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"Não estava à espera daquilo que encontrei aqui em Israel"

Pedro Nuno aceitou o convite de Maccabi Bnei Raina e mudou-se de malas e bagagens para Israel. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o jogador português de 27 anos explica ter ficado agradado com aquilo que encontrou naquela que é a sua primeira experiência além-fronteiras.

"Não estava à espera daquilo que encontrei aqui em Israel"
Notícias ao Minuto

08:11 - 04/07/22 por Francisco Amaral Santos

Desporto Exclusivo

Pedro Nuno aceitou o convite para rumar a Israel e jogar no Maccabi Bnei Raina, isto depois de uma época recheada de dificuldades no Belenenses SAD. O jogador português de 27 anos vai, assim, ter a sua primeira experiência no estrangeiro e não esconde o entusiasmo por estar agora num novo país e prestes a disputar um novo campeonato. 

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Pedro Nuno traça os objetivos para esta nova aventura na carreira e explica os motivos que o levaram a aceitar a mudança para solo israelita. 

Pelo meio, o extremo natural da Figueira da Foz recorda a grave lesão que sofreu na temporada 2020/21, ao mesmo tempo que lamenta não ter tido oportunidades no Benfica, clube no qual fez formação e do qual chegou a fazer parte dos quadros anos mais tarde. 

Tinha a necessidade de sair da minha zona de conforto

Como estão a correr estes primeiros dias em Israel? 

Sinceramente, têm sido muito bons. É a minha primeira vez a jogar fora de Portugal e não estava à espera daquilo que encontrei aqui em Israel. Fiquei muito surpreendido, pela positiva. As pessoas são muito acolhedoras, a comida é bastante boa e está sempre muito calor. Ainda estou a adaptar-me a isso e nos treinos custa-me um pouco a respirar, mas no geral tem sido muito bom. 

O que o levou a aceitar o convite de se mudar para Israel? 

Sair de Portugal era algo que eu queria há algum tempo e entretanto surgiu esta proposta para ir para Israel. Tinha a necessidade de sair da minha zona de conforto. É um clube recente, com apenas seis anos e que subiu de divisão quatro vezes seguidas. Achei interessante o projeto que me foi apresentado. Não conheço a língua, mas aceitei pelo desafio. Estou muito feliz por estar aqui e estou ansioso por começar a jogar no campeonato. 

E que impressões tem tido das instalações do clube? 

Como já disse, o clube é recente mas não nos falta nada. Estamos a treinar num campo que não é o nosso, porque para a semana vamos sair para estágio na Sérvia. Só depois é que vamos treinar nas nossas instalações. Ainda não tive a oportunidade de treinar lá, nem de conhecer, mas em termos de condições não tem faltado nada. 

Como é que comunica com os novos colegas de equipa? 

Através do inglês e ainda estou a adaptar-me um bocado a isso. Na minha vida nunca tinha precisado de falar inglês de forma regular e percebo melhor do que aquilo que falo, mas os meus colegas têm falado comigo desde o primeiro minuto. É importante para mim por ser a minha primeira vez fora de Portugal. 

Antes de aceitar a proposta do Maccabi Bnei Raina tentou falar com alguém que tivesse experiência no futebol israelita? 

Fui falando com algumas pessoas e deram-me sempre um feedback positivo relativamente à vida em Israel. Ou seja, fui para Israel com algumas luzes, mas quando cheguei foi completamente diferente daquilo que eu estava à espera. Surpreendeu-me bastante. 

Tinha outras propostas em cima da mesa? 

Proposta concreta tinha esta. Antes houve algumas coisas que poderiam acontecer, mas não aconteceram. Eu também queria resolver a minha vida rapidamente e quando surgiu esta oportunidade aceitei. Estou muito feliz. Agora tudo depende de mim para que as coisas corram bem. 

Quais os objetivos do Maccabi Bnei Raina para a nova época? 

Quando uma equipa sobe de divisão, o objetivo imediato passa por garantir a permanência para depois se pensar em algo mais. Mas também já ouvi que o presidente quer uma equipa para estar na Europa dentro de duas ou três épocas. É um presidente ambicioso e o plantel tem jogadores com muita qualidade. Acho que poderemos fazer uma gracinha, como se costuma dizer (risos). 

E em termos individuais, o que tem traçado? 

O meu objetivo é fazer uma boa época com mais golos e mais assistências. Jogar mais vezes e ser mais regular porque a época passada foi difícil para mim, porque vinha de lesão grave. Espero sinceramente fazer uma boa época aqui para depois ir para outro patamar aqui. 

Notícias ao Minuto Pedro Nuno completou um total de 33 jogos ao serviço do Belenenses SAD, marcando cinco golos. © Getty Images  

Falou de uma época difícil no Belenenses SAD. Além da questão física, também foi pesada em termos mentais? 

Sim... Quando somos jogadores gostamos de nos sentir bem dentro de campo. Aconteceram muitas coisas no clube e muitas delas são públicas. Não foi fácil gerir isso tudo e acabámos por entrar na luta pela permanência quando já ninguém esperava. Infelizmente não conseguimos. Ainda assim, acho que fizemos uma boa recuperação. Houve um conjunto de várias coisas que ditaram a descida. 

De alguma forma isso também o ajuda a evoluir enquanto jogador e a nível pessoal? 

As experiências que vamos tendo na vida, sejam boas ou más, ajudam-nos a crescer e a evoluir. No Belenenses SAD tive mais uma e agradeço a oportunidade que me deram, porque não é fácil contratar um jogador que veio de uma lesão de oito meses. Fico grato por isso, mas saio de consciência tranquila. Dei sempre tudo de mim e tentei ajudar da melhor maneira. 

