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Do skate ao surf: "Parti o braço, ganhei medo e abracei esta modalidade"

O arranque da terceira etapa do campeonato nacional de surf, na Ericeira, coincide com a celebração do Dia de Portugal e o Desporto ao Minuto falou com João Moreira, jovem promessa no panorama do surf português, com ambições renovadas para futuros desafios.

Do skate ao surf: "Parti o braço, ganhei medo e abracei esta modalidade"
Notícias ao Minuto

08:01 - 10/06/22 por Miguel Simões

Desporto João Moreira

O Campeonato Nacional de Surf está de volta à Ericeira neste fim de semana prolongado, entre os dias 10 e 12 de junho, numa terceira etapa da prova que promete muitas emoções. O jovem surfista João Moreira tem crescido a passos largos na modalidade e não esconde a ambição de triunfar na Praia Ribeira D'Ilhas.

Em conversa com o Desporto ao Minuto, João Moreira traçou o seu percurso no surf até ao panorama atual, recordou algumas conquistas nacionais e internacionais, renovou ambições para desafios futuros e ainda deu a conhecer a forma insólita como foi parar à paixão pelas ondas.

"A paixão pelo surf já me corria no sangue porque o meu pai [Miguel Moreira] é surfista e, desde pequenino, eu ia com ele para a praia e via-o a surfar. Tive um contacto bem tenrinho [risos], posso dizer", começou por dizer.

Dos primeiros contactos até à competição, houve uma história que mudou o rumo do João, uma vez que abraçou o skate durante a infância e, repentinamente, acabou por largá-lo. "Só comecei a competir com 11 ou 12 anos, foi nessa altura que tive uma história engraçada. Antes era skater, só que depois parti o braço e ganhei uns medos. foi aí que passei para o surf. Comecei a levar mais a sério a partir dos meus 10 anos e quando fiz 11 anos fui campeão nacional pela primeira vez", contou.

As minhas expectativas são altas. Tenho andado a treinar e sinto que estou com bom ritmo. Estou a sentir-me bem comigo próprio. Quem sabe se posso conseguir o meu primeiro triunfo na Liga MEO Surf.

O surfista lisboeta parte para a terceira etapa do campeonato no quarto lugar, em função dos resultados na Figueira da Foz e no Porto, no passado mês de abril, mas nem por isso deixa de ambicionar vencer na Ericeira, admitindo ter "boa conexão" com a Praia de Ribeira D'Ilhas, curiosamente a que considera ser a segunda favorita em Portugal, apenas atrás de Carcavelos, onde deu os primeiros passos.

"As minhas expectativas estão altas. Quero alcançar um bom resultado já que estou numa boa posição do ranking. Tenho andado a treinar e sinto que estou com bom ritmo. Estou a sentir-me bem comigo próprio, portanto estou com as expectativas altas. Quem sabe se posso conseguir o meu primeiro triunfo na Liga MEO Surf. Até agora, o máximo que consegui chegar foi ao terceiro lugar, perto da final, mas não mais que isso", explicou o jovem.

"Nesta etapa da Ericeira, ao longo dos anos, tenho tido bons resultados, tenho crescido nessa etapa. Acho que tenho uma conexão muito boa com as ondas de Ribeira D'Ilhas, é uma etapa que é muito marcante para mim. Tenho uma ligação forte com o sítio em si. Tenho muitos amigos que vivem lá, passo lá imenso tempo e sinto-me confiante para esta etapa. Já competi mais de 15 vezes na Ericeira em toda a minha carreira, umas cinco ou seis como sénior", acrescentou.

Notícias ao Minuto João Moreira a competir para o campeonato nacional de surf.© DR  

A propósito disso, João Moreira aproveitou para especificar as diferenças em praticar surf nas praias portuguesas, junto ao Atlântico, por comparação a outros sítios pelo planeta fora.

