Júnior Caiçara é um velho conhecido da Liga portuguesa, tendo representado as cores do Gil Vicente durante duas temporadas,entre 2010 e 2012. Mais tarde, trocou o emblema gilista pelos búlgaros do Ludogorets Razgrad, conquistando uma mão cheia de troféus.
No entanto, foi no Schalke 04 onde começou a ganhar estatuto de estrela, até que a mudança de treinador acabou por atirá-lo para o banco de suplentes.
Hoje em dia, é jogador do Basaksehir, equipa-sensação do campeonato turco que está a lutar pelo título taco-a-taco com o campeão em título Besiktas, onde alinha o internacional português Ricardo Quaresma.
Numa entrevista concedida ao Desporto ao Minuto, o lateral canarinho recordou alguns momentos marcantes que viveu ao longo da sua carreira e contou-nos como tem sido a sua vida na Turquia.
Não esperava chegar e lutar pelo campeonato turcoAntes de mais, como tem sido este primeiro ano ao serviço do Basaksehir?
A minha estadia na Turquia tem sido muito boa. Istambul é uma cidade maravilhosa, um bocadinho de trânsito, mas nada de mais (risos). Fico mesmo agradecido pela oportunidade que o clube me deu.
Estava à espera de chegar à Liga turca e estar por esta altura a lutar pelo campeonato?
Não estava à espera de chegar e estar a lutar pelo campeonato turco, mas verdade seja dita, eu já cheguei ao clube com as coisas encaminhadas, sabendo que o objetivo do Basaksehir é pensar jogo a jogo e não entrar em euforias.
E porquê o Basaksehir e não outro clube?
Estava no Schalke 04 e não estava a ser aproveitado e queria jogar mais tempo. Entretanto recebi uma proposta do Basaksehir e do Granada, contudo não hesitei em rumar à Turquia. O Basakehir é um clube com uma excelente estrutura que está a lutar pelo campeonato e, para além disso, está muito perto de garantir um lugar na Liga dos Campeões na próxima temporada. Razões que aliciam qualquer jogador.
Tem sentido dificuldades com a língua turca?
É uma língua muito difícil, até ao momento ainda não sei muita coisa, apenas o básico para conseguir comunicar com os meus colegas dentro de campo. Porém tenho sorte em ter um excelente tradutor, que fala muito bem português e está sempre ao nosso lado, o que ajuda a quebrar a barreira linguística.
Hulk estava no seu pico de forma e era mesmo um carga de trabalhos pará-lo
Antes de passar pela Bulgária, Alemanha e Turquia esteve ao serviço do Gil Vicente por duas épocas. Como foram esses dois anos?
A minha aventura no Gil Vicente foi fantástica, foi o clube que me projetou para a Europa. Nos dois anos em que lá estive, consegui destacar-me numa boa equipa. Acima de tudo, tenho de agradecer a toda a gente do Gil Vicente pela oportunidade que me foi dada. Eu aprendi muito naquele clube.
Qual foi o momento mais marcante na Liga portuguesa?
Eu não tive apenas um momento marcante mas sim dois. O primeiro foi quando subimos de divisão [em 2011], algo que ninguém esperava, éramos uma equipa com muitos jogadores emprestados mas conseguimos um feito importante. O segundo foi quando chegámos à final da Taça da Liga, diante do Benfica, apesar de termos perdido [por 2-1] foi uma experiência muito positiva.
O campeonato português é conhecido por ter extremos muito rápidos, qual foi para si o jogador que lhe causou mais dificuldades?
Naquela altura foi o Hulk, do FC Porto, e o Salvio, do Benfica, mas também tenho de destacar o Varela que também me trouxe complicações. Contudo, o Hulk estava no seu pico de forma e era mesmo uma carga de trabalho pará-lo (risos).
E na Liga turca?
Foi sem dúvida o Bruma [Galatasaray], um jogador muito rápido e com bastante técnica, no entanto, conseguimos bloqueá-lo durante a partida e conquistar um triunfo importante. Mas não foi só o Bruma, também houve outros jogadores difíceis de defender, não sei é ainda o nome deles (risos).
Que diferenças encontrou entre os dois campeonatos encontrou?
Para ser sincero não encontrei grandes diferenças, pelo que eu vejo, aqui [na Turquia] temos quatro equipas grandes e o resto são clubes mais pequenos, tal como acontece em Portugal [Sporting, Benfica, FC Porto e Sp. Braga]. No entanto, tenho de referir que quando jogava no Gil Vicente tinha mais liberdade para atacar e aqui, no Basaksehir, o treinador prefere que defenda mais.
Ouvia-se falar que FC Porto, Benfica e Sporting estavam interessados em mimDepois de sair do Gil Vicente ingressou no Ludogorets. Como foi essa transição?
Para a Bulgária, fui um pouco com o pé atrás porque não conhecia o campeonato. Na altura, o Gil Vicente queria renovar comigo, ouvia-se falar que o FC Porto, Benfica e Sporting estavam interessados em mim e eu tive na dúvida se aceitava ou não a proposta do Ludogorets. Acabei por escolher a Bulgária e acabei por ser bastante feliz, onde ganhei vários títulos, disputei a Liga dos Campeões e a Liga Europa… Tudo o que um jogador deseja para a sua carreira de futebolista.
Mais tarde trocou a Bulgária pela Alemanha, tendo sido um jogador importante na primeira temporada, ao serviço do Schalke 04. No entanto, na segunda época, a história foi diferente. Encontra alguma razão para ter disputado apenas nove jogos em 18 possíveis?
Eu pergunto-me até hoje o que é que aconteceu. No primeiro ano fiz 32 jogos ao serviço do Schalke 04, chegando mesmo a despertar o interesse do Bayern Munique, que na altura reuniu com o meu empresário…. No entanto, de uma época para a outra, fiz apenas nove jogos em seis meses. Aliás, alguns jornalistas na Alemanha chegavam a perguntar-me regularmente por que razão é que eu não jogava. A única reposta que obtive foi que com a mudança da direção e do treinador deixei de fazer parte dos planos do clube.
Depois de ter passado por vários clubes europeus e ter conquistado títulos importantes, o que ainda falta fazer na sua carreira?
Eu já cheguei onde qualquer jogador deseja chegar… Representei clubes importantes e ganhei títulos. Contudo, gostaria de um dia representar a seleção brasileira mas é muito complicado chegar lá.