"Num torneio de curta duração, a dimensão mental é claramente aquela que preside em relação às restantes três dimensões de rendimento, porque o primeiro resultado vai logo condicionar a equipa para os outros dois encontros. Tem de haver grande solidez mental para aguentar um resultado negativo inicial, assim como para conviver com um resultado positivo e abordar os jogos seguintes de forma serena e confiante, mas com sentido de responsabilidade", sustentou à agência Lusa o atual técnico dos brasileiros do Botafogo.
A 22.ª edição da prova realiza-se no Qatar, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, em plena temporada 2022/23, com Portugal a defrontar Gana (24 de novembro), Uruguai (dia 28) e Coreia do Sul (02 de dezembro), orientada pelo treinador luso Paulo Bento, no Grupo H.
"Os atletas que estão nas seleções dos vários países são bem servidos técnica, tática e fisicamente, caso contrário não estavam ali nem seriam chamados. Sendo aquela que os treinadores menos controlam e é menos visível, a dimensão mental será determinante num torneio de curta duração", adicionou o técnico, de 61 anos, que já orientou Penafiel, FC Porto, Rio Ave, Desportivo de Chaves e Vitória de Guimarães, na I Liga portuguesa.
Por causa do clima desértico do Qatar, com temperaturas médias de 50 graus celsius no verão, o Mundial2022 vai gerar uma inédita interrupção da maioria das provas de clubes, encolhendo a preparação das seleções para uma semana, em vez das tradicionais três.
Se as 48 partidas da primeira fase estão espalhadas por 13 dias, contra os 15 gastos na última edição, em 2018, na Rússia, o campeonato do mundo do Qatar nem chega sequer a perfazer um mês de duração, contexto observado pela última vez em 1986, no México.
"Acho que é muito pouco tempo para os selecionadores colocarem as últimas dinâmicas nas equipas, pois há sempre muitas coisas a trabalhar nos diferentes momentos do jogo. Na minha opinião, vai haver falta de tempo para isso ser feito no espaço de treino. Uma ferramenta fundamental passará certamente pela observação, análise e apresentação de vídeos e imagens sobre os adversários e as tarefas da equipa. Sendo decisiva, como foi sempre, acho que neste Mundial será mais notória a sua relevância", frisou Luís Castro.
Como "vantagens" para os técnicos surgem a extensão das convocatórias de 23 para 26 atletas e a hipótese de serem feitas cinco substituições em três momentos diferentes do jogo, medidas que já foram aplicadas durante o Euro2020, decorrido em 2021, devido à pandemia de covid-19, para se estrearem agora na principal prova mundial de seleções.
"Podemos mudar o rumo do jogo e a cara da equipa com cinco alterações. Sou do tempo em que havia duas, que passaram a três e agora são cinco. Muitas vezes, já se sente o impacto criado por uma troca. Fica mais forte com duas. Imaginem com cinco", concluiu.
Desde há três anos a trabalhar no estrangeiro, Luís Castro foi campeão ucraniano com o Shakhtar Donetsk (2019/20) e venceu a Taça do Emir do Qatar pelo Al-Duhail (2021/22), antes de rumar ao Botafogo, do principal escalão da única nação pentacampeã mundial.