João Noronha Lopes criticou, esta segunda-feira, o silêncio da atual direção do Benfica, presidida por Rui Costa, depois de a Liga Portugal ter anunciado a entrega de uma proposta para a centralização dos direitos televisivos.
O candidato à presidência dos encarnados, em outubro, questionou o "papel de liderança" do clube da Luz neste tema.
Em comunicado oficial, João Noronha Lopes criticou Rui Costa por chegar "tarde" quando exigiu a suspensão do processo. "Denunciei publicamente, em várias ocasiões, os riscos deste modelo. Tornou-se regra nesta Direção: só agir quando há eleições à vista", completou.
Leia o comunicado na íntegra.
"1. No passado dia 9 de julho, a Direção do SL Benfica apresentou dúvidas legítimas, mas tardias, sobre a centralização dos direitos televisivos, exigindo a suspensão imediata do processo. Mais uma vez, Rui Costa chegou tarde. As duas últimas direções do Benfica tiveram anos para liderar este processo e optaram por não o fazer.
2. Este alerta não surgiu do nada. Denunciei publicamente, em várias ocasiões, os riscos deste modelo. Fui ignorado. Como se os interesses financeiros e desportivos do Benfica fossem secundários.
3. A carta enviada à Liga continha também propostas válidas, ainda que claramente pressionadas pelo calendário eleitoral. Tornou-se regra nesta Direção: só agir quando há eleições à vista.
4. Desde então, silêncio total. A Direção do Benfica foi olimpicamente ignorada. E, como sempre, limitou-se a esperar.
5. A única reação conhecida foi o envio, pela Liga, de um documento à Autoridade da Concorrência, tentando acelerar um processo opaco e mal conduzido. O Benfica foi ignorado. Outra vez.
6. O conteúdo desse documento não é público. Num tema central para o futuro do futebol português, a ausência de transparência é inaceitável. É legítimo pensar que o maior lesado por este processo será o Benfica, tanto no plano desportivo quanto financeiro.
7. Perante o que já se sabe — e, sobretudo, o que ainda não sabemos — é urgente perguntar: quando vai a Direção do Benfica assumir o papel de liderança que lhe compete? Ou vamos, mais uma vez, acordar quando já for tarde?", pode ler-se na nota oficial emitida.
Recorde a posição de Rui Costa
Rui Costa defendeu que o Benfica "será sempre solidário com a missão coletiva, mas realista relativamente ao seu valor de mercado".
"Foi revelada publicamente uma aspiração de 300 milhões de euros, mas esta carece de fundamentação credível à luz da realidade atual", escreveu o líder máximo das águias numa carta enviada às redações.
O presidente do clube da Luz alertou ainda para o combate à pirataria, que "continua ausente", dizendo que "o mercado doméstico permanece excessivamente concentrado, sem concorrência efetiva entre operadores", que se revela num valor estimado anual de 500 euros pagos pelos consumidores portugueses para ver futebol na televisão.
"Será impossível atingir o objetivo dos 300 milhões de euros em receitas anuais. Na realidade atual do mercado audiovisual, é provável que o valor da centralização não atinja sequer os 150-200 milhões de euros", adiantou na referida carta.
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