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"Faculdade? Quis evoluir no surf e a carreira vai ser muito comprida"

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Guilherme Ribeiro, campeão nacional de surf, descreveu o que o levou a começar a construir uma carreira na modalidade, tendo ainda garantido que quer levar novamente o 'caneco' para casa, em vésperas da nova edição do campeonato.

"Faculdade? Quis evoluir no surf e a carreira vai ser muito comprida"
Notícias ao Minuto

08:01 - 24/03/23 por Miguel Simões

Desporto Exclusivo

O nome de Guilherme Ribeiro ainda parece ser novo entre os 'tubarões' do mundo do surf, porém, a ambição do jovem tem sido a palavra de ordem para começar a escrever história na modalidade, com destaque para o mais recente título de campeão nacional em 2022.

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, o surfista de 21 anos descreveu as sensações de alcançar um título tão importante numa fase tão 'tenra' da carreira e enalteceu a presença do nome da família na história da modalidade, tanto a nível nacional, como internacional, uma vez que o pai, Jorge Ribeiro, e o irmão ,Tomás Ribeiro, são conhecedores.

Além disso, Guilherme Ribeiro, que começou a praticar a modalidade com apenas três anos, não escondeu que quis evoluir na sua carreira em detrimento dos estudos na faculdade, após ter congelado a matrícula na área da matemática para se dedicar a 100% ao surf.

A primeira etapa do campeonato nacional de surf de 2023 arranca já este fim de semana, entre os dias 24 e 26 de março, na Figueira da Foz, um local entre os preferidos do jovem surfista da Costa da Caparica, que fez história em Peniche, no passado mês de outubro.

Título de campeão nacional? Dá-me confiança para o que aí vem, tanto em provas nacionais, como internacionais

Ainda está a saborear o título de campeão nacional de surf, conquistado com apenas 20 anos?

É verdade, ainda estou a saborear esse título. Foi o meu primeiro como campeão nacional, já o tinha sido por três vezes, mas em júnior. É diferente... É um título que se prolonga mais do que qualquer outro, principalmente para me dar mais confiança para este ano. A última prova do ano passado [em Peniche] foi aquela em que me consagrei campeão nacional e não podia ter terminado da melhor maneira. Dá-me confiança para o que aí vem, tanto em provas nacionais, como internacionais. É isso que levo para este ano de 2023.

Qual a sensação de destronar um nome como o de Vasco Ribeiro, na etapa que decidiu o último campeão nacional?

Um nome como o do Vasco e de todos os outros campeões nacionais... Por acaso, no meu troféu de campeão nacional, estão lá todos desde a criação da prova. Ver lá o meu nome no meio de outros como o Vasco, o Kikas, o Tiago Pires, o José Gregório e mais lendas do surf português deixa-me contente. É um grande orgulho.

Notícias ao Minuto Guilherme Ribeiro já leva uma carreira recheada de conquistas com apenas 21 anos.© Associação Nacional de Surfistas  

Recuando até aos primeiros passos na modalidade, como nasceu o amor pela surf?

O meu pai [Jorge Ribeiro] nunca foi campeão nacional, mas esteve sempre muito ligado ao surf. Já o pratica há cerca de 40 anos. Foi ele que me ensinou e me puxou para ter esta vida. É o pioneiro para toda esta minha carreira, sem dúvida. Pôs-me a surfar logo aos três anos e a competir a partir dos oito. O meu irmão [Tomás Ribeiro] também faz surf. Eu e os meus amigos criámos um grupo desde muito novos, aqui, na Costa [da Caparica], foram surgindo patrocinadores e treinadores. Todo esse contexto, juntamente com o apoio da família e amigos, ajudou a que eu seguisse com esta minha carreira de surfista.

Foram sortes diferentes entre irmãos?

O meu irmão é três anos mais velho do que eu e, até aos 18 anos, sempre fez campeonatos comigo. Chegou até a fazer seleções na mesma altura e foi comigo para o Japão. Tanto eu como ele sempre fomos bons alunos na escola, mas, na altura de sair, entre faculdade e surf, ele optou pela faculdade, enquanto eu quis evoluir na carreira de surfista. Estou contente.

