Bacary Sagna concedeu, esta sexta-feira, uma extensa entrevista à estação televisiva norte-americana CNN, na qual alertou para a importância de os jogadores do Liverpool procurarem aconselhamento especializado, na sequência da morte de Diogo jota.
"Eles vão estar constantemente a pensar nisso, porque, no balnéario, haverá um lugar vago. À hora do almoço, haverá um lugar vago. No autocarro, haverá um lugar vago. Por isso, aconselho-os claramente a falarem", começou por afirmar o antigo internacional francês, que se destacou ao serviço de clubes como Arsenal ou Manchester City.
"Somos seres humanos, em primeiro lugar. Passamos mais tempo com os jogadores do que com toda a família, por isso, é, simplesmente, de loucos. É difícil explicar como e por que aconteceu, mas, infelizmente, temos de seguir em frente e tentar lidar com isso. Vai ser difícil", acrescentou.
O ex-lateral-direito recordou que, durante a carreira, também teve de lidar com uma tragédia, mais concretamente, em 2008, aquando da morte do irmão. Na altura, regressou a França, mas, apenas uma semana depois, voltou ao trabalho, no Arsenal, por sugestão do pai.
"O meu cérebro não estava lá. Era a minha segunda temporada. Comecei a cometer erros, erros dignos de menino de escola. Controlar a bola era difícil. O meu cérebro estava em câmara lenta, por isso, alguns jogadores podem voltar com a mesma mentalidade. Podem não ter a cabeça no futebol, porque vão estar constantemente a pensar naquilo", referiu.
Foi então que Bacary Sagna, atualmente, com 42 anos de idade, decidiu falar com um psicólogo: "Falámos sobre a vida, falámos sobre muitas coisas, e, mais importante, senti um alívio. Senti-me aliviado depois daquilo, e pensei 'Por que é que não me abri antes?'. Não tinha coragem. Não medi a importância de me abrir".
"Eu pensava que ele não poderia entender-me, mas eles [os psicólogos] conhecem tanta gente, ouvem tantas histórias... Há dados, estamos a falar de dados. As palavras são um escape, por isso, é muito importante. Consigo lembrar-me do passado e torná-lo em algo positivo, por isso, acredito que os jogadores do Liverpool deveriam tentar fazer o mesmo", rematou.
Acidente foi fatal
Diogo Jota, recorde-se, seguia a bordo de um veículo alugado da marca Lamborghini, na companhia do irmão, André Silva, quando este se despistou, na autoestrada A-52, na província de Zamora, em Espanha, e acabou por incendiar-se completamente.
As primeiras conclusões da investigação levada a cabo pela Guardia Civil aponta para que, após o violento embate com o 'rail' central da via rápida, o depósito de combustível se tenha partido em dois, provocando uma explosão quase imediata, à qual os portugueses não sobreviveram.
Diogo Jota e André Silva, recorde-se, estavam a voltar de um casamento e seguiam viagem rumo a Santander, no norte do país, onde o primeiro iria apanhar um 'ferry' para Inglaterra, depois de ter sido aconselhado a não viajar de avião, fruto de uma intervenção cirúrgica aos pulmões.
Em Terras de Sua Majestade, o antigo internacional português iria juntar-se aos trabalhos de pré-temporada do Liverpool, clube que representava já desde o verão de 2020, quando foi adquirido ao Wolverhampton, a troco de uma verba na ordem dos 45 milhões de euros.
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