Análise: Parece não ter fim o pesadelo pelo qual o Sporting se encontra a passar. Depois dos empates com Vitória de Guimarães e Tondela, agora foi a vez da equipa de Jorge Jesus ‘encostar’ frente ao Nacional da Madeira.

Os efeitos na tabela classificativa são imediatos e simultaneamente ‘assustadores’: São já sete pontos de distância para o Benfica, que, horas antes, bateu o Paços de Ferreira por 3-0.

Jorge Jesus voltou a ‘baralhar’ e aproximou-se da receita ideal

O Sporting entrou muito bem no jogo, mandão, a procurar não deixar que a ansiedade tomasse conta da equipa, especialmente após a vitória do Benfica, que deixava a liderança da I Liga a uns distantes oito pontos.

O Nacional, completamente perdido entre tamanho ‘vendaval’ ofensivo, perdia bolas atrás de bolas, deixando no ar a sensação de que o golo ‘leonino’ surgiria mais cedo ou mais tarde. E podia ter surgido logo aos oito minutos de jogo. Rui Correia agarrou Coates de forma ostensiva na grande área e Vasco Santos não pensou duas vezes antes de apontar para a marca dos onze metros.

William Carvalho tinha, nos pés, oportunidade soberana para abrir o marcador… e falhou. O internacional português bateu a bola de forma bastante denunciada, permitindo a Rui Silva uma defesa de baixo grau de dificuldade.

Ainda assim, o Sporting não baixou os braços, e, à medida que os minutos foram passando, foi ficando cada vez mais claro que esta máquina de Jorge Jesus está cada vez mais próxima de atingir aquilo que o técnico anseia.

Bruno César rendeu Elias e deu à equipa a velocidade na circulação da bola que o ex-Corinthians nunca foi capaz de dar. Lazar Markovic começa a entender aquilo que lhe é pedido e foi um perigo à solta nas alas do ataque. Gelson, com o seu ‘gingar’ de menino, foi encarregue de avançar pelo centro. E Bas Dost é, cada vez mais, um… Slimani, sempre à procura de dar linhas de passes aos seus colegas e de ganhar nos duelos individuais.

Agra é Salvador, mas, entre ‘monstros’ não houve milagres

Do lado do Nacional, pouco ou nada se viu durante a primeira parte. A estratégia era óbvia até para o mais distraído: esticar o jogo em Salvador Agra e esperar que este tirasse um coelho da cartola. A receita até pode funcionar contra adversários mais frágeis, mas, com Coates e Rúben Semedo pela frente, o avançado pouco pôde fazer.

Agra viu-se sempre ‘engolido’ entre a dupla defensiva dos ‘leões’. Ainda assim, foi dele que saiu a primeira (e única) ocasião de golo do Nacional nos primeiros 45 minutos. O livre era bem longe da baliza, mas o avançado tentou a sua sorte, obrigando Rui Patrício a uma incrível estirada.

O Sporting saiu para o intervalo com um amargo de boca por não ter conseguido concretizar o total domínio em golos. Já o Nacional, aprendeu a lição e transformou-se na segunda parte.

Manuel Machado neutralizou o centro e virou o tabuleiro

O Sporting da segunda parte mais não foi do que uma tímida cópia daquele que se apresentou na primeira, muito por mérito de Manuel Machado. O técnico dos insulares percebeu que a principal fonte das suas dores de cabeça era a liberdade dada a William Carvalho e Bruno César e, sem mexer muito no jogo, corrigiu o que estava errado.

O duplo pivô defensivo do Nacional pressionou mais a dupla do meio-campo adversário, impedindo que variasse o centro de jogo com tanta facilidade e, a partir daí, o jogo ofensivo do Sporting ‘morreu’, enquanto que o da equipa da casa rejuvenesceu.

É verdade que os insulares não dispuseram de grandes oportunidades de golo, mas à passagem da hora de jogo, Ricardo Gomes podia ter feito o golo, com uma pequena ajuda de Rui Patrício. O guarda-redes hesitou na abordagem ao forte remate do avançado, comprometeu e a bola só não entrou porque a barra assim não o deixou.

Até ao final do jogo, houve tempo para um lance polémico na área do Nacional. Joel Campbell deixou a bola em Bruno César, que caiu após ser empurrado nas costas por Salvador Agra. Parece ter havido motivos para a marcação de grande penalidade, mas Vasco Santos nada marcou.

Sem golos de parte a parte, Sporting e Nacional levaram um ponto cada. O Sporting passa a somar 18 pontos, menos oito do que o líder Benfica e menos um do que o FC Porto, que, este sábado, defronta o Vitória de Setúbal.

Momento do jogo: É impossível prever o que poderia acontecer caso William Carvalho concretizasse a grande penalidade de que dispôs aos oito minutos, mas, a julgar pela forma como o Sporting se apresentou na primeira parte, é de acreditar que esta teria sido uma noite bem mais tranquila. O internacional português atirou para defesa fácil de Rui Silva e deu mais uma mostra da falta que faz Adrien Silva.

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Onze do Sporting: Rui Patrício; Marvin, Rúben Semedo, Coates, Schelotto; William, Bruno César; Bryan Ruiz, Gelson, Markovic e Bas Dost.

Onze do Nacional: Rui Silva; Víctor García, César, Rui Correia, Sequeira; Washington, Aly Ghazal, Tiago Rodrigues; Salvador Agra, Hamzaoui e Willyan

Antevisão: Dificilmente os adeptos ‘leoninos’ irão esquecer tão cedo a forma como o Sporting começou a perder o campeonato da última temporada. Até à 13ª temporada, tudo parecia correr às mil maravilhas, com uma vantagem de sete pontos para o Benfica.

Até que, à 14.ª jornada, ligeiramente antes do Natal, a equipa de Jorge Jesus foi à Madeira sofrer a primeira derrota da época para a I Liga, frente ao União da Madeira. A vantagem diminuiu para quatro pontos, depois para dois, e, em março, haveria de se dar a derradeira ultrapassagem que não mais viria a ser revertida.

Agora, o cenário é bem diferente. O Sporting manteve-se invicto até à quarta jornada, liderou a tabela, mas o ‘trambolhão’ deu-se bem mais cedo, em Vila do Conde. Desde então, os ‘leões’ não mais foram os mesmos.

Dos três jogos de então para cá realizados para a I Liga, frente a Estoril, Vitória de Guimarães e Tondela, apenas o primeiro terminou em vitória.

Se, no ano passado, o pesadelo começou na Madeira, agora, Jorge Jesus está obrigado a fazer da ilha um terreno paradisíaco que permita à sua equipa dar um pontapé na crise e não deixar fugir ainda mais o líder Benfica, que leva já cinco pontos de vantagem.

A seu favor, o Sporting conta com um historial positivo (ainda que não muito) na Choupana. Nos 22 jogos já lá disputados, os 'verde e brancos' somaram dez vitórias, contra apenas três do Nacional. Os restantes nove encontros terminaram empatados.

Para o importante jogo, o técnico deixou de fora o avançado André, que foi titular no empate com o Tondela. Para já, a grande dúvida permanece no homem que irá assumir a responsabilidade de substituir o capitão Adrien.

Elias tem sido o eleito, mas não tem correspondido às expetativas. A tal ponto que, na passada jornada, saiu ao intervalo para dar lugar a Bruno César.

O Nacional-Sporting tem início às 21h e pode segui-lo, em direto, no Desporto ao Minuto.