Pelizzari isolou-se nos últimos 3.500 metros para cumprir os 143,2 quilómetros entre O Barco de Valdeorras e o alto de El Morredero em 3:37.00 horas, batendo o britânico Tom Pidcock (Q36.5), segundo, por 16 segundos, e por 18 o companheiro de equipa australiano Jai Hindley, terceiro.
Nas contas da geral, o dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike) conseguiu ganhar dois segundos a João Almeida (UAE Emirates), português que segue em segundo lugar, agora a 50 segundos da liderança, enquanto Pidcock ganhou tempo, no terceiro lugar, e está a 2.28 da camisola vermelha.
"É o melhor momento da minha curta carreira até aqui. Senti que podia ser o meu dia, e tenho de agradecer à minha equipa. (...) Estamos a lutar pelo pódio, com Jai Hindley [quarto na geral], ainda não conseguimos mas a Vuelta ainda não acabou. Demos de tudo nesta subida para pressionar Pidcock, e nos últimos quilómetros, estávamos dois. Pensei que se atacasse, ninguém me seguiria, e assim foi", analisou o vencedor do dia.
Se Pelizzari, aos 21 anos líder da juventude e quinto na geral, conseguiu um triunfo ansiado, depois de ter tentado várias vezes em oportunidades anteriores, estreando-se como profissional numa Vuelta de afirmação entre a elite mundial de voltistas, atrás a luta pelo pódio final foi mais tática.
A seleção começou bem antes, quando o início da subida até ao alto de El Morredero, onde a área ardida criava uma sombria imagem televisiva, mostrava uma Visma-Lease a Bike em torno de Vingegaard e João Almeida a perder companheiros de equipa.
Primeiro foi o espanhol Juan Ayuso, depois o austríaco Felix Grossschartner, e por fim o líder da montanha, o australiano Jay Vine, que o deixaram exposto entre as 'abelhas' e restantes favoritos.
Com rampas que, em alguns momentos, chegam aos 18% de inclinação, a subida expôs o português de A-dos-Francos (Caldas da Rainha), apesar dos muitos adeptos que trouxeram bandeiras e o animavam, com vários arranques e acelerações de rivais.
Como é seu apanágio, o luso colocou o seu próprio ritmo e acabou por voltar a 'colar' ao grupo, que deixou fugir Pellizzari a 3,5 quilómetros da meta, escapada certeira que ninguém seguiu, como Tom Pidcock, que admitiu após a tirada ter sacrificado a vitória em etapa pelo terceiro lugar na geral.
Vingegaard arrancou na aproximação à meta, tendo visto Almeida sempre na cauda do grupo, sem grande força para mais do que seguir, mas já só logrou o quarto lugar, sem bonificações, e uma diferença de dois segundos para o português, que foi quinto, antes do decisivo contrarrelógio de quinta-feira, penúltima chance de diferenças antes de sábado, na ascensão à Bola del Mundo.
Na corrida, que continua suspensa no 'mano a mano' dos dois primeiros pela vitória final, para já favorecendo o duas vezes vencedor da Volta a França, não houve alterações de posições no top 10, enquanto Ivo Oliveira (UAE Emirates) é agora 105.º.
O dia voltou a ser marcado pelas discussões em torno das constantes manifestações pró-Palestina que têm criado um entorno político à prova, com os ciclistas a unirem-se numa decisão: à mínima disrupção, apoiariam a neutralização da etapa.
Em Madrid, o reforço do contingente policial em cerca de 1.500 operacionais para o fecho da Vuelta procura placar a esperada afluência de manifestantes solidários com a causa palestiniana, face à ofensiva militar de Israel em Gaza, e contrários à participação da Israel Premier Tech na corrida.
Na quinta-feira, a 18.ª de 21 etapas será decisiva nas contas da vitória final, uma vez que é um contrarrelógio individual de 27,2 quilómetros, em Valladolid, para o qual está previsto um contingente policial reforçado.
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