"Fomos todos surpreendidos ontem [na quarta-feira] com a notícia da não inscrição da equipa profissional da Boavista SAD na II Liga. Até então, tudo indicava, pelas informações públicas e internas, que os procedimentos estavam a decorrer dentro dos prazos. A direção do Boavista manifesta a sua profunda desilusão com este desfecho, que compromete diretamente o futuro do nosso clube", lê-se numa nota divulgada pelo emblema presidido por Rui Garrido Pereira, detentor de 10% do capital social da SAD.
Na segunda-feira, o acionista maioritário da SAD do Boavista, o hispano-luxemburguês Gérard Lopez, tentou depositar 2,5 milhões de euros (ME) nas contas da sociedade gestora do futebol profissional 'axadrezado', que permitiriam a regularização da situação financeira das 'panteras', mas os fundos não estiveram disponíveis para que a administração liderada pelo senegalês Fary Faye concluísse em tempo útil o processo de licenciamento nas provas profissionais.
"Desde o primeiro momento, temos trabalhado na recuperação do Boavista, convictos de que a revitalização da SAD deveria ser feita com a colaboração ativa do clube. No entanto, lamentamos nunca termos sido envolvidos nesse processo, apesar das várias tentativas de diálogo e entendimento - sempre sem o retorno desejado. Este episódio infeliz exige consequências claras. O Boavista está prestes a celebrar 122 anos de história e merece um futuro mais digno do seu passado", vincou a entidade fundadora da SAD 'axadrezada'.
Despromovido à II Liga em maio, quando encerrou a edição 2024/25 da I Liga no 18.º e último lugar, com 24 pontos, e interrompeu um percurso de 11 épocas seguidas na elite, o Boavista podia inscrever-se nas competições tuteladas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) até quarta-feira, cenário que ficou comprometido e implica, para já, a queda administrativa na Liga 3, organizada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
A existência de comprovativos de não dívida à Autoridade Tributária e à Segurança Social consta dos pressupostos exigidos no licenciamento dos clubes pela LPFP, que vai anunciar os 18 participantes de cada um dos dois escalões profissionais em 30 de junho.
"O Boavista nasceu com o futebol no nome e na sua essência. É imperativo que continue presente no campo, de forma competitiva, com equipas de formação e, pelo menos, com uma equipa sénior. Os reiterados incumprimentos da SAD têm prejudicado diretamente as equipas do clube - situação que é do conhecimento dos nossos associados, adeptos e simpatizantes", prosseguiu a direção presidida por Rui Garrido Pereira, eleita em janeiro.
Se passar no licenciamento da FPF, o campeão nacional em 2000/01, que já não 'caía' no relvado ao patamar secundário desde 1959/60, alinhará no terceiro escalão pela primeira vez desde 2013/14, quando foi reintegrado administrativamente na I Liga, revertendo a despromoção ditada em 2007/08 pelo Apito Final, processo derivado do Apito Dourado.
"Apesar dos obstáculos que interpretamos como oportunidades, reafirmamos: juntos, pelo Boavista, vamos continuar a ter futebol. Apelamos à união de todos os associados. Este é o momento de dar um passo em frente, contribuir de forma ativa e concentrarmo-nos num único propósito: salvar o Boavista", terminaram os corpos diretivos de Rui Garrido Pereira.
No sábado, o clube anunciou que está a preparar mais de 20 equipas em vários escalões para a próxima temporada - entre as quais um conjunto B, que fará a transição entre as camadas jovens e o futebol profissional - e vai realizar a captação de novos jogadores nas próximas semanas.
De acordo com o sexto ponto do 23.º artigo do regulamento de competições da LPFP, "se um clube da II Liga não reunir os requisitos legais e regulamentares estabelecidos, perde a respetiva vaga em favor do clube despromovido melhor classificado" na época anterior.
Despromovida à Liga 3 na 17.ª e penúltima posição, com 29 pontos, a Oliveirense deverá ocupar a vaga do Boavista na II Liga em 2025/26, caso passe no licenciamento da LPFP.
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