Jan Vertonghen concedeu uma extensa entrevista à edição desta quinta-feira do jornal britânico The Telegraph, na qual revelou as sequelas resultantes do violento choque sofrido com Toby Alderweireld e André Onana na primeira mão das meias-finais da Liga dos Campeões, em 2019.

O internacional belga representava, na altura, o Tottenham, e teve de ser substituído logo à passagem dos 39 minutos, numa partida em que acabaria derrotado pelo Ajax, por 0-1. Seguiu-se uma série de sintomas pouco habituais e uma outra de exames médicos, que nada descobriram.

"Tive uma hemorragia nasal e tudo o resto. Mas lembro-me muito bem de que não me senti a 100% depois daquele jogo. Muito aconteceu, naquela altura. A combinação daquele grande choque e de não me sentir bem significou que sofri durante mais nove meses. Tremi muito das pernas, no jogo da segunda mão, uma semana depois", afirmou.

"No caminho de volta ao hotel, adormeci no autocarro. Senti-me muito mal, durante aquele período, e a ligação à colisão com Alderweireld e Onana foi rapidamente feita. Fui a quase todos os especialistas, mas não encontraram explicação", prosseguiu.

"Não podia ir a um restaurante. Tentei uma vez e tive de sair passados dez minutos. Não conseguia tolerar multidões, adormecia em todo o lado. Normalmente, nunca dormia na estrada, mas, nesse período, acontecia em todo o lado", completou.

O defesa-central ficou, então, "convicto de que era um problema psicológico-mental", que lhe complicou a vida nas temporadas seguintes, nas quais representou, não só os spurs, como também o Benfica e o Anderlecht.

"Os exames médicos mostraram que não havia problema físico, estava tudo bem, mas os exercícios de corrida na preparação não funcionaram. Não tinha uma lesão tangível. 'Fazer-se homem' era o tipo de mentalidade. O meu contrato estava a expirar. Se dissesse que tinha problemas mentais, não sabia o que significaria para outros clubes", referiu.

"Também dá para ver que fiz jogos muito maus, naquele ano, fora, contra o Norwich e o Chelsea. São jogos de que me lembro muito bem. Cabeceei bolas e tudo isso. Vi [José] Mourinho, que na altura treinava o Tottenham, olhar para mim ao intervalo com um olhar que dizia 'Vais ficar [no balneário], e ficava satisfeito por ser substituído", acrescentou.

"Fiquei convencido de que havia mais alguma coisa naquele choque, mas continuo sem fazer ideia do que foi. Terá sido a pressão? Já agora, ainda tenho medo que volte. Com certos revés na minha vida, fico em baixo muito facilmente. Isso aconteceu durante aquele período e continuou durante a passagem pelo Benfica", rematou.

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