Rui Borges está determinado em deixar o seu cunho cada vez mais vincado no Sporting. O treinador dos leões foi colocando, aos poucos, a sua filosofia de jogo em prática, ao mesmo tempo que vai mudando os hábitos do plantel. Uma das principais mudanças operadas passa pelo anúncio do onze, algo que apenas faz já perto do apito inicial das partidas, segundo o próprio revelou após a derrota em Nápoles para a Liga dos Campeões na hora de explicar a titularidade de João Simões.
Ora o jornal A BOLA avança, na edição deste sábado, que se trata de uma prática habitual na carreira de treinador de Rui Borges e os objetivos são claros e visam, sobretudo, pela competitividade entre os jogadores.
Desde que chegou à I Liga, pela porta do Moreirense, em 2022/23, que Rui Borges opta por anunciar quem serão os jogadores titulares apenas no dia do jogo, muitas vezes horas antes.
Esta estratégia difere, por exemplo, daquilo que Ruben Amorim aplicava em Alvalade, com os jogadores a saberem o que esperar no dia seguinte com alguma antecedência.
Segundo a mesma publicação há três grandes objetivos nesta opção de Rui Borges. A primeira passa por manter o grupo em constante alerta e ligado, sem lugar a distrações. O segundo está ligado à gestão de egos: quanto mais tarde um jogador souber que não vai ser titular, menos tempo terá para ficar 'aziado'. E o terceiro, e não menos importante, passa por evitar fugas de informação, impedindo que o adversário tenha uma eventual vantagem.
O caso de João Simões
Rui Borges consegue, assim, surpreender os jogadores que, por seu lado, têm de ter a capacidade de dar uma resposta cabal mesmo quando não estão a contar ir a jogo. Foi o que sucedeu com João Simões, que saltou para a equipa inicial na visita ao Napoli (1-2), na passada quarta-feira, em jogo da 2.ª jornada da fase de liga única da Liga dos Campeões.
Após a partida, em conferência de imprensa, o treinador dos leões deixou rasgados elogios ao jovem talento da formação e revelou a forma como lhe anunciou que seria titular no embate europeu.
"Não me surpreende a maturidade que eles demonstraram, e dei o exemplo do Simões, que, este ano, não jogou, e, de repente, o mister diz-lhe, uma hora antes do jogo, que vai ser titular com o Napoli e a resposta dele... Eu até me ia metendo com ele... Disse-lhe 'Estás cagado?', no aquecimento, e ele disse que não. É um miúdo extraordinário e fez um grande jogo, nada que eu não tivesse à espera", atirou, entre risos.
"O Simões foi uma opção estratégica, apesar de termos de gerir também o Morita, porque vem de lesão e, lá está, há coisas que nós temos, que quem está de fora não dá conta, e eu não posso ser o mais honesto e sincero aqui, mas, de forma estratégica, sabíamos que o Simões podia ser um jogador importante, até pela capacidade física que tem e deu à equipa ao longo do jogo", rematou Rui Borges.
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