Yeray Álvarez quebrou, na quarta-feira, o silêncio depois de ter sido confirmada a suspensão da UEFA de 10 meses por conta de ter testado positivo num controlo antidoping no passado mês de maio. Em conferência de imprensa, no Hotel Carlton, em Bilbau, o defesa de 30 anos explicou-se aos adeptos e garantiu que a substância proibida apareceu por conta da toma de um medicamento para combater a queda de cabelo.
"Em primeiro lugar, queria agradecer aos jogadores e à equipa técnica que tiraram um tempo para me ouvirem sobre aquilo que se passou. Fui suspenso 10 meses por tomar uma substância proibida. Quero deixar claro que desde o primeiro momento não sabia que estava a tomar aquela substância. Não tomei nenhuma substância com o intuito de aumentar o meu rendimento desportivo", começou por dizer Yeray Álvarez, na presença do plantel e da direção do Athletic, prosseguindo.
"Em 2016, como todos sabem, passei por um processo de quimioterapia. Foram momentos duros e como todos sabem o maior receio quando inicias este tipo de processos é a perda de cabelo. Por causa disso e depois de superar [a doença], o oncologista aconselhou-me sobre o tratamento certo para combater a alopecia, uma vez que estava com o cabelo muito fraco. Comecei o tratamento em 2022, que consistia na toma de uma pastilha e de um spray [para aplicar no cabelo]. Desde o primeiro momento, passei toda a informação para o departamento médico do clube, para que não houvesse qualquer problema. Continuo a fazer este tratamento até ao dia de hoje", apontou o defesa, antes de revelar o exato momento que levou a um "erro".
"A minha mulher começou, em dezembro, este tratamento. Um tratamento quase igual ao meu. Na semana antes do jogo contra o Manchester United, estávamos a fazer a nossa rotina noturna juntos. Quando fui tomar a minha pastilha, dei conta que as minhas tinham acabado. Fui tentar ver se tinha outra caixa e percebi que não. Fruto do stress e de querer cumprir a minha rotina, decidi tomar a pastilha da minha mulher, pensando que tinha exatamente aquilo que tinham as minhas. Há mais gente da minha família a fazer o mesmo tratamento. Pensávamos que seria apenas minoxidil, mas percebemos que afinal tinha outra substância que estava proibida", lamentou Álvarez.
️ @yerayalvarez4 aclara las circunstancias personales que le llevaron a tomar una sustancia no autorizada sin intención de obtener ventaja deportiva. #AthleticClub 🦁 pic.twitter.com/TcRtpiiWDz
— Athletic Club (@AthleticClub) September 10, 2025
Abdica de salário
Yeray Álvarez voltou a sublinhar o desejo de pedir "perdão" aos adeptos e colegas e anunciou que informou a direção do clube basco que não querer receber o salário referente aos 10 meses em que vai estar suspenso.
"Quero pedir perdão ao Athletic, aos adeptos e aos meus colegas. Foram meses muito complicados. Dás voltas a tudo e tocas em coisas muito complicadas. Quero pedir desculpa a todos. Sou eu que estou a viver esta situação, mas também sei que estou a comprometer os outros. E por último, transmiti ao clube que não quero receber salário. O meu salário não vai existir. Trabalho para o clube e não vou poder fazê-lo porque cometi um erro", rematou o jogador natural de Barakaldo.
O que definiu a UEFA?
Recorde-se que a UEFA confirmou, na segunda-feira, que Yeray Álvarez teria de cumprir suspensão de dez meses por conta de um resultado positivo num controlo antidoping, depois de um jogo na Liga Europa, registado a 1 de maio deste ano, contra o Manchester United.
"A análise do jogador recolhida por um laboratório reconhecido pela WADA [Agência Mundial Antidoping] revelou a presença de Canrenona, que é uma substância proibida dentro e fora da competição S5", começou por esclarecer a UEFA, prosseguindo.
"No dia 2 de junho de 2025, o jogador aceitou voluntariamente uma suspensão provisória com efeitos imediatos desde essa data. Desde a abertura do procedimento disciplinar contra o jogador, no dia 10 de junho, dois inspectores da UEFA conduziram a investigação e o caso foi submetido aos órgãos disciplinares da UEFA para uma decisão", explicou a UEFA, deixando instruções claras ao defesa espanhol.
"Na reunião de 19 de agosto de 2025, o órgão competente da UEFA decidiu suspender por 10 meses, a começar pela data da suspensão provisória e a acabar a 2 de abril de 2026, por ter cometido uma violação não intencional das regras antidoping. De acordo com o artigo 10.14.2 do regulamento antidoping da UEFA, o jogador poderá voltar aos treinos e às instalações do clube nos últimos dois meses do período em que estiver suspenso, a 2 de fevereiro", rematou a UEFA.
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