Luís Filipe Vieira concedeu, esta quinta-feira, uma extensa entrevista à TSF, na qual abordou diversos temas, entre eles, a tão badalada Assembleia Geral do Benfica, no passado fim de semana, que acabou por ser suspensa devido aos tumultos que se registaram depois de o próprio subir ao púlpito, para discursar perante os sócios.
"O que se passou nessa Assembleia Geral é muito grave. O Benfica tem grupos radicais que apela pela democracia e não a pratica. O movimento Servir Benfica tem uma parte que está na candidatura de João Diogo Manteigas, a outra está com o Noronha Lopes. Aquilo parecia a tropa. O Benfica está radicalizado e vai ter problemas no futuro", começou por afirmar.
"Não houve agressões, mas foi um grupo organizado que combinou abandonar a sala quando eu fosse falar. Não abandonaram a sala, mas foram para o fundo fazer barulho e gritar. Não me deixaram falar, mas isto não é de agora. Já acontecia no meu tempo quando era presidente", acrescentou.
Na opinião do antigo presidente dos encarnados (e candidato às eleições do próximo dia 25 de outubro, onde terá pela frente Rui Costa, João Noronha Lopes, João Diogo Manteigas, Martim Borges Coutinho Mayer e Cristóvão Carvalho), a situação que se vive no clube "está a tornar-se insustentável".
"Os estatutos aprovados por uma minoria de sócios tem lá que basta chumbar dois Relatórios e Contas para a Direção cair. O Benfica fica sujeito a ser ingovernável (...). Se me tornar presidente, a BTV passa a transmitir as Assembleias Gerais, mesmo que seja para o país inteiro. Para as pessoas perceberem o que se passa", prometeu.
Vieira quer 'desfazer-se' de Mário Branco e pode recuperar Domingos Soares de Oliveira
Luís Filipe Vieira garantiu ter um plano bem delineado para o Benfica, que passa por manter José Mourinho (que diz ter dado "estabilidade" a Rui Costa, ainda que acredita que, "se não houvesse eleições, talvez a escolha" fosse outra), mas não o atual diretor-geral, Mário Branco, até porque já tem uma solução "muito experiente" para o cargo.
"Eu tenho um diretor geral para o Benfica para o futebol. Não vou divulgar, porque ele está a trabalhar. Eu conheço o Mário Branco, não vou despedi-lo, mas tem de se enquadrar na nossa ideia para o Benfica. Se não conseguir, não pode continuar", sublinhou.
Quem o ex-líder máximo apode recuperar é Domingos Soares de Oliveira, que diz ter "todas as condições para voltar ao Benfica": "O Benfica tinha um tipo de gestão, que deixou de existir. Como sabem, tínhamos Domingos Soares de Oliveira como CEO, tínhamos o Miguel Moreira como CFO. Dois homens muito importantes nas áreas".
Rui Costa visado: "Não fui eu que foi descobrir o Weigl para gastar 20 milhões de euros"
O líder da lista 'Voltar a ganhar' não se coibiu, de resto, de apontar o dedo a Rui Costa, começando, desde logo, pelo plano desportivo: "Teve de se desfazer de um plantel velho, mas eu mostrei que aquele plantel, que é de quando o Jorge Jesus veio, teve por base decisões dele e do Tiago Pinto. A interferência que eu tive nessa altura foi Pedrinho, Cebolinha e Darwin, que até foi o Rui Costa que o fui buscar. Não fui eu que descobri o Weigl para gastar 20 milhões de euros, por exemplo".
"A conservação do património do Benfica está completamente degradada. O estádio parece que está ao abandono, aqueles arcos já não são vermelhos, são de outra cor. No Seixal, está tudo igual. A manutenção é muito importante. No Benfica Campus queremos fazer o que está programado e não foi feito", lamentou.
"Comprámos uma herdade de 40 héctares para fazer a expansão e nada foi feito: tínhamos projetado um colégio, e aí nem o projeto foi aprovado (...). O hotel também é importante para aproximar-mos os atletas das famílias, para oferecermos a estadia e diminuir os custos das famílias", rematou.
Vouchers, caso Lex e Saco Azul
A terminar, Luís Filipe Vieira desvalorizou os diversos casos judiciais em que está envolvido, considerando "infelizes" as palavras de Rui Costa, quando os lançou para discussão: "Sempre defendi o Benfica em todo o lado e isso cria problemas. Isto começou com o caso dos vouchers e veio por ali fora, mas até hoje não aconteceu nada. Só tenho mesmo de aguardar".
"O caso do Lex é um escândalo eu estar envolvido naquilo. Tenho a consciência clara e não tenho nada a ver com o que estou acusado. E eu acredito na justiça. Já há um julgamento do Saco Azul e quando vocês virem o resultado vão perceber. Vamos aguardar a sentença final e até lá não estou preocupado. Se tiver de ir muitas vezes ao Campus da Justiça vou. Hei-de limpar o meu nome, acho que aquilo foi um ataque ao Benfica e eu fui de arrasto", concluiu.
Leia Também: Mourinho regressa ao Dragão ao serviço do Benfica: "Tratado com respeito"
