André Villas-Boas fez, este sábado, uso do editorial que assina na revista Dragões para tecer, uma vez mais, duras críticas à Liga Portugal, na sequência daquilo que considera ser uma série de "trapalhadas em catadupa" cometidas pela direção liderada por Reinaldo Teixeira, desde o arranque da presente temporada de 2025/26.
O presidente do FC Porto alerta para "o contínuo enfraquecimento do futebol português", numa altura em que Portugal corre sérios "riscos" de vir a ser ultrapassado pela Bélgica, no ranking da UEFA, algo que "acarretaria consequências graves para todo o futebol nacional", visto que "apenas o campeão nacional" participaria na Liga dos Campeões, "comprometendo receitas financeiras fundamentais para a sustentabilidade dos clubes".
"O que tem feito o principal responsável pela resposta a este adivinhado declínio? Pouco. Muito pouco. Traz respostas, mobiliza os clubes para uma resposta coletiva e organizada? Não. É inócuo e vazio na sua liderança dos clubes portugueses, o que não impede a multiplicação de artigos e colunas de opinião laudatórias nos diferentes jornais desportivos e dos seus extremamente bem pagos diretores executivos", começa por escrever.
"Somos embrulhados em sucessivos episódios, por um lado, caricatos, por outro, em comportamentos continuados que nos fazem duvidar das intenções de certos intervenientes. O que assistimos nos últimos tempos é bem ilustrativo do que escrevo. Ficam para a história os 'casos' do quase adiamento do jogo com o Nacional e o adiamento do encontro com o Arouca, decisões tomadas à margem do bom sendo, obrigando a leituras enviesadas e esforçadas dos regulamentos", prossegue.
"Irresponsabilidades que, além de obrigarem o FC Porto a disputar três jogos num curto espaço de tempo, comprometem uma preparação otimizada e a gestão do seu esforço, seja para as competições europeias - em que o FC Porto tentará somar pontos para o ranking da UEFA - seja para jogos vitais da Liga - um FC Porto-Benfica, por mero acaso", completa.
No entanto, André Villas-Boas não fica por aqui, e diz mesmo que "pior seria impossível": "O que dizer de quem não tem capacidade de organizar os calendários competitivos de forma a não prejudicar um clube que está envolvido nas competições europeias ou de alguém que acaba por fomentar confrontos institucionais desnecessários entre clubes que deveriam estar unidos na defesa do fortalecimento de uma Liga que se desvaloriza continuadamente?".
"Até ao último minuto vamos lutar pelo nosso destino"
O líder máximo do emblema azul e branco aproveitou, ainda, a ocasião para enaltecer o trabalho levado a cabo pelo plantel orientado pelo treinador italiano Francesco Farioli: "Entretanto, vamos fazendo o nosso caminho, suportados numa força que é só nossa e por isso vamos incomodando muita gente. Apesar destes obstáculos, os resultados são prometedores e todos estamos mobilizados".
"A posição que ocupamos na classificação permite-nos estar como gostamos de estar, a depender de nós próprios, e o sucesso com que iniciámos a nossa participação na Liga Europa, em Salzburgo, mostrou que até ao último minuto vamos lutar pelo nosso destino, as vitórias. Naquele remate do William Gomes estava o talento e a garra de uma equipa disposta a mostrar ao mundo o que é ser Porto. Pelo Jorge Costa, pelo presidente Jorge Nuno e pelo azarado Nehuén Pérez, a quem desejamos uma pronta recuperação", concluiu.
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