Meteorologia

  • 20 ABRIL 2024
Tempo
16º
MIN 15º MÁX 23º

"Golo de Éder é uma chapada a quem diz que não temos avançados"

Em entrevista cedida ao Desporto ao Minuto, Edinho diz lamentar que os clubes portugueses não apostem mais nos jogadores nacionais.

"Golo de Éder é uma chapada a quem diz que não temos avançados"
Notícias ao Minuto

10:00 - 24/07/16 por Carlos Pereira Fernandes

Desporto Edinho

Internacional português por seis ocasiões, Edinho não esconde a felicidade com que viveu a conquista do Campeonato Europeu. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o avançado deixou a rasgados elogios a Éder e algumas críticas às escassas oportunidades concedidas aos jogadores portugueses.

Como viveu a conquista do Campeonato Europeu?

Com muita alegria, foi um feito histórico. Ter colegas lá, com quem joguei, deixou-me feliz por eles e pelo país. Era algo que perseguíamos há muito tempo e ainda bem que aconteceu.

Tal como o Edinho, também o Éder foi alvo de muitas críticas no seleção. Como é que um avançado ultrapassa tudo isso?

É óbvio que é complicado. Temos pressão a todos os níveis, nos clubes isso também acontece. Ao fim e ao cabo, é uma situação de mentalidade. Temos de ser bastantes fortes ao nível psicológico e perceber que as pessoas têm direito à sua opinião, mas que isso em nada pode afetar o nosso rendimento e aquilo que acreditamos ser capazes de fazer. Sempre pus isso na minha cabeça. Recebendo críticas ou não, sabia que, quando entrasse, se fizesse golo e mostrasse o meu valor, as pessoas acabariam por me aceitar bem.

Foi uma chapada de luva branca a quem diz que Portugal não é capaz de produzir pontas-de-lança?

Foi bom o que aconteceu com o Éder. Ele merece, é uma excelente pessoa, um excelente avançado. Não conseguiu cativar os adeptos, mas ainda bem que assim foi. Melhor era impossível. Deu a Portugal aquilo que o país mais queria e foi o herói de toda uma nação. Para ele e para todos os jogadores que jogam nessa posição, é uma chapada, porque as pessoas têm de perceber que temos avançados com qualidade. Às vezes passam-se outro tipo de situações, como alterações de sistema, por exemplo. Está à vista que temos jogadores que fazem golos. Temos Bruno Moreira, Hugo Vieira, Marco Paixão, Hugo Almeida, Hélder Postiga, mesmo eu, que acabei a época com 18 golos. Não vejo onde haja falta de pontas-de-lança. Se dissermos que há uns anos haveria muitos mais avançados, é claro que sim. Mas, com as oportunidades que não são dadas no nosso país, temos que emigrar, tratar do nosso futuro e, acima de tudo, procurar quem nos dá valor. As pessoas não acompanham e dizem que não há avançados. Se nós, que estamos fora, fossemos mais acompanhados, se calhar... Temos muitos jogadores em Espanha, Inglaterra, e noutros países com futebol atrativo, e só se vê esses. Falando no caso do Bruma, que fez uma excelente época, fiquei surpreendido que não tivesse sido chamado para os Jogos Olímpicos. Há situação que não se percebe, e depois as pessoas dizem que não há jogadores suficientes… Não há é procura.

Sente que, se tivesse saído de Portugal mais cedo, teria sido mais valorizado?

Sem dúvida. Tive várias propostas para sair, mas nunca saí. Na altura, o meu empresário, o Jorge Mendes, achava que não era a altura certa. Acabei por fazer uma boa carreira mas tenho plena noção de que, se tenho saído antes, tudo teria sido diferente, em termos de seleção e de clubes.

Chegou a receber alguma abordagem dos três ‘grandes’?

Houve uma abordagem do Sporting através do meu empresário. Houve essa possibilidade, mas não se concretizou. Na altura em que estive no Vitória de Setúbal, também tive oportunidade de ir para o Benfica, quando estava lá o Camacho. Não se proporcionou. Sempre quis jogar num clube grande de Portugal e acho que tenho capacidades para isso. Nunca aconteceu mas não fico triste por isso. Joguei noutro grande clube, o Sporting de Braga, e fui muito feliz lá. Estou contente com aquilo que alcancei. Mas tenho plena noção de que, se me tivesse sido dada oportunidade de jogar num clube grande, não faria pior do que muitos que por lá passam.

Continua a haver uma espécie de estigma à volta do jogador português?

Claramente. Temos o Bruno Moreira, que faz épocas espetaculares, e acaba por ter de imigrar porque não lhe é dado o devido valor em Portugal. E depois dizemos que não temos jogadores ou que os clubes têm que ir buscar ao estrangeiro. Não, a aposta no jogador português é que é cada vez menor, infelizmente. Damos mais valores aos jogadores de fora. Claramente precisamos de jogadores estrangeiros, trazem alguma qualidade ao nosso futebol, mas creio que é excessivo.

Agora que está livre de clube, qual será o próximo passo?

Estou a estudar algumas propostas do estrangeiro, mas não nego que o objetivo passa por regressar a Portugal para ficar mais perto da família.

Tem algum clube em especial ao qual gostasse de regressar?

Obviamente que, como bracarense, gostava de regressar ao Sporting de Braga. É a minha casa, onde me sinto bem, onde sempre fui bem tratado. O Vitória de Setúbal também, que na altura, também me proporcionou, por empréstimo do Sporting de Braga, aparecer e rumar ao AEK. São dois clubes pelos quais tenho enorme carinho, mas claro que o Sporting de Braga é o clube que me chama mais atenção, porque foi lá que cresci taticamente. É lá que tenho maior ligação com as pessoas e tenho um grande amor pelo clube.

Recomendados para si

;

Acompanhe as transmissões ao vivo da Primeira Liga, Liga Europa e Liga dos Campeões!

Obrigado por ter ativado as notificações do Desporto ao Minuto.

É um serviço gratuito, que pode sempre desativar.

Notícias ao Minuto Saber mais sobre notificações do browser

Campo obrigatório