensa. Quem não se recorda das expressões 'Ferrari', 'cebolada' ou 'cérebro'? 

Ainda assim, o técnico de 47 anos continuou ao leme dos encarnados e conseguiria chegar à conquista do campeonato, deitando por terra a excelente campanha protagonizada pelo leões comandados por Jesus. 

Consolidado o tricampeonato, Rui Vitória não escondeu que o objetivo para 2016/2017 seria a revalidação do título, feito que proporcionava o então tetracampeoanto. 

No passado dia 13 de maio - data também marcada pela visita do Papa a Portugal e pela vitória inédita de Salvador Sobral na Eurovisão - o Benfica conquista o tetracampeoanto, depois de vencer e convencer diante do V. Guimarães (5-0) na Luz. 

Feito alcançado, feito partilhado 

O feito não pode deixar de ser associado aos dois treinadores. Com esquemas tácticos semelhantes, embora com nuances técnicas diferentes, Jorge Jesus e Rui Vitória conseguiram bater a concorrência e conseguir algo inédito na história do clube fundado em 1904. 

Tal noção pode não ser partilhada por grande parte dos adeptos encarnados, mas há quem não fuga à realidade dos factos. 

Toni, antigo jogador e treinador do Benfica, não tem dúvidas de que, de facto, o mérito não pretence a um só homem.

"Este ciclo de quatro conquistas poderão indiciar uma hegemonia, mas é preciso consolidá-la. Tudo isto é fruto da estabilidade diretiva que o Benfica alcançou há alguns anos a esta parte. As coisas não acontecem por acaso. Depois também a estabilidade que houve, no sentido em que a um treinador português seguiu-se outro treinador português. Portanto, em que o sistema e o modelo de jogo não foram alterados, apesar de algumas nuances. Uma estrutura que também vem melhorando para ser o suporte do futebol do Benfica. Da estratégia que o presidente Luís Filipe Vieira montou de um olhar diferente para a formação, daquele que existia os anos com Jorge Jesus. Mas sabendo que não é com a formação que se ganham campeonatos. O importante é desenvolver um trabalho que possibilite ter sempre qualidade na formação, porque Portugal é um país formado e exportador", afirmou o atual comentador, em declarações ao Desporto de Minuto, antes de prosseguir. 

"É esse conjunto de fatores que pode ajudar a que se consolide este ciclo vitorioso nestes quartos anos. O Benfica é um clube centenário, tal como o Sporting e o FC Porto, e que por isso e, até pela história que o Benfica tem, conseguir o alcançar o tetra foi um ato histórico no clube", reiterou. 

Por falar em factos, a realidade dos números traz bem patente que as conquistas tem sido fruto de batalhas intensas com os rivais de sempre. 

Época Treinador Pontos obtidos Distância pontual ao 2.º lugar
2016/2017 Rui Vitória  82 6 (FC Porto)
2015/2016 Rui Vitória 88 2 (Sporting
2014/2015 Jorge Jesus 85 3 (FC Porto)
2013/2014 Jorge Jesus 74 7 (Sporting)

Tal como Toni, Drulovic também sublinha que parte do mérito também terá de ser dado a Luís Filipe Vieira. 

"Acho que o Benfica tem estado bem nos últimos anos, com um equipa muito forte. Num clube muito bem dirigido por Luís Filipe Vieira, as conquistas do Benfica devem-se muito a ele, principalmente na recuperação do próprio clube. O tetracampeonato também tem muito mérito de Rui Vitória, que conseguiu lidar muito bem com a pressão que existia, tanto do Sporting, no ano passado, como a do FC Porto, este ano", começou por dizer, em declarações ao Desporto ao Minuto, antes de sublinhar que ninguém ganha apenas por obra do acaso.

"Tem de se dar mérito à equipa que ganha e o Benfica ganhou muito bem o campeonato. Rui Vitória optou, nos últimos jogos, pelos jogadores que já estão habituados a lidar com a pressão. O Benfica é tão grande como FC Porto e Sporting e só pode ganhar um. Acredito que no próximo ano vai ser uma luta muito grande entre os três", explicou. 

A formação, o factor que separa as duas realidades 

A mudança de paradigma do Benfica conta-se muito através da aposta contínua na prata da casa. Rui Vitória assumiu funções depois de jovens como João Cancelo e Bernardo Silva abandonarem a Luz sem grande sucesso na equipa principal das águias. 

O treinador, habituado a lidar com jogadores jovens como foi o caso do Guimarães, pegou em jogadores que estavam na equipa B e trouxe-os, de forma faseada, para o plantel principal.

Poderíamos dar o exemplo, mais que repetido e saturado, de Renato Sanches, mas a nossa escolha recai sobre Victor Lindelof. 

O sueco estava perdido na equipa B, onde muitas vezes até alinhava na posição de trinco ou de lateral direito, e fruto das lesões no eixo defensivo das águias, Rui Vitória não teve medo de lançá-lo para a alta competição. Resultado? Uma primeira época de grande nível e uma segunda sem o mesmo brilho, mas com a competência do costume. Atualmente é frequentemente associado ao Manchester United de José Mourinho, clube para o qual poderá deixar os encarnados no próximo verão. 

A aposta nos jovens da formação, foi, e ainda é, apontada como um dos motivos fortes que explica a 'separação' de Vieira e Jesus. 

Com Rui Vitória, as apostas nos jovens são regulares, sendo também claro o objetivo de tornar o Benfica num clube exportador de talento, o que também dará maior conforto económico ao emblema encarnado. 

Drulovic não deixa de elogiar a nova política dos encarnados, enaltecendo a opção da criação de um centro de estágios. 

"O Benfica já lançou vários jogadores jovens, com grande qualidade, e isso é mérito do próprio centro de estágio, e da aposta na camadas jovens. A prova disso é o trabalho realizado pela equipa B do Benfica, que é muito bem feito. É também uma rampa de lançamento para os jogadores chegarem à equipa principal", destacou, sem antes deixar de apostar que mais jovens de qualidade irão aparecer.

"O Benfica já lançou alguns jovens e, de certeza, que vai continuar a fazê-lo. Tem feito um bom trabalho, tem jogadores com grande talento. Porém, também tem a ver com a política do clube. Eu acredito que o Benfica irá manter a base na sua equipa principal, e lançar alguns jovens como Renato Sanches e Gonçalo Guedes", rematou. 

Por seu turno, Toni também elogia a opção do clube da Luz, mas lembra que uma equipa também precisa de jogadores mais experientes. 

"Pode-se ter uma equipa vitoriosa com jovens e com jogadores experientes. O importante é que haja um rumo. O Benfica durante anos foi navegação à vista. Só há uns anos é que o Benfica passou a ter um rumo e depois escolheu os homens certos para os lugares certos. Quando chega à hora da vitória e do sucesso, sabe-se que há dois homens que emergem. Um é o presidente, o outro é o treinador", explicou, sem deixar de recordar que o sucesso é fruto de um trabalho colectivo.

"O Rui Vitória merece muito mais elogios ao trabalho que tem feito. Mas claro que não há vitórias de um homem só. Há toda uma estrutura que proporciona, no final haja dividendos para treinador e presidente. Da mesma forma que aconteceria caso fosse por razões de insucesso", concluiu. 

Próximas épocas confirmarão hegemonia ou resposta dos rivais 

Atualmente torna-se complicado falar em hegemonia no futebol. Basta lembrar o mítico caso do Leicester, que contra tudo e contra todos, conquistou, em 2015/16, o título da Premier League, deixando para trás emblemas históricos como Manchester United, Chelsea, Liverpool ou Arsenal. 

É verdade que a realidade inglesa é bastante distinta do futebol português - nomeadamente ao que orçamento dos clubes diz respeito - mas ainda assim deixa um alerta importante: nada é conseguido sem esforço e dedicação.

A permanente conquista de títulos encarnados é também sinónimo de falta deles nos eternos rivais. Adeptos de FC Porto e Sporting anseiam por conquistas e por alegrias, e já relevam sinais claros de falta de paciência para com os treinadores, mas o Benfica não quererá deixar fugir a oportunidade de assinar o melhor período na história do clube. 

Estaremos cá para ver o que nos reserva a próxima temporada... e também para a analisar. 

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