Um dos avançados portugueses mais talentosos das últimas décadas, Jorge Cadete encontrou no Sporting a sua segunda casa, altura onde foi consagrado melhor marcador do campeonato português, corria a época 1992/93.
Num salto até à atualidade, o antigo avançado, agora com 47 anos, analisou a corrida ao título, falou de Bruno de Carvalho, elogiou Jorge Jesus e comentou a possibilidade de Vítor Baía suceder a Pinto da Costa na presidência do FC Porto.
Como vê a corrida pelo título este ano?
Talvez seja um dos campeonatos mais intensos dos últimos anos, principalmente para o Sporting, que já esteve na liderança várias vezes e que acredita que poderá voltar a liderar. E é sempre bom para o futebol português [ter três equipas a disputar o título], apesar de várias pessoas criticarem o nosso futebol e denegrirem a sua imagem. Não nos podemos esquecer que se não somos nós a puxar pelo nosso futebol, não serão os estrangeiros a darem-lhe nome.
Quem está mais forte, Benfica ou Sporting?
Eu espero que seja o Sporting a ser campeão e acredito nisso.
Sente que o FC Porto - que parece ter vida mais complicada na luta pelo título - poderá, no fim de contas, ditar o campeão nacional? O Sp. Braga também será uma peça importante nesse capítulo?
Para mim, os campeonatos não se decidem nos grandes jogos. Porque é muito normal, entre os grandes, perder-se fora e ganhar-se em casa. Este ano, com as equipas ditas mais pequenas, foram-se perdendo pontos aí. E, no final, quando vamos fazer as contas, estão aí os pontos que são precisos para ser campeão.
Como vê este ressurgimento do Sporting?
Tem principalmente a ver com o investimento. Jogadores novos, de renome, um treinador que, em termos emocionais, táticos e técnicos, é o melhor em Portugal. Ele faz com que os jogadores ganhem outra crença. Nota-se a diferença, vê-se de uma época para a outra, independentemente de entrarem novos jogadores. Acima de tudo, tem a ver com o carisma do treinador. Um treinador vencedor, mais facilmente incute nos jogadores uma outra motivação. Só com o facto de se ter um treinador bicampeão, os jogadores já acreditam mais.
Como é que vê a postura de Bruno de Carvalho?
Cada presidente tem a sua postura e a sua maneira de ser e de liderar o clube. Eu respeito a atitude dele, é um presidente ativo, que defende o Sporting e, quando é assim, os adeptos têm a garantia que defende sempre o clube. Mas, sinceramente, não ligo muito à postura do presidente. Tendo sido jogador, a minha atenção não se vira tanto para a área da gestão de um clube.
Jogou com Vítor Baía, por isso conhece-o bem, acha que ele seria um bom sucessor de Pinto da Costa na presidência do FC Porto?
É uma pessoa com um grande perfil, é um símbolo do FC Porto. Mas, enquanto Pinto da Costa tiver em condições, muito dificilmente o Vítor Baía terá hipóteses de vencer. É um bom candidato, apesar do FC Porto também ter outros grandes candidatos, caso do Fernando Gomes.
Outro jogador com quem trabalhou foi Paulo Sousa, agora na Fiorentina. Como tem visto a evolução dele enquanto técnico de futebol? Tem margem para trabalhar numa grande equipa?
No fundo, é um reflexo daquilo que foi a carreira dele. O trabalho e o profissionalismo foi sempre máximo e prova disso são os resultados que tem conseguido atingir nas equipas tem treinado. Está a dar provas de que tem vindo a crescer de ano para ano. Acredito que pode chegar a equipas com outra qualidade, onde é preciso trabalhar o ego dos grandes jogadores... seguramente irá ter essa oportunidade.
Jorge Cadete fez uma sentida restrospetiva da carreira nesta mesma entrevista ao Desporto ao Minuto, que poderá ver aqui.