José Boto, diretor de futebol do Flamengo, concedeu, esta terça-feira, uma extensa entrevista ao portal brasileiro UOL Esporte, na qual assegurou que as finanças do clube estão a ser salvaguardadas, nomeadamente, com as ações avançadas na FIFA contra o Estrela da Amadora e o Leixões.
A formação carioca exige ser indemnizada pelos tricolores numa verba próxima dos três milhões de euros, devido ao valor que lhe é devido pelas transferências de André Luiz e Igor Jesus, para o Rio Ave e o Los Angeles FC, respetivamente. No caso do emblema de Matosinhos, estão em causa 175 mil euros, fruto da aquisição de Werton, no verão de 2024.
"As pessoas falam muito de fair-play financeiro, mas as pessoas não sabem o que é isso. O fair-play financeiro é algo que todos nós devíamos fazer, na nossa casa, que é não gastarmos mais dinheiro do que temos. E o que se passa é que os clubes acabam por fazer uma competição desleal, porque gastam dinheiro que não têm e não pagam as dívidas que têm", afirmou.
"Nós temos nomes conhecidos que não pagaram os jogadores que já compraram há quase dois anos, e a CBF [Confederação Brasileira de Futebol] tem de fazer algo. Por exemplo, quando são clubes europeus que nos devem dinheiro, no caso do Leixões ou no caso do Estrela da Amadora, a FIFA já os acionou. Eles não podem inscrever ninguém enquanto não pagarem, e isso tem de ser feito aqui, porque, se não, é uma concorrência desleal", acrescentou.
"Filipe Luís? Jorge Mendes é muito grande e tem muito trabalho..."
José Boto aproveitou, ainda, a ocasião para 'levantar o véu' sobre a situação de Filipe Luís, o alvo predileto do Fenerbahçe para fazer face à demissão do treinador português José Mourinho: "Durante a semana passada, ele teve a possibilidade de sair do clube, e eu sei disto porque o presidente desse clube ligou-me e perguntou quando dinheiro queríamos para libertar o Filipe Luís, ao que respondi 'Isto não é um banco'. Nós não tínhamos qualquer vontade de vendê-lo".
"Há uma cláusula de rescisão, mas o clube de lá ofereceu ao Flamengo pagar muito mais do que a cláusula de rescisão que ele tem no contrato. E ele não quis ir, não queria deixar este projeto assim. Então, a partir daí, também comecei a falar com o representante dele", confessou o português.
"Não me surpreende esse assédio. Nós já sabíamos, e não é isso que nos fez acelerar o processo. O Filipe não se sentia confortável, tal como não se sente confortável a ser ele a negociar o próprio contrato. E o agente [Jorge Mendes], como é muito grande e tem muito trabalho, só agora é que começou a falar comigo", acrescentou, entre risos.
O próximo passo pode, de resto, passar pela renovação: "Foi feita uma proposta ao Filipe para continuarmos com ele por, pelo menos, mais uma temporada ou, provavelmente, duas. Simplesmente, vai ser uma questão de negociação. A proposta que foi feita, foi feita para mostrar a confiança que nós tínhamos nele. Foi depois da derrota com o Central Córdoba, portanto, já foi há algum tempo".
"Ele, na altura, achou que ainda não devia responder, mas havia a vontade dele em ficar, e a nossa vontade em que ele fique. Vamos andando aqui um pouco, como se diz, a enrolar isto, mas, na semana passada, em Portugal, estive com o representante dele e falámos sobre a negociação", rematou.
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