Georgiy Sudakov ainda nem se estreou com a camisola do Benfica, mas já captou a atenção de todos os adeptos. Oriundo do Shakhtar Donetsk, num negócio por empréstimo mas com obrigação de compra, o internacional ucraniano de 23 anos chegou à Luz na reta final do mercado de verão e assumiu a camisola 10, que em tempos chegou a ser... de Rui Costa.
Nos tempos que correm este dorsal já não conta com o peso de outrora, mas a responsabilidade é grande. Afinal de contas, de um número 10 espera-se criatividade e capacidade de rasgo na busca pelo golo.
A missão de Sudakov será mesmo essa: oferecer uma dose extra de criatividade a um Benfica que por vezes se entrega demasiado ao jogo exterior. Os números do jogador natural de Bryanka nas últimas épocas são amplamente positivos.
O melhor registo foi mesmo o da temporada transata, com 15 golos e sete assistências em 37 jogos. Ou seja, Sudakov teve participação direta em 22 golos de um total de 81 marcados pelo Shakhtar.
Prenda de Rui Costa
A entrega da camisola 10 a Sudakov foi uma surpresa preparada por Rui Pedro Braz, diretor para o futebol que está prestes a deixar o Benfica, e Rui Costa, líder máximo das águias. A revelação foi feita pelo próprio jogador ucraniano.
"Foi uma ideia do clube, eu não sabia de nada. Vi que a camisola 10 estava livre e mandaram-me mensagens a dizer: "És o nosso novo camisola 10". Mas não acreditei. Só depois da assinatura do contrato é que o diretor desportivo [Rui Pedro Braz] disse que ele e o presidente tinham uma surpresa para mim", começou por dizer o médio, numa entrevista aos meios de comunicação da federação ucraniana de futebol.
"Ele [Rui Costa] próprio jogou com este número e não estava disposto a dá-lo a todos. Para mim, claro que é um sinal de grande respeito. Estou muito satisfeito", vincou Sudakov.
O que diz o passado?
A herança da camisola 10 do Benfica tem um sabor agridoce. Olhando para trás, e procurando respostas na história, podemos verificar que não faltam casos de grande sucesso e outros de... um falhanço redondo.
Nos últimos dois anos foi Orkun Kokçu quem vestiu a pesada camisola, saindo da Luz, rumo ao Besiktas, pela porta pequena. O internacional turco era peça-chave para Bruno Lage mas desentendeu-se com o treinador em pleno jogo diante do Auckland City, no Mundial de Clubes. O episódio foi desvalorizado por Lage, mas a saída acabou por ser o desfecho mais esperado.
Ainda assim, Kokçu assinou uma passagem interessante por Portugal e acumulou um saldo de 19 golos e 22 assistências num total de 98 jogos disputados. O ex-Feyenoord teve maiores dificuldades com Roger Schmidt - com quem também teve problemas - ao leme do Benfica e ganhou maior importância no processo ofensivo após a mudança no comando técnico.
Antes disso havia sido Luca Waldschmidt a usar o mesmo dorsal, mas longe de ser um caso de sucesso. O internacional alemão ficou apenas um ano na Luz e saiu com 12 golos e três assistências em 43 jogos com a camisola do Benfica.
Jonas, Gaitán e... Aimar
Recuando ainda mais no tempo estão nomes como Jonas, Nicolás Gaitán e Pablo Aimar, todos eles consagrados e que fazem parte do leque de melhores jogadores que passaram pelo Benfica. Jonas tinha o carimbo de goleador, Gaitán de agitador e Aimar de... mágico. Também Valdo brilhou com a camisola 10, tal como Rui Costa, agora presidente das águias.
Nota, ainda, para os casos de sucesso relativo de Giorgos Karagounis, Carlos Martins ou Zlatko Zahovic.
Menos conseguidas foram as aventuras de Filip Djuricic, Dean Saunders, Abdel Sabry, Chano ou Erwin Sánchez.
Resta, agora, perceber em que lote Sudakov vai ficar inserido. O tempo dirá se o internacional ucraniano conseguirá seguir as pisadas de Aimar ou se vai seguir o mesmo caminho de Djuricic.
Leia Também: Sudakov é o mais recente camisola 10 do Benfica. Lembra-se de outros?