Moreirense? Com a lesão não foram muito corretos comigo

Falando dessa grave lesão no joelho. Como é que geriu essa parte difícil da sua carreira, numa altura em que estava a ser uma das figuras do Moreirense? 

Não foi fácil. Comecei muito bem naquela época, a fazer golos e boas exibições, e depois... é quase como cortassem as nossas pernas. É como disse anteriormente. Boas ou más, as experiências servem para evoluirmos enquanto pessoas. Foi um momento muito difícil. Não digo que me abandonaram, mas a recuperação não foi muito fácil para mim. Mas isso são águas passadas e agora só penso em dar o máximo aqui em Israel. 

Mas guarda boas memórias de Moreira de Cónegos?

Claro que sim! Fiz muitos amigos lá e as pessoas no norte são muito acolhedoras. Fizemos sempre grandes épocas. É mais um clube do qual saí com a consciência tranquila. Sempre fui muito profissional e sempre dei tudo. Com a lesão não foram muito corretos comigo, mas isso já passou. Eu foquei-me em recuperar bem e acabei por ir para o Belenenses SAD. Agora sinto-me com um joelho novo (risos). 

Já não sente qualquer tipo de limitação ou dor? 

Não, não. Podia ter corrido pior, mas felizmente tive a ajuda do Tiago, que foi uma pessoa bastante importante na minha recuperação. 

Além do trabalho de recuperação física, de que forma trabalhou o lado mental para não se ir abaixo? 

Muitas das vezes nem ligava a televisão, porque não queria ver jogos de futebol. Isso faria com que eu pensasse que não poderia fazer aquilo que mais gosto: jogar futebol. E, claro, tive a ajuda da minha família. Não me deixaram cair. Foram muitos meses sem poder fazer aquilo que tanto gosto. Foi muito difícil. 

Antes passou uma época e meia em Tondela? Também guarda boas memórias? 

Sim. Cheguei a Tondela a meio da época e encontrei um grupo abalado, porque estávamos em último. Mas tínhamos uma crença enorme e conseguimos agarrar a permanência no último jogo graças a um golo. É dos momentos mais marcantes da minha vida. Ninguém acreditava em nós... Nos últimos sete jogos ganhámos cinco ou seis e ainda estávamos dependentes de terceiros. Foi extraordinário. Depois, na época a seguir, tivemos uma campanha mais tranquila e conseguimos a melhor classificação de sempre. Sinto que ajudei o clube naquela altura. 

Tive o privilégio e o prazer de jogar na Académica

No meio disto tudo, também é justo lembrar que foi na Académica que se estreou na I Liga... 

No ano em que a Académica desceu foi quando fiz a minha estreia na I Liga. Foi muito impactante para mim porque é um clube pelo qual tenho muito carinho. Fiz dois anos de formação lá e deram-me a oportunidade de jogar na I Liga e de fazer coisas bonitas. Num ano em que foi bom para mim, foi o ano em que a Académica desceu de divisão. Isso foi algo que me custou bastante. Espero sinceramente que voltem à I Liga o quanto antes. 

Presumo que não tenha ficado indiferente a esta descida à Liga 3. 

Claro que não. Sempre acompanhei a Académica, até porque tenho amigos a jogar lá. Quando eu percebi a situação, claro que fiquei um bocado tocado. Só espero que consigam a subida nesta nova temporada e que depois voltem à I Liga. Espero que as pessoas de Coimbra ajudem o clube. Tive o privilégio e o prazer de jogar lá. É mais um marco para mim. 

Não guardo qualquer tipo de mágoa ao Benfica

Na formação também passou pelo Benfica, voltando mais tarde ao clube embora sem nunca ter jogado. Por que razão não teve essa oportunidade? 

Isso não dependia só de mim. Não houve essa oportunidade, mas também não fui abaixo por isso. Continuei a fazer o meu trabalho. Claro que eu queria ter tido uma oportunidade, nem que fosse na pré-época. Segui o meu caminho e acabei por sair para o Moreirense. Poderiam ter acontecido outras coisas. Faz parte da vida de um jogador. 

Ou seja, não guarda mágoa por não ter tido essa oportunidade? 

Não. Sempre tive na cabeça que o que tiver de ser, será. Fazendo o meu trabalho, as coisas vão acabar por acontecer. Não guardo qualquer tipo de mágoa. Gostaria imenso que tivessem acontecido outras coisas, mas pronto. 

Essa forma de estar, de acreditar que as coisas têm o seu tempo certo, foi algo que foi ganhando com a experiência e a idade? 

Também, mas naquela altura na Académica aconteceram várias coisas. Se calhar, as coisas foram mal geridas e não aconteceram. Mas nunca me deixei ir abaixo. Sempre fui bastante forte psicologicamente. Agora estou feliz em Israel e só espero que as coisas corram bem. 

Imagina-se a ficar em Israel por muitos anos?

Sinceramente não sei, porque o futuro é sempre uma incógnita. Mas é um país muito bom para se viver. A Liga ainda não conheço bem, mas se tiver que ficar aqui, ficarei. O que importa é que seja feliz. Seja em Israel ou noutro país. 

Se tivesse que se apresentar aos adeptos, o que lhes diria?

Diria que sou um jogador que gosta do último passe, de chutar à baliza e de fazer golos. Sou um jogador com boa capacidade de remate e visão de jogo. Aquilo que posso prometer é que vou trabalhar ao máximo e dar tudo de mim. Quero retribuir o carinho que as pessoas me estão a dar desde o primeiro dia. Prometo trabalho e dedicação.

Leia Também: "Quero mostrar o meu valor na Turquia e sei que posso fazer a diferença"

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