Há a expectativa de colocar o nome da 'Família Ribeiro' entre os principais da rota nacional e internacional?

Na rota nacional, já está (risos). Mesmo na internacional também, até porque eu, no ano passado, não só me sagrei campeão nacional, como ganhei uma etapa do circuito europeu. Internacionalmente, não está tão destacado como no surf nacional, mas os meus objetivos passam por aí. Quero frisar o meu nome lá fora e chegar ao WCT (circuito da Liga Mundial de Surf). É para isso que trabalho. É uma caminhada, não é uma corrida. Estou a fazer o meu caminho para lá chegar.

Quero começar o ano de 2023 com uma vitória. Vou para a Figueira [da Foz] para ganhar. Não é para ficar em segundo ou terceiro. Espero trazer o caneco

Com o título na mão, quais as expectativas para esta primeira prova do campeonato, na Figueira da Foz, agendada para este fim de semana que se avizinha?

A praia da Figueira da Foz é uma das minhas provas preferidas ou até mesmo a minha favorita do circuito nacional. Desde há uns quatro anos para cá que me dou muito bem lá, com bons resultados. A verdade é que nunca ganhei. Quero começar o ano de 2023 com uma vitória. Vou para a Figueira [da Foz] para ganhar. Não é para ficar em segundo ou terceiro. Espero trazer o 'caneco'.

Entre todas as etapas, qual é o desafio que o atrai mais?

As da Figueira [da Foz] e da Ericeira são as que me atraem mais, em que sou mais regular. Sinto que as direitas de lá são excelentes para o meu tipo de surf. Não é que as restantes não sejam. Adoro os Açores, sinto-me confortável lá, bem como no Porto e em Peniche. Mas é diferente. As ondas da Figueira [da Foz] e as da Ericeira são as que me dão mais 'pica' para entrar e competir. Destacam-se e gosto mais.

Ainda assim, foi em Peniche que conseguiu sair a sorrir [no passado mês de outubro]...

Exatamente. Foi em Peniche (risos). Nos primeiros dois dia,s deparei-me com uma esquerda point break, que não é a minha onda preferida, mas não é isso que importa. É a maneira como entramos. A cabeça importa muito e penso que, mentalmente, estou preparado para qualquer tipo de ondas. Independentemente de onde sejam as provas, estou preparado.

A garra, a confiança e a inteligência são os aspetos que eu mais aprecio em mim

Considera que pode revalidar o título de campeão nacional este ano?

Acho que sim. Tenho trabalhado muito os aspetos e pontos mais fracos que tive, em 2022, desde os físicos aos mentais. A minha pré-época foi muito boa. Acabei por ir para o Hawai durante um mês de estágio. Por isso, sinto-me ainda mais preparado do que aquilo que estava em 2022 em todos os aspetos. Acho que vai correr bem, não só a nível nacional, como internacional.

Quais as suas melhores valências no surf?

Não sei... No surf, gosto de ser eu mesmo. Não sou uma pessoa de muitas palavras, mas sinto que, quando vou surfar, é realmente o momento em que mostro aquilo que sou. Posso ser uma pessoa muito tímida, mas, quando estou dentro de água, seja a competir ou em free surf, mostro muita garra e não gosto de perder. Gosto de mostrar que quero ganhar. A garra, a confiança e a inteligência são os aspetos que eu mais aprecio em mim.

Com apenas 21 anos, quais são os sonhos por realizar?

Acho que, antes de chegar ao WCT, gostava de ter uma oportunidade de participar no WTC de Peniche, que acabou de acontecer [entre os dias 8 e 18 de março]. Diria que é o meu primeiro sonho. Sei que quero e vou lá chegar, mas não quero saltar passos. Será apenas um dos primeiros sonhos da minha carreira, que vai ser muito comprida.

Leia Também: Surf no meio dos tubarões? "A maior aventura da minha vida"

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