Análise: Foram precisos mais de 520 (sim, leu bem, 520) minutos para o FC Porto colocar ponto final numa seca de golos que durava desde o empate com o Benfica. Frente a um Sporting de Braga que jogou perto de uma hora reduzido a dez jogadores, os dragões tiveram de esperar pelos 90+5' para quebrar o enguiço.

Apesar das várias oportunidades de que dispôs ao longo dos 90 minutos, os dragões não foram capazes de encontrar o caminho para a baliza. Foi então que Rui Pedro, o menino de 18 anos, saltou do banco para dar a vitória que permite aos azuis e brancos encurtar para quatro pontos a distância para o líder Benfica.

Golo, um oásis que no Dragão adquiria tons de miragem

Este FC Porto é um caso de estudo. Foi incrível a quantidade de oportunidades gritantes que os dragões somaram no primeiro tempo, sendo a mais óbvia a grande penalidade de André Silva, que foi travada por Marafona.

Longe de fazer uma exibição de gala, o conjunto orientado por Nuno Espírito Santo criou chances de sobra , nos primeiros 45 minutos, mas a bola não entrou de maneira nenhuma. Logo aos 20 minutos, Diogo Jota, com a baliza escancarada, atirou por cima. Seguiram-se falhanços de Óliver, André Silva (mais do que uma vez), e, mesmo em cima do intervalo, Danilo viu o poste tirar-lhe o golo.

Do outro lado, o Sporting de Braga, que apostou nas transições rápidas para tentar chegar à grande área adversária, pouco ou nenhum perigo criou. Tirando um curto espaço de tempo, que antecedeu a expulsão de Artur Jorge, no lance da grande penalidade, os arsenalistas praticamente nem conseguiram sair do próprio meio-campo com qualidade.

Se, na grande área bracarense, foi um constante ‘ai Jesus’, na área portista foi quase como que uma calmaria total. Com exceção de uma ou outra saída dos postes, Iker Casillas não teve de se aplicar para travar qualquer investida. Se há jogo em que Nuno Espírito Santo se pode queixar da sorte, foi este mesmo, até porque, como se já não bastasse, viu Otávio sair lesionado pouco antes da saída para o intervalo.

Aos 18 anos, Rui Pedro vestiu capa de herói e salvou a noite

Com a lesão do brasileiro, Nuno Espírito Santo viu-se obrigado a chamar Brahimi, decisão que mereceu grande ovação por parte do exigente tribunal do Dragão. E, assim que começou a segunda parte, percebeu-se o porquê.

Na primeira vez que pegou na bola, o internacional argelino inventou um remate quando tal parecia impensável, que por pouco não encontrou o caminho para o fundo das redes defendidas por Marafona.

No entanto, a alteração mais impactante promovida pelo técnico acabou por ocorrer aos 75 minutos, quando, no desespero de regressar aos golos, retirou Miguel Layún e fez entrar Rui Pedro, menino de apenas 18 anos que nunca tinha disputado um único minuto na I Liga.

No entanto, o avançado mostrou mais calma do que todos os outros e, já cinco minutos após os 90, conseguiu, por fim, fazer com que a bola ultrapassasse Marafona e beijasse as redes adversárias.

O Dragão explodiu de alegria. Para trás ficaram as oportunidades desperdiçadas, os casos de arbitragem... Tudo graças a esta jovem promessa que promete dar muito que falar num futuro próximo.

Com este suado triunfo, os dragões ultrapassam o Sporting de Braga no terceiro lugar da I Liga e aproveitam da melhor maneira o escorregão do Benfica na Madeira para ficar a quatro pontos da liderança. Acima de tudo, Nuno Espírito Santo recebe aquele que pode vir a ser um importante balão de oxigénio.

Momento do jogo: O golo de Rui Pedro pode ser o pesadelo de qualquer jornalista, já que implica mandar fora toda uma crónica que estava prestes a ser publicada, mas, acima de tudo, é um momento notável. Em plena crise portista, o avançado de apenas 18 anos teve o discernimento de respirar fundo e marcar um golo no último suspiro de uma partida que parecia teimar em não se resolver. Será este o ponto de viragem pelo qual Nuno Espírito Santo aguardava?

-------------------------------------------------

Onze do FC Porto: Casillas; Maxi Pereira, Felipe, Marcano, Layún; Danilo Pereira, Óliver Torres, Corona, Otávio; Diogo Jota e André Silva.

Onze do Sporting de Braga: Marafona; Baiano, André Pinto, Artur Jorge, Goiano; Xeka, Vukcevic, Ricardo Horta, Wilson Eduardo; Hassan e Stojiljkovic.

Antevisão: Num outono tão chuvoso como aquele que se tem vivido na reta final de 2016, Nuno Espírito Santo está proibido de voltar a meter água para manter intactas as esperanças de regressar aos títulos.

O FC Porto, que vem de cinco empates consecutivos – quatro dos quais sem qualquer golo marcado – recebe, este sábado, um Sporting de Braga comandado por José Peseiro apostado em fazer esquecer a atribulada passagem pelo Dragão.

Os dragões chegam à 12.ª jornada com 22 pontos, menos um do que os arsenalistas e apenas mais dois do que o Vitória de Guimarães, o que significa que, em caso de derrota, poderá mesmo cair para o quinto lugar.

No sentido inverso, caso os azuis e brancos conquistem os três pontos, veem a diferença para o líder Benfica – que ontem perdeu no renovado reduto do Marítimo – diminuir para cinco pontos, a uma semana do dérbi lisboeta.

Nuno Espírito Santo terá ao seu dispor todo o plantel portista, incluindo Miguel Layún, que recuperou de uma tendinite, e Boly, que falhou o encontro com o Belenenses, para a Taça da Liga, devido à morte do pai. Destaque, ainda, para a chamada do ‘menino’ Rui Pedro, que se estreou na última partida.

O FC Porto-Sporting de Braga tem início às 20h30 e pode segui-lo, em direto, no Desporto ao Minuto.