Depois de três temporadas sem vencer o campeonato, os adeptos do FC Porto, habituados nas últimas décadas a somar vitórias e troféus, tornaram-se durante as últimas temporadas uma espécie de nobres contestatários do mal-estar instalado.

Descontentes com a ausência de conquistas, mas, sobretudo, com o declínio exibicional que a equipa vinha demonstrando, os adeptos pediram o regresso do antigo ‘dragão’ e ele parece estar pronto a voltar a fumegar.

Chegado esta temporada ao FC Porto, Nuno interiorizou o espírito da mudança e, pouco a pouco, tem mostrado que, apesar de jovem, de inconstante, a sua equipa, os seus ‘meninos’ têm sede de vingar, de mostrar futebol…

Nos últimos quatro encontros assim tem sido. Obstáculo ultrapassado atrás de obstáculo ultrapassado, o FC Porto tem dado passos concretos para se afastar o estatuto de moribundo.

Taça, Liga dos Campeões e Liga, tudo somado, a equipa da cidade Invicta soma já 12 golos marcados e apenas 1 sofrido em quatro encontros. Está encontrado o antídoto?

Juventude foi segredo para desfazer o que a experiência teimava em perpetuar

Lançado como titular frente ao Nacional, Diogo Jota tem sido, inegavelmente, um dos pilares do sucesso recente de Espírito Santo. O jovem jogador, na estreia, apontou três golos e esteve apenas 73 minutos em campo.

Desde então, tem sido uma espécie de pronto socorro portista. Com ele em campo o FC Porto tem conseguido bons resultados, mas, acima de tudo, boas prestações.

Ontem, frente ao modesto Arouca, o menino emprestado pelo Atlético Madrid voltou a ser determinante. Com duas assistências – a primeira sublime para golo de André Silva, o filho de Massarelos voltou a ser talismã.

Brahimi, finalmente o grito da revolta?

Nuno Espírito Santo voltou a dar minutos ao argelino e Brahimi respondeu com golos, muita iniciativa individual e irreverência. Perto do minuto 90, depois de ter marcado, como que revoltado com o desdém pelo que já tinha construído e foi posto em causa, o argelino dirigiu-se aos adeptos e mandou-os calar.

O silêncio é, de facto, a melhor forma de apreciar a obra de arte que construiu, mas talvez o gesto demonstre mais do que a alegria de voltar a marcar – estreia na Liga – ele que, em tempos, foi a menina dos olhos de todos os treinadores portugueses pela sua capacidade de desequilibrar. O talento sempre esteve dentro dele, mas a vontade parecia ir e vir com a maré. Estará o mágico do norte de volta? O futebol português agradece que sim, mas vamos aos factos do jogo.

Quando se manda nos números …

O FC Porto dominou ontem em quase tudo o que foi estatística do jogo. Com 13 tentativas de golo contra quatro, com 65% de posse de bola, 45% em ataque, seis remates à baliza e nove cantos contra um, o ‘dragão’ foi dono e senhor da sua casa.

Para já, parecem, até discursivamente, estar com chip diferente, continuando Nuno Espírito Santo a mostrar que mais do que um projeto concluído este é um FC Porto em ascensão, a interiorizar antigas ideias e novos métodos.

No campo, a equipa está mais dinâmica, oleada, solidária, não se notando, tão agudamente as falhas e expondo, praticamente na sua integralidade, as suas mais-valias.

Ficamos à espera deste FC Porto em todas as jornadas, até porque, de moribundo, o clube da cidade Invicta já está à espera do Sporting no topo da Liga portuguesa, fazendo par com o Benfica, que joga esta tarde frente ao Belenenses.

FC Porto	vs.	Arouca
65%	Posse de bola	35%
24%	Ataque perigoso	10%
45%	Ataque	43%
30%	Bola segura	46%
13	Tentativas de golo	4
6	Remates à baliza	3
7	Remates fora	1
9	Cantos	1
10	Livres diretos	8
0/0	Cartões amarelos/vermelhos	1/0
7	Faltas	9