A Roménia nunca foi um país exportador de grandes craques da bola. No entanto, houve quem se destacasse como Gica Hagi e houve quem prometesse tanto mas que acabasse envolvido em escândalos que em nada tem a ver com o futebol: sexo, drogas e máfia. Falamos de Adrian Mutu, pois claro.
O início do sonho...
Há muito por contar mas o melhor é recuar até ao início de tudo. Começou a carreira no FC Arges Pitesti, clube no qual marcou 13 golos em 20 jogos. Os números convenceram o Dínamo Buscaret que contratou Mutu e onde o internacional romeno ganhou o campeonato e a taça em 1999.
Na temporada seguinte transferiu-se para os italianos do Inter onde desiludiu por completo. Apenas com 10 jogos, foi vendido ao Hellas Verona. Voltou à melhor forma, brilhou e mudou-se para o Chelsea em 2003.
Os primeiros tempos em Stamford Bridge não poderiam ser melhores. Quatro golos em três golos com a camisola dos azuis de Londres prometiam tanto mas eis que faltava algo à sua carreira: regularidade.
... que depressa se tornou num pesadelo
A vida nocturna de Mutu começou a incomodar os treinadores do Chelsea, primeiro com o italiano Claudio Ranieri e depois, em 2004, com José Mourinho.
Ano esse que foi negro para a carreira de um jogador romeno que tinha tanto para dar ao futebol. Foi apanhado a fumar, obrigado a fazer controlos antidoping e eis que apareceu o resultado positivo por consumo de cocaína.
Mutu reconheceu que consumia tal substância com o intuito de melhorar o desempenho sexual. Na altura, o antigo avançado andava sempre envolvido com atrizes porno em Londres. A imprensa não largava Mutu e o romeno também não dificultava o trabalho dos jornalistas.
No entanto, este argumento utilizado por Mutu acabou por não convencer os responsáveis do Chelsea que acabaram por despedi-lo dos blues de forma muito mediática em outubro de 2004.
Além disso, foi ainda castigado pela Federação Inglesa com uma multa de 25 mil euros e de sete meses de suspensão. Anos mais tarde acabaria por reconhecer que esteve quase a agredir José Mourinho.
Depois do despedimento, mais um revés na vida de Mutu. Chega o divórcio e um escândalo sexual. Desta vez, com um atriz porno romena onde desempenhou o papel de protagonista involuntariamente. A atriz decidiu fazer uma compilação dos seus affairs onde Mutu era o mais mediático.
O ano da redenção falhada
Depois de um ano de 2004 para esquecer, Mutu entra no novo ano pela porta da Juventus, apesar de não poder jogar até final de maio por conta do castigo que tinha de cumprir.
Na época seguinte, Mutu começava a voltar à melhor forma. Sete golos em 20 jogos formavam um registo razoável que garantia um lugar no plantel da Juve.
No entanto, surge novo escândalo em Itália. Desta feita sem a intervenção direta de Mutu. A Juventus foi condenada a descer de divisão por viciação de resultados e Mutu viu-se obrigado a mudar para a Fiorentina, onde contabilizou 70 golos em 143 jogos.
Tudo parecia melhorar, mas o vício falou novamente mais alto. Mais um controlo antidoping, novo resultado positivo. Mutu, em janeiro de 2010, acusava assim consumo de sibutramina. Mais seis meses de suspensão e novo despedimento na carreira do Mutu.
Das palavras aos atos
Foi também em 2010 que Mutu foi a cara de um novo escândalo extra futebol. O romeno faz correr muita tinta pela imprensa internacional depois de agredir um empregado de bar em Florença. O motivo? A vítima exigiu o pagamento das bebidas consumidas por Mutu e pelas suas companheiras, algo que iniciou alegadamente uma troca de argumentos. O resultado? O empregado sofreu uma fratura no septo nasal que o obrigou a um mês de recuperação.
Em 2011, Mutu volta a fazer manchetes em Itália. Em causa estava a estranha relação que mantinha com um mafioso romano. O Serviço de Informação Romeno gravou uma conversa telefónica entre o avançado e o Nuredin Beinur.
As investigações prosseguiram e demonstraram que Beinur era procurado por corrupção e suborno. Beinur pagava as dívidas de Mutu e em troca usava a sua imagem para fazer dinheiro.
Finalmente o sossego
Retirou-se em 2016 e atualmente assume funções como diretor geral do Dínamo Bucarest. Está casado e será pai ainda este mês. Dizem, talvez os mais otimistas, que agora leva uma vida mais resguardada e sossegada.
Para trás ficam as saudades do tempo em que brilhava somente dentro de campo. Na memória, fica a sensação de que Mutu poderia ser muito mais daquilo que realmente foi. Há bons e maus caminhos. Há boas e más escolhas. A vida é feita de opções. As opções de Mutu foram sempre erradas. Mas nunca é tarde para mudar.