Roy Keane marcou, esta quinta-feira, presença no podcast 'The Overlap', juntamente com Gary Neville, Jamie Carragher e Ian Wright, onde falou, 'sem papas na língua', da demissão de Nuno Espírito Santo do comando técnico do Nottingham Forest, na sequência da pesada derrota sofrida perante o West Ham, em pleno City Ground, por 0-3.
"Ele já era um morto a deambular, assim que meteu os pés no jogo contra o West Ham. Aquilo que ele tinha de fazer era vencer todos os jogos. Assim que o Nottingham Forest escorregou, é claro que houve ruído, houve conversas... É claro, mas estamos a falar de treinadores", começou por afirmar o antigo capitão do Manchester United.
"Agora, em certos clubes, o treinador está no fundo de uma hierarquia. Está atrás de tudo, não tem poder. É por isso que, quando vejo estes treinadores a chegarem ao Nottingham Forest e a dizerem 'Oh, é um grande clube'... Ouçam, tenham cuidado com aquilo que desejam. Este proprietário tem historial. O que é que acham que vai mudar?", acrescentou.
O agora comentador desportivo pediu, ainda, à massa associativa dos reds que se 'chegue à frente' para procurar alterar o panorama que se vive no clube: "É claro que apoiam, é isso que os adeptos fazem, mas será que ainda olham para o proprietário e dizem 'Ouça, estamos a fazer progressos, estás a gastar todo este dinheiro, mas podes tratar as pessoas com um pouco de classe?'".
"Se estás a despedir um treinador... Ainda é possível despedir alguém em condições. Sabem que mais? Já não tenho pena dos treinadores. Não se ponham a chorar até adormecerem. Ele sabia o que se passava quando foi para lá. Tens de fazer o teu trabalho de casa antes de aceitar um emprego. Se apertas a mão ao diabo, tudo de bom", atirou.
Confrontado por Ian Wright sobre a possibilidade de o treinador português ter acreditado que poderia fazer a diferença na forma de trabalhar de Evangelos Marinakis (que também detém a maioria do capital social do Rio Ave), o ex-internacional irlandês atirou: "Isso é estúpido, não é? Qual é que é o maior sinal de insanidade? Fazer a mesma coisa vezes sem conta e esperar resultados diferentes. Se apertas a mão ao diabo, boa sorte".
'Turbulência' já vinha da época passada
O clima de tensão que se vive no Nottingham Forest começou a fazer sentir-se na reta final da passada temporada, na qual o clube chegou a estar na luta pelos lugares de apuramento para a Liga dos Campeões, contra todas as expetativas, antes de perder 'gás', acabando por ter de se contentar com a qualificação para a Liga Europa.
A 11 de maio, os reds não conseguiram ir além de um empate a duas bolas, na receção ao Leicester City, provocando um momento inusitado, visto que, imediatamente após o apito final, Evangelos Marinakis desceu da tribuna presidencial ao relvado, para confrontar, pessoalmente Nuno Espírito Santo.
Já esta temporada, o próprio treinador português assumiu que a relação entre ambos estava longe de ser a mais saudável, pelo que, face a um 'arranque em falso', com uma vitória, um empate e uma derrota ao cabo de três partidas, a 'chicotada psicológica' foi consumada.
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