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"Férias" em Portugal e voos em Wisla. Arranca o Mundial de saltos de ski

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Martin Schmitt, um dos maiores nomes da história da modalidade, explica o que é possível esperar da nova luta pelo Globo de Cristal.

"Férias" em Portugal e voos em Wisla. Arranca o Mundial de saltos de ski

É já este fim de semana, na cidade polaca da Wisla, que arranca mais uma temporada da Taça do Mundo de saltos de ski, e a expetativa, claro está, passa por assistir a grandes 'voos'. No entanto, numa primeira fase, recomenda-se... calma.

Quem o diz é Martin Schmitt, um dos maiores nomes da história da modalidade. Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, o alemão fez as suas apostas quanto aos possíveis vencedores do Globo de Cristal, numa época que começará mais cedo do que nunca.

O ex-esquiador, que se sagrou campeão do mundo, em 1998/99 e 1999/00, e campeão olímpico, em 2002, revelou, ainda, os segredos para ter sucesso nesta modalidade, assim como os nomes que teve como inspiração ao longo da carreira.

Notícias ao Minuto Martin Schmitt sagrou-se campeão olímpico, em 2002, em Salt Lake City© Getty Images  

Adaptei-me ao estilo em V quando toda a gente era campeã com os esquis em paralelo

Praticou saltos entre 1997 e 2014 e títulos não lhe faltaram. Enquanto miúdo, esperava ter tanto sucesso?

Sonhei com isso, claro, mas nunca esperei vencer competições mundiais. Claro que, enquanto criança, brincas e tentas imaginar como seria conquistar uma prova mundial. Quando treinava com os meus amigos, víamos o Mundial, íamos para a pista e imaginava que era o Jan Boklov. Adaptei-me ao estilo em V quando toda a gente era campeã com os esquis em paralelo. Na altura, só Jan Boklov saltava assim. Eu sofria deduções de pontos devido ao toques, mas tinha vantagem e melhorei os meus saltos, durante a infância. Foi bom seguir as pisadas de Jan Boklov.

Como vê a evolução da modalidade?

Desde que parei, houve algumas mudanças ao nível das regras e dos fatos. Os saltos e o estilo mudaram um bocado. O lançamento é, relativamente, o mesmo, embora, talvez, um pouco mais agressivo do que nos meus últimos anos de competição, porque o equipamento permite fazê-lo. É possível ser um pouco mais agressivo, pelo que é importante assumir a posição certa o mais rapidamente possível. Durante o salto, os pés estão mais afastados, o que também é diferente do que era durante a minha carreira.

O que é preciso para ser um grande saltador?

Tens de ser, fisicamente, forte. Tens de ter poder de salto, de ser explosivo desde o lançamento, de ser muito leve... Não podes ter muito peso corporal, basta teres força o suficiente nas pernas para fazer um lançamento poderoso.

Nos últimos anos, vimos grandes saltadores 'desaparecer' nestes palcos, mas também o aparecimento de várias surpresas. Como explica isto?

É uma questão de confiança. Isso é muito importante nos saltos de ski. Desces a rampa a 90 km/h e tens seis metros para fazer o lançamento. Tens de fazê-lo com toda a confiança e controlar tudo. O desafio passa por fazer com que pareça fácil sem controlar, ativamente, os movimentos do lançamento. Limitas-te a ir e tens de saber que o estás a fazer bem feito. Depois, tens um grande salto, e é importante alcançar bons resultados. Durante a competição, tens de ter toda a confiança de que vais conseguir responder à altura. Na nossa modalidade, especialmente, não temos tantos saltos para treinar. Fazemos cerca de 600 saltos de treinos por ano, por isso, não temos muitas repetições para alcançar aquele movimento estável. Agora, perguntas-me 'Por que não fazem mais?'. Num dia de treino, consegues fazer, talvez, 12 ou 14 saltos. É tão exaustivo do ponto de vista mental que não consegues manter o nível mais alto possível. Não tens muitas repetições, por isso, o movimento não é muito estável.

Quais foram as suas principais inspirações enquanto construía uma carreira nesta modalidade?

Enquanto criança, era Matti Nykanen, da Finlândia. Era um saltador incrível, com muito sucesso. Tinha um estilo especial e era o meu grande herói. Mais tarde, foi Dieter Thoma, que foi como um irmão mais velho, quando cheguei à Taça do Mundo. Tomou conta de mim e mostrou-me como fazê-lo.

Notícias ao Minuto Martin Schmitt é o especialista de saltos de ski do Eurosport© Eurosport  

Portugal? Só para passar férias

Portugal não tem grande tradição nos saltos de ski. Alguma vez praticou por cá?

Não, só fui mesmo para passar férias (risos).

Se tivesse um amigo português, de que forma o convenceria a praticar saltos de ski para que Portugal ficasse marcado no mapa das principais provas da modalidade?

Seria uma ideia... Talvez tenhas de tentar, uma vez (risos). Talvez começássemos numa pista mais pequena.

Com o Mundial de futebol agendado para novembro e dezembro, o arranque da Taça do mundo de saltos de ski acabou por ser antecipado, de tal forma que nunca a prova começou tão cedo. Isso poderá ter consequências na prestação dos atletas?

Acho que não tem uma grande influência nas equipas. É um pouco mais cedo e estão mais pressionadas para ganhar forma para a temporada, mas, depois de Wisla, têm algumas sessões de treino. Se o primeiro fim de semana não for aquilo de que os saltadores estão à espera, têm a possibilidade de voltar aos treinos antes de começar a sério. Não é nada de significativo para as equipas, mas será interessante de se ver. Estou muito entusiasmado por ver como é que os rapazes se dão.

Quem são, na sua opinião, os favoritos à conquista do Globo de Cristal?

Penso que o Ryoyu [Kobayashi] está muito forte. Dawid Kubacki melhorou ao nível do estilo. Tendo em conta os bons resultados que alcançou no verão, deve estar confiante para o inverno. Mas há muitos outros. Nós, os alemães, podemos chegar ao pódio. Há os eslovenos, os noruegueses, os austríacos... No fim de semana, saberemos melhor. No primeiro treino, dará para ver quem está lançado.

Sven Hannawald foi o último saltador alemão a vencer os Quatro Trampolins. Está na altura de a Alemanha voltar a vencer?

Nos últimos anos, estiveram perto, mas ninguém conseguiu alcançar o título. Vão tentar novamente, este ano. Em primeiro lugar, têm de começar bem a temporada. Agora, têm Karl Geiger, Markus Eisenbichler e Andreas Wellinger, que conseguiram alcançar pódios. Destes três, Andreas Wellinger é aquele que, mentalmente, está mais preparado para vencer, mas tem de ganhar forma, primeiro.

Como está a viver este desafio, enquanto comentador do Eurosport?

Sinto-me muito bem. Estou ansioso pelo início da temporada. Vai ser interessante, gosto muito de comentar, no Eurosport. É ótimo continuar envolvido na Taça do Mundo de saltos de ski e de falar da modalidade que adoro.

Leia Também: Uma campeã olímpica, distrações e... CR7. Aí está o Mundial de ski alpino

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