"Há diferenças. Não só porque mudamos de oceanos em algumas ocasiões, com uma composição de água diferente, porque aqui em Portugal, por norma, as ondas têm mais força do que noutros sítios e temos de nos habituar, de levar outro tipo de material. Aqui, surfamos o ano todo de fato, mas há sítios em que o fazemos de calções, o que por acaso até joga a nosso favor por ser mais difícil surfar de fato", confessou, acrescentando logo de seguida preferir competir fora porque "há uma adrenalina maior ao ir para o desconhecido, apesar de mexer mais connosco por estarmos fora de casa".

O surfista de 23 anos frisou já ter competido em países como Estados Unidos da América, Panamá, Nicarágua, Cabo Verde, Japão, Israel e ainda em alguns europeus como França, Espanha e Inglaterra, tendo aproveitado para relembrar as provas mais marcantes. "Destacaria a do circuito amador em França, por ser um circuito com bastante nível europeu e conquistei um segundo lugar que mexeu muito comigo na altura. Motivou-me muito. Também me recordo do sexto lugar na Califórnia, a representar Portugal", atentou.

Além dessas conquistas, João Moreira recordou ainda os circuitos nacionais, na base entre os 12 e os 18 anos, como acontecimentos marcantes na carreira, uma vez que se sagrou "campeão nacional em quase todas as categorias que havia" e reiterou a ideia de ter apresentado "uma evolução bastante notável no início deste ano".

O surf é um desporto que acaba por estar ligado à sorte. Temos de ter uma boa ligação com o mar, com as pranchas. Além disso, temos de esperar pela onda certa, que pode não vir para ti, mas sim para outra pessoa. Às vezes torna-se meio frustrante.Quando questionado pelas características que o distinguem de outros surfistas, o jovem nascido em 1999 destacou a "veia criativa e o reportório vasto de manobras progressivas", mas também alertou para o fator "sorte" na modalidade.

"O surf é um desporto que acaba por estar ligado à sorte. Temos de ter uma boa ligação com o mar, com as pranchas. Era isso que me faltava antes. Acho que agora estou ao nível dos surfistas que estão no topo, o Vasco [Ribeiro], o Afonso Antunes, o Frederico Morais. Há depois algumas lacunas onde eles acabam por ser mais fortes do que eu, mas também tenho alguns pontos a meu favor. Neste jogo, tudo pode acontecer", afirmou.

"Além disso, temos de esperar pela onda certa. Essa onda pode não vir para ti, mas sim para outra pessoa. Às vezes torna-se meio frustrante, mas uma pessoa vai ficando habituada a lidar com isso e acho que tenho vindo a crescer muito nesse aspeto, ao saber lidar com as derrotas. Hoje em dia, não fico tão frustrado como ficava antes quando perco uma prova numa altura mais inesperada", acrescentou.

Notícias ao Minuto Surfista português de 23 anos tem crescido cada vez mais na modalidade, a nível nacional e internacional.© DR  

Falando do futuro, João Moreira confessou ter um sonho "desde pequenino", mas também frisou a ideia de ser importante manter os pés assentes na prancha, acreditando que as coisas surgirão "a seu tempo".

"Chegar ao WCT [World Championship Tour, em português circuito mundial de surf] é o meu maior sonho desde pequenino. Ainda tenho um percurso longo, mas a evolução tem sido constante e tudo é possível, desde que tenha o esforço e a dedicação necessários para talvez um dia alcançar, tal como o Frederico Morais e o Tiago Pires já lá estiveram. É para isso que trabalho", atirou.

"Tenho planos para o ano que vem. Quero atacar as principais etapas na Europa. A partir daí, é pensar noutros horizontes. Cada coisa a seu tempo", rematou.

Depois de ter conquistado o terceiro lugar na Figueira da Foz e de ter arrecadado a nona posição no Porto, João Moreira parte agora para a terceira etapa da prova, na Ericeira, com o objetivo em mente: vencer.

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