Gedson Fernandes tem dado que falar ao serviço dos juniores encarnados e não só. Com apenas 18 anos, já foi, inclusive, chamado por Hélder Cristóvão para dar o seu contributo à equipa equipa B. Porém, não é de agora que o jovem jogador faz as delícias de quem o vê jogar futebol.

Desde os primeiros passos no desporto-rei que mostrou que tinha capacidade para fazer mais. Apenas com nove anos, chegou ao Sport Clube Frielas para treinar com uns chinelos, mas nem isso foi impedimento para mostrar que estava à altura do desafio.

"Era um miúdo que estava aqui todos os dias, vinha ver tanto os treinos dos seniores como dos juniores. Gostava muito de jogar à bola e passava o tempo todo aqui. Enquanto havia luzes acesas, ele ficava no ringue a jogar à bola", começou por contar Paulo Sérgio, presidente do Frielas, em entrevista ao Desporto ao Minuto.

"Ele era de famílias muito humildes e era muito bem educado. Sempre que chegava, cumprimentava toda a gente. Apareceu aqui de chinelos para jogar à bola. Tivemos de lhe comprar botas para ele jogar, equipamento, fatos de treino e até roupa", completou.

"O Benfica deu-nos 25 bolas e algum dinheiro"

Apoiado e acarinhado por todos, Gedson aproveitou a oportunidade que teve para mostrar aquilo que era capaz. E não foi preciso muito para chamar à atenção de clubes de grande dimensão. No entanto, não foi uma passo fácil de dar.

"Tanto Sporting como Benfica enviaram-nos e-mails para ele ir lá treinar, mas a diferença é que o Benfica mandou cá um dirigente falar connosco. O Sporting estava à espera que acabasse a época para ele ir de borla", contou.

"Ele não queria sair do Frielas para o Benfica, tal como a mãe também não queria. Eu tive de lhes explicar que ele estava a ter uma oportunidade única. Pusemo-lo à vontade, porque ele tinha medo de ir para o Benfica, não se adaptar e depois não poder voltar para o Frielas.O Benfica deu-nos 25 bolas, algum dinheiro (250€) e camisolas. Garantiu-nos ainda uma presença num torneio no nosso campo", prosseguiu.

"Eu jogo mas não marco golos"

Gedson sempre mostrou vontade de jogar e de ajudar a equipa a chegar mais longe, independentemente do resultado, mesmo se fosse preciso...não marcar golos.

"Ele ficava de fora algum tempo mas, muitas vezes, os colegas que entravam para o lugar dele não marcava golos. Ele só queria mesmo jogar e numa das vezes até prometeu ao treinador que não marcava para poder continuar a jogar: ‘Eu jogo mas não marco golos, mister'", contou Paulo Sérgio.

Começou como avançado, mas no Benfica passou a jogar a médio, uma posição que tem vindo a consolidar e desenvolver. Uma adaptação que não surpreende André Gomes, treinador de Gedson no Frielas.

"Assim que chegou percebemos que havia ali qualquer coisa de extraordinário. Sempre foi muito humilde, muito trabalhador e muito amigo dos colegas. Jogava onde era necessário e evidenciava-se em qualquer sítio do campo”, disse, em entrevista ao Desporto ao Minuto, revelando ainda as expetativas para o futuro.

"Se não fosse ainda a falta de experiência dele, que ainda é muito novo, talvez pudesse chegar à equipa principal num tempo muito próximo. Mas creio que dentro em breve ele estará lá em cima", prevê.

E Gedson já está a trabalhar para isso. Aos 18 anos e ao serviço dos juniores encarnados, o jovem atleta já foi chamado por sete vezes para representar a equipa B, orientada por Hélder Cristóvão.

Para além do encontro com o Penafiel - em que jogou os 90 minutos - e com o Sporting da Covilhã - saiu na segunda parte -, Gedson foi suplente utilizado nos restantes cinco encontros.