Análise: O Benfica abriu a quarta jornada da I Liga com uma vitória no terreno do Arouca, em partida que marcou a estreia de Rafa de águia ao peito e logo a titular. Nélson Semedo abriu o marcador logo aos 16 minutos e Lisandro López ampliou aos 51. Walter González ainda reduziu para a equipa da casa, aos 57 minutos.

Com este resultado, o Benfica salta, à condição, para a liderança da I Liga, com mais um ponto do que o Sporting, que entra em campo este sábado, frente ao Moreirense, em Alvalade.

O ‘menino 16,4 milhões’ mostra que tem asas para voar

Os ‘encarnados’ entraram bem na partida, com movimentos muito interessantes numa frente de ataque remodelada, face às lesões de Jonas, Mitroglou e Jiménez. Gonçalo Guedes e, principalmente, Rafa, mostraram serviço, provando a Rui Vitória que tem razões para estar tranquilo no que toca à qualidade das alternativas.

O ‘menino 16,4 milhões’, que tanta tinta fez correr ao longo do mercado de transferências, demonstrou que valeu toda a disputa de que foi alvo, não só pelos maiores clubes portugueses, como alguns tubarões europeus.

Nunca se escondendo do jogo, Rafa deu linhas de passe quando não tinha a bola e avançou em progressão e passou bem quando a tinha na sua posse. Grande exibição do internacional português, que em muito contribui para derrubar a autêntica floresta de pernas plantada por Lito Vidigal.

Defender com muitos não significa defender bem

Lito Vidigal já tinha avisado, na véspera, que não seria fácil bater o Benfica, mas a estratégia que montou para impedir que tal sucedesse mostrou-se manifestamente exagerada. O Arouca defendeu com tudo o que tinha e isso sempre se mostrou mais problemático do que qualquer outra coisa.

Se a atacar a equipa era uma nulidade, a defender parecia muitas vezes confusa na ocupação dos espaços, ‘rasgando-se’ com demasiada facilidade. Prova disso foi o golo inaugural da partida. Com um belo passe, Salvio encontrou Nélson Semedo. O Arouca, desesperado por cortar a bola de qualquer maneira, acabou por se envolver numa série de ressaltos, que terminaram com um toque do lateral para o fundo da baliza.

A partir daí, até à meia-hora de jogo, foi um autêntico massacre do Benfica, que só não se traduziu em golos graças a Rafael Bracali. Eventualmente, o clube da Luz tirou o pé do acelerador e permitiu ao Arouca respirar. A estratégia mudou significativamente, com uma aposta num jogo mais apoiado, mas os estragos já estavam feitos.

De susto em susto, até à vitória final

Na segunda parte, Lito Vidigal mudou o posicionamento da equipa e esta mudou para melhor. Ainda assim, foi o Benfica quem chegou primeiro ao golo. Lisandro López surgiu surpreendentemente só na grande área e, sem sequer tirar os pés do chão, cabeceou para o fundo das redes de Bracali.

Estava feito o 2-0, mas nem por isso o Arouca baixou os braços. Walter González entrou à passagem do minuto 55 e, dois minutos depois, fez o golo, com um cabeceamento potente, que não deu hipóteses a Júlio César.

O Benfica tremeu com o golo, especialmente após, aos 62 minutos, Rafa ter sido obrigado a abandonar o terreno por problemas físicos. Para o seu lugar entrou André Carrillo, que não foi capaz de dar a dinâmica que o seu colega deu ao ataque ‘encarnado’.

O jogo partiu por completo, com uma sucessão de lances de perigo de parte a parte, que certamente não terá agradado a Rui Vitória. Ainda assim, as ‘águias’ seguraram o resultado de 2-1 até final do jogo, naquele que poderá ser um importante tónico para a entrada na Liga dos Campeões, já na terça-feira, frente ao Besiktas.

Momento do jogo: Após uma primeira parte relativamente tranquila, Rui Vitória não imaginaria, certamente, que iria sofrer tanto na segunda. Quando Lisandro López cabeceou para o 2-0, logo nos primeiros minutos da primeira parte, provavelmente ninguém imaginaria que viria a ser tão importante para o desfecho do jogo. A verdade é que, não fosse o golo do argentino, o resultado poderia ter sido bem diferente.

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Onze do Benfica: Júlio César; Semedo, Lisandro, Jardel, Grimaldo; Fejsa, André Horta, Salvio, Pizzi; Rafa e Gonçalo Guedes.

Onze do Arouca: Bracali; Anderson Luís, Jubal, Nuno Coelho, Hugo Basto; André Santos, Artur, Crivellaro; Zequinha, Marlon e Mateus.

Antevisão: “Se não jogar o Matic, vai jogar o Manel, não vai haver problema”. Esta foi uma das mais memoráveis frases de Jorge Jesus ao comando técnico do Benfica, e que, com exceção à referência ao sérvio, encaixa que nem uma luva nos problemas de Rui Vitória.

Os ‘encarnados’ deslocam-se, esta sexta-feira, ao terreno do Arouca, sem qualquer um dos três donos do ataque. Jonas, com um traumatismo no pé direito, e Raúl Jiménez e Kostas Mitroglou, afetados pelo famoso ‘vírus FIFA’, deixam o ataque da equipa seriamente desfalcado.

Gonçalo Guedes perfila-se como o grande favorito a assumir uma das vagas, face ao entrosamento que tem com os seus colegas, pelo que, a acompanhá-lo, terá uma das duas novidades que Rui Vitória implementou na convocatória.

Rafa, o milionário reforço que chegou à Luz muito perto do fecho do defeso, poderá estrear-se com a camisola do Benfica, assim como o ‘menino’ José Gomes, que, caso entre em campo, irá tornar-se no terceiro jogador mais jovem de sempre a jogar na equipa principal do clube, com 17 anos e cinco meses.

Do outro lado estará o Arouca, que, embora tenha sido uma das sensações da passada temporada, tem passado por algumas dificuldades em 2016/17. A equipa de Lito Vidigal leva já sete jogos esta temporada – quatro para a Liga Europa e três para a I Liga – mas soma apenas uma vitória, frente ao Nacional, por 2-0.

Ainda assim, o técnico não baixa os braços e, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo, deu o mote: “É um jogo difícil, mas, como sempre, vamos encará-lo com a responsabilidade de procurar uma surpresa, sendo intensos, coletivos e extremamente ambiciosos”.

O Arouca-Benfica tem início às 20h30 e pode segui-lo, em direto, no Desporto ao Minuto.