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"Estreia pelo Benfica? Se levas um jogador para estágio, dá-lhe minutos"

Em conversa com o Desporto ao Minuto, Pêpê Rodrigues recordou o período de formação no Benfica, clube onde não chegou a fazer a estreia pela equipa principal, embora ainda tenha sido convocado para um estágio de pré-época antes de deixar as águias.

"Estreia pelo Benfica? Se levas um jogador para estágio, dá-lhe minutos"
Notícias ao Minuto

07:36 - 22/03/23 por Miguel Simões

Desporto Exclusivo

Com apenas 12 anos, Pepê Rodrigues assinou pelo Benfica e mudou-se de Viseu para Lisboa em 2009, porém, o objetivo de se estrear na Luz pela equipa principal nunca chegou a concretizar-se.

Em conversa com o Desporto ao Minuto, o médio que se encontra a representar o Cartagena por empréstimo do Olympiacos deu conta da conversa que teve com Rui Vitória em 2017, após um estágio na Suíça em que acabou por não ter qualquer minuto em campo. 

Após uma temporada de destaque ao serviço da equipa B, Pêpê Rodrigues sentiu que estava na altura de dar o próximo passo e acabou por ser cedido ao Estoril, onde se estreou pela equipa B, seguindo-se um empréstimo ao Vitória SC, tendo acabada por ficar a título definitivo em Guimarães.

Além da experiência na formação das águias, o médio português partilhou, ainda, as sensações de ter partilhado balneário com jogadores que acabariam por vingar no futebol de elite e até mesmo na seleção nacional, tendo destacado João Félix e Rúben Dias.

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A exigência e a oportunidade que não teve

Com legítimas ambições em chegar ao futebol sénior e representar a equipa principal do Benfica, Pêpê Rodrigues vincou os ensinamentos no período da formação, sobretudo fruto do grau de "exigência" com "disciplina" e "condições excecionais".

"É um clube que exige muito, não só a nível da performance, como da disciplina. Havia horários para tudo, para comer, ir para as salas de estudo após as aulas e ir dormir. Crescemos muito enquanto seres humanos e até somos obrigados a isso. O facto de estar na academia com 13 anos e viver com pessoas de 14, 15, 16 e 17 leva-nos a criar uma família e vamos aprendendo todos os dias uns com os outros, com idades diferentes, tanto nas coisas boas, como nas más", atirou, antes de realçar as condições oferecidas pelo emblema da Luz: "As condições que o Benfica tem são excecionais e temos tudo para evoluir como jogadores e seres humanos".

Apesar de todas as bases para chegar ao topo, a convocatória para um estágio onde não teve qualquer minuto em campo, às ordens de Rui Vitória, levou-o a admitir que foi algo que ficou por cumprir, rejeitando qualquer sentimento de frustração.

"Não me sinto frustrado. Claro que gostava de tê-lo feito, principalmente por ter estado numa pré-época [na equipa principal] em que fui para estágio e não tive nenhum minuto. Cada treinador tem a sua maneira de ver as coisas, mas do meu ponto de vista, se levas jogadores para estágio, pelo menos, dá-lhes minutos. Podem dizer o que disserem, mas um treino nunca vai ser o mesmo do que um jogo. É a minha opinião. A vida seguiu e eu tenho feito o meu caminho. Espero continuar a fazê-lo por muitos anos e conquistar coisas boas", assinalou.

Notícias ao Minuto Pêpê Rodrigues estreou-se pela equipa B em 2015/16 e acabou por se destacar na época seguinte.© Global Imagens  

O leque de opções para a sua posição no plantel principal, em 2017/18, acabou por ser justificação para a "conversa muito séria" entre o médio e o treinador das águias, conduzindo à decisão de sair por empréstimo para o Estoril, na primeira experiência de I Liga.

"Lembro-me que tinha feito toda a época [2016/17] na equipa B, fui para estágio na Suíça, na temporada seguinte, e quando voltámos fui emprestado ao Estoril. Chegámos da Suíça e o Rui Vitória teve uma conversa muito séria comigo em que me disse que, naquele momento, não estava a contar comigo para o plantel principal, apesar de dizer que eu tinha qualidade e tal. Na altura estava o [Ljubomir] Fejsa, o [Andreas] Samaris e o Filipe Augusto. O [Ljubomir] Fejsa era dispensável para ele, o Samaris ia jogando e entre mim e o Filipe Augusto, não era a prioridade", recordou.

"[Rui Vitória] Disse-me de forma muito sincera 'Tens duas possibilidades. Ou és emprestado a um clube de I Liga ou então, por mim, seria uma boa opção continuares na equipa B e a qualquer momento podes vir treinar connosco. Se achar que estás preparado para ir a jogo, vens'. Eu agradeci, mas tinha acabado de fazer 40 jogos pela equipa B e, na minha cabeça, ficar mais uma época na equipa B até podia dar essa oportunidade, só que ficava estagnado. Achei melhor experimentar a I Liga, com outra experiência e exigência. Não me arrependo", frisou.

De Félix a Rúben Dias. O talento que emergiu no Seixal

Em diferentes camadas jovens, Pêpê Rodrigues cruzou-se com atletas com Rúben Dias, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Nélson Semedo e João Félix, tendo admitido que, individualmente, já sentia que dali poderiam surgir grandes jogadores a atuar na elite do futebol europeu.

"Foram jogadores que sempre representaram as seleções nas camadas jovens. Se o conseguiram é porque têm capacidade para atingir esse nível, embora nem sempre seja assim. Se me dissessem que o Rúben Dias ia ser um dos melhores centrais do mundo, não sei, nem sequer pensei nisso, mas se calhar não. Se me dissessem que o [João] Félix ia ser vendido por 120 milhões de euros, se calhar não [o diria], mas sabia que eles tinham capacidade para chegar ao futebol profissional e demonstrar as suas capacidades, isso sim", começou por vincar sobre o assunto.

"Se um jogador chega ao Benfica e daí vai para o Norwich ou para o Manchester United isso já depende do jogador, mas também muito de como o clube [Benfica] está ou do treinador. Temos o exemplo do [João] Félix. O [Bruno] Lage entra e aposta nele numa altura em que ele não estava na equipa principal. Depois faz cinco ou seis meses na Luz e é vendido por 120 milhões. Depende de muitos fatores. O futebol é momento e há muita coisa no futebol que interfere se consegues ou não chegar lá", acrescentou.

Notícias ao Minuto João Félix e Rúben Dias destacaram-se em 2018/19 e não tardaram em dar o salto para o lote dos 'tubarões' europeus.© Getty Images  

Optando por destacar os nomes dos dois jogadores que se cruzaram na formação principal do Benfica em 2018/19, o médio que joga atualmente no Cartagena recorreu à 'velha' comparação entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi para distinguir o talento inato do trabalhado.

"O João Félix é fácil de destacar porque é um miúdo com muito talento. É aquele jogador em que olhamos e percebemos logo isso. Mas também devo destacar o Rúben Dias. Chegou onde está com muito trabalho, muita resiliência e, claro, tem de ter a qualidade associada a tudo isso", afirmou, antes de recorrer à comparação entre os dois astros do futebol mundial.

"Não estou a dizer que o João Félix não tenha de trabalhar muito, mas é um jogador diferente. É quase como olharmos para o [Cristiano] Ronaldo e para o [Lionel] Messi. Vê-se que o [Cristiano] Ronaldo trabalhou muito para chegar onde chegou, enquanto o [Lionel] Messi quase que parece que nasceu com aquilo. Não tiro o mérito de um ou de outro".

"Camadas jovens da seleção? Se eu estivesse no Académico de Viseu, muito dificilmente seria convocado"

Apesar de ter visto alguns colegas a ter as oportunidades de que não dispôs, Pêpê Rodrigues sente que o Benfica foi uma boa 'montra' para o jogador que é atualmente, bem como para representar as camadas jovens de Portugal, à semelhança de muitos dos talentosos atletas que emergiram do Seixal.

"Se eu estivesse a jogar no Académico de Viseu, muito dificilmente seria convocado. Há casos e casos. Lembro-me que, numa das vezes, na minha seleção, eram 12 só do Benfica, mais quatro do FC Porto, dois ou três do Sporting e um do Vitória SC e um do [Sporting de] Braga", atirou.

"A nossa evolução como jogadores também difere entre treinar com os que têm mais capacidades ou os jogadores que andam por ali só porque os pais querem.  Seja como for, dificilmente pensavam em convocar um jogador do Académico [de Viseu] que estivesse a competir com equipa mais fracas", reforçou.

Entre 2014 e 2018, o médio português teve a oportunidade de representar diversos escalões da seleção por 43 vezes, com o registo de seis golos, embora nenhum tenha acontecido ao serviço dos sub-21, onde rubricou 10 internacionalizações. Terá ainda Pêpê Rodrigues a possibilidade de voltar a vestir a camisola da seleção nacional?

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