Ian Rush, lenda do Liverpool, disse acreditar, este domingo, que a morte de Diogo Joga trouxe de volta a dor provocada pelo desastre de Hillsborough, ocorrido a 15 de abril de 1989. O maior goleador da história dos reds deixou rasgados elogios ao craque português e destacou os seus valores, aplaundido a sua entrega e postura nos cinco anos que representou o Liverpool.
"Aqui no Liverpool sempre nos preocupamos como uma grande família. Agora que um dos nossos partiu, temos de ficar juntos e ajudar-nos um ao outro. Os últimos dias mostraram isso. Aconteceu o mesmo com o [desastre de] Hillsborough, que teve uma escala muito maior devido à quantidade de pessoas que perderam a vida e à devastação de tantas famílias. Não importa o que és. Seja jogador ou adepto, estamos todos unidos", começou por dizer Ian Rush, em declarações ao Mirror, antes de revelar que não compareceu no funeral de Jota, em Gondomar, porque também perdeu o irmão mais velho.
"Fui convidado para estar no funeral do Diogo, mas o meu irmão partiu e para mim foi impossível ir. Ele não estava bem há algum tempo, mas tal como aconteceu com o Diogo, a ficha ainda não caiu. Estava a ajudar nas cerimónias fúnebres do Gerald quando soube das notícias do Diogo. Para ser franco, foi difícil de engolir", apontou Rush, que fez mais de 600 jogos ao serviço do Liverpool.
Ian Rush descreveu Diogo Jota como "um verdadeiro cavalheiro" e uma "pessoa com os pés bem assentes na terra", alertando para o impacto que a sua morte pode ter no plantel do Liverpool.
"O Diogo era um grande jogador, provavelmente o melhor finalizador do clube. Sempre deu 100 por cento. Ele faria a diferença fosse como titular ou suplente. Nunca dominou as manchetes e era o mesmo fora de campo. Era uma pessoa com os pés bem assentes na terra. Um verdadeiro cavalheiro. Fará muita falta por aquilo que fez pelo Liverpool e por Portugal", afirmou a lenda do Liverpool.
"Será especialmente complicado para os jogadores do Liverpool, que em breve vão regressar para a pré-época. Deles esperamos que apenas façam o seu trabalho, mas são seres humanos que, no fim de contas, passam pelas mesmas experiências dos outros. Alguns poderão ficar mais afetados do que outros. Penso que será difícil para cada um assimilar o que se passou. Tu tentas continuar com a tua vida normal, mas é impossível. É tão estranho que alguns vão ter uma reação mais tardia, porque a enormidade do que aconteceu ainda não foi assimilada", lamentou Rush.
Ian Rush, atualmente com 63 anos, garantiu ainda que o nome de Diogo Jota "jamais será esquecido" e que o avançado português terá sempre um lugar especial em Anfield.
"Acredito que quando alguém morre, segues em frente e só passadas algumas semanas é que percebes a real dimensão da terrível perda. Sabes que tens de seguir em frente, mas é muito difícil. O Diogo jamais será esquecido porque abraçou tudo aquilo que representa o Liverpool", rematou.
Recorde-se que Diogo Jota perdeu a vida na madrugada de quinta-feira, vítima de um acidente de viação em Zamora, Espanha, que também 'roubou' a vida ao irmão André Silva, também ele jogador profissional e que representava o Penafiel da II Liga. O funeral de ambos decorreu na manhã de sábado e contou com a presença de milhares de pessoas e de uma comitiva do Liverpool que contou com dirigentes e um elevado número de jogadores.
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