Análise: O FC Porto carimbou esta quarta-feira o apuramento aos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Os dragões derrotaram um Leicester (5-0) que apresentou uma equipa em gestão onde faltou a criatividade das estrelas que ficaram em Inglaterra. Os golos de André Silva, Corona e Brahimi na primeira parte acabariam por confirmar desde cedo o acesso portista à fase seguinte da liga milionária.

Nuno Espírito Santo apostou na titularidade de Brahimi para colmatar a ausência do lesionado Otávio. O extremo argelino respondeu com nota positiva numa primeira parte onde dividiu protagonismo com Corona no que diz respeito à criatividade azul e branca.

O internacional mexicano apareceu no Dragão em alta rotação, sendo uma dor de cabeça constante para a defesa inglesa. Ora a fazer diagnoais para o centro, ora a dar largura ao jogo portista, Corona assumiu-se como a melhor unidade em campo numa primeira parte onde teve tempo de assinar o melhor golo da partida.

Por seu turno, o Leicester pareceu estar a disputar um jogo amigável apresentando uma fraca produção ofensiva, tendo em conta que em causa estava um jogo da maior prova europeia de futebol.

Os comandados de Claudio Ranieri não efetuaram um único remate à baliza de Iker Casillas durante 45 minutos, sendo o guardião espanhol um mero espetador. A posse de bola de 68% no final da primeira parte também demonstrava bem o total domínio dos dragões.

A segunda parte iniciou-se com as mexidas de Ranieri que não ignorava a fraca exibição do Leicester. Albrighton  e Ulloa entravam com claras indicações de criarem dificuldades a Casillas. Os ingleses entraram ligeiramente melhor perante um FC Porto que pareceu mais apostado em gerir a vantagem alcançada na primeira metade do jogo.

A formação orientada por Nuno Espírito Santo apareceu na segunda parte mais tranquila e com os suspeitos.. da primeira parte. No entanto, notou-se uma clara tendência de Brahimi em fletir mais para terrenos centrais ao passo que Corona tentava criar perigo através de ações junto da linha lateral. 

O 4-0 do FC Porto surgiu na conversão de uma grande penalidade. André Silva, que havia falhado um penálti frente ao Sp. Braga, não acusou a pressão e bisou na partida. O golo também deu total tranquilidade aos adeptos dos dragões. Ainda antes dos últimos dez minutos, Jota faria o último golo dos dragões culminado da melhor maneira a exibição mais conseguida da época. 

André abriu a noite de gala onde Corona e Brahimi foram os mágicos de serviço

A primeira parte do FC Porto terá sido a mais bem conseguida esta temporada. Os azuis e brancos já tinham assinados bons primeiros tempos frente ao Benfica e ao Sp. Braga, também no Dragão, mas esta quarta-feira conseguiram combinar um nível exibicional elevado com uma eficácia assinalável. Os homens em destaque, são naturalmente os marcadores dos tentos que estiveram imparáveis.

A inclusão de Brahimi trouxe outra dinâmica à manobra ofensiva do FC Porto, ainda que por vezes o argelino se agarre demasiado ao esférico. Do outro lado estava um Corona absolutamente endiabrado, sendo uma autêntica seta apontada à baliza dos ingleses.

André Silva regressou aos golos logo com um bis, acabando com um jejum de golos que já vinha desde do início de dezembro.

Leicester veio ao Porto cumprir calendário 

O lado negativo de se assegurar a passagem à fase seguinte de uma prova europeia prematuramente reside no facto dos clubes olharem para os jogos que faltam como mera tarefa de calendário. Com o jogo com o Manchester City no horizonte, Ranieri deixou jogadores como Vardy, Mahrez ou Slimani em Inglaterra, acabando por ter deixado também a criatividade em terras de sua majestade.

Momento do jogo: Minuto 44. Grande momento de futebol. A jogada de envolvimento do FC Porto acabou da melhor maneira com o calcanhar de Brahimi. Uma prova de sentido colectivo numa equipa que tinha estado cinco jogos consecutivos sem marcar. 

Onze do FC Porto: Casillas; Maxi, Felipe, Marcano e Alex Telles; Danilo, Corona, Óliver e Brahimi; Diogo Jota e André Silva.

Suplentes: José Sá, Boly, Miguel Layún, Rúben Neves, Evandro, Herrera, Rui Pedro.

Onze do Leicester: Ben Hamer; Luis Hernandez, Wasilewski, Wes Morgan e Ben Chilwell; Mendy e Drinkwater; Gray e Schlupp; Musa e Okazaki.

Suplentes: Zieler, Albrighton, Amartey, Danny Simpson, Ulloa, Fuchs e Harvey Barnes.

Antevisão: O FC Porto recebe esta quarta-feira os ingleses do Leicester, num jogo que pode ser decisivo nas contas do grupo G. Os dragões estão em segundo lugar e dependem de si próprios para carimbar a passagem aos oitavos-de-final da Champions mas não podem perder, no caso do Copenhaga derrotar o Brugge.

Na conferência de imprensa de antevisão ao jogo, Nuno Espírito Santo afirmou que não prevê facilidades por parte do Leicester, apesar do campeão inglês estar já apurado. O técnico portista espera “dar o último passo no caminho” com vista a qualificação para os 'oitavos' da prova milionária.

Também Iker Casillas marcou presença na conferência e enalteceu que o mérito dos dragões estarem há 480 minutos sem sofrer qualquer golo é de toda a equipa. O guardião espanhol afirmou mesmo que esta temporada os azuis e brancos tem apresentado uma consistência defensiva que não foi vista na época passada.

Por seu turno o Leicester orientado por Claudio Ranieri vem ao Dragão sem as suas principais estrelas. Mahrez, Vardy e Slimani ficaram em Inglaterra e não serão opção para o embate frente aos portistas.

No entanto, o técnico italiano promete um “jogo espetacular”. Ranieri recordou algumas conversas com o ex-jogador portista Ricardo Carvalho para sublinhar o respeito que tem pelo FC Porto: “O Ricardo sempre me disse quer era um clube fantástico, bem organizado e fortíssimo em casa. É isto que espero.”

O jogo terá início a partir das 19h45 e será arbitrado por Felix Zwayer.