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"Europeu? Vencer só se as individualidades formarem um todo"

Foi internacional português e esteve presente no Euro'96, onde Portugal foi afastado pela França com um dramático penálti de Zidane. Este é um dos jogadores que integrou uma geração dourada do futebol português e que ajudou a colocar um ponto final numa ausência de mais de 20 anos em fases finais de gfrandes competições.

"Europeu? Vencer só se as individualidades formarem um todo"
Notícias ao Minuto

09:43 - 29/03/16 por Paulo Rocha

Desporto Jorge Cadete

Jorge Cadete somou 33 internacionalizações ao serviço da equipa de todos nós, tendo marcado cinco golos. Um dos mais marcantes avançados portugueses, conheceu o seu ponto alto na Seleção durante um jogo com a Escócia, no qual marcou dois golos que o catapultaram para o estrelato. 

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o agora treinador de 47 anos, que acredita num brilharete de Portugal em França, já no próximo verão, lembrando que será sempre preciso transformar um grupo de atletas de grande capacidade numa equipa forte.

Na Seleção nacional jogou com atletas como Luís Figo, Rui Costa, Fernando Couto, Paulo Sousa, Vítor Baía, Rui Barros, Futre… Sente que esteve presente numa das melhores gerações do futebol português?

Eu fiz parte de uma excelente geração. Cada geração traz consigo mais conhecimentos e, hoje em dia, nova tecnologia, nova metodologia de treino e cada vez se tornam mais fortes. Talvez a ligação com o adepto em si, o carinho que este sentia pelos jogadores e pela Seleção fosse um pouco diferente do que é neste momento. Havia mais proximidade entre os adeptos e os jogadores, que não existe hoje. A partir do momento em que os clubes começaram a ter os seus centros de estágio, os adeptos têm acesso aos treinos e a lidar de perto com os jogadores e perde-se sempre aquela empatia com o adepto.

Esteve no Europeu de 96, aquele em que a seleção caiu nos quartos de final com um grande golo do Karel Poborsky. Havia muitas esperanças naquela equipa portuguesa, sente que ficaram aquém do esperado? Era possível ganhar?

Quando se chega a uma fase final tem de se estar disponível para tudo. Mas não chegando a uma final, não adiantava estar a pedir a uma seleção para vencer o Campeonato da Europa. Era uma Seleção bastante forte, mas ficámo-nos pelos quartos-de-final... Mas era complicado um país que já não ia há 24 ou 26 anos a um Europeu ou de um Mundial… Era impensável e a Seleção chegar e dizer que era candidata. A partir daí, Portugal tem estado presente em todas as fases finais de Europeus ou Mundiais e já provou que é uma potência do futebol mundial, em termos de ranking [n.d.r.: 7.º no ranking FIFA]. Claro que temos de assumir [a candidatura].

Falta um Jorge Cadete na Seleção atual?

Não direi um Jorge Cadete porque eu não joguei muitos jogos como titular na Seleção, a ponta-de-lança. Também na altura, tive a infelicidade de não ter apanhado um treinador que jogasse em 4-4-2. O Scolari mudou essa mentalidade e Portugal começou a jogar mais com avançados em vez de médios.

Fernando Santos também fala muito em vencer, acredita que Portugal pode vencer o Europeu. Concorda com a opinião dele?

Eu acredito sempre que Portugal pode vencer e acho que temos hipóteses reais. Temos qualidade e o melhor jogador do mundo, poderá não ser complicado. Mas temos de ter uma equipa e não um jogador apenas. Portugal precisa de ser uma equipa que saiba dar a resposta dentro do campo. Claro que há momentos em que um jogador decide uma partida. Mas torna-se mais fácil se as individualidades se juntarem e formarem um todo.

O grande estigma de Portugal mantém-se. Falta um grande ponta-de-lança? Resumindo, para Portugal ganhar o Europeu precisa de um grande ponta-de-lança?

Praticamente todos os treinadores se queixam da finalização e temos a preocupação de termos um treino específico de guarda-redes, mas não trabalhamos um atacante em profundidade desde a formação. Seguramente que esses jogadores bons, que têm aparecido bem nas Seleções de sub-19, 20, e 21, não conseguem crescer porque não jogam nos clubes. Têm o seu caminho tapado por avançados que também são de qualidade inferior. O que faz falta a um avançado português, independentemente de cometer ou não erros, é ter as mesmas oportunidades que os estrangeiros têm. As equipas B não são a mesma coisa. Não é a mesma coisa jogar na I Liga, onde se joga com os melhores, que os fazem crescer.

Como vê esta renovação promovida por Fernando Santos que já chamou 20 caras novas, sendo que muitos deles são jovens?

O que está a acontecer é o colher dos frutos do que temos nas Seleções mais jovens. Foi o que aconteceu com a seleção espanhola que, quando foi campeã do Mundo e da Europa, praticamente todos os jogadores já tinham sido campeões da Europa de sub-19 e sub-21. Foi uma geração que deu resultados mas, o que é certo, é que esses jogadores já jogavam no Barcelona, Real Madrid ou num grande clube europeu.

É um homem que conhece bem a vida no futebol. Jogou ao mais alto nível interna e externamente. Que conselho deixaria aos mais jovens que começam agora a sonhar com uma grande carreira?

Têm de dar sempre o máximo, independentemente de se serem suplentes ou titulares, que continuem a acreditar e a dar o máximo. De outra forma é impossível.

O Depois do Futebol

Depois da glória, há atletas que perdem um pouco o rumo. Que comentário lhe merece esta ideia?

Depois de terminar uma carreira, não existe um acompanhamento que um jogador tem durante 15/20 anos. Os jogadores estão sujeitos a uma vida que é: treino, estádio, viagem, casa, treino e depois torna-se complicado gerir.

Sente que o futebol é um meio ingrato em que um futebolista ou um técnico têm de abdicar de mais do que devia?

O desporto de alta competição exige isso e, ou se quer estar no desporto de alta competição, ou não se quer. É o preço que se paga por ser um atleta, empenhado, dedicado e rigoroso. Isso acontece. Muitas vezes os jogadores não têm a família perto e isso também não é fácil. É uma questão de adaptação.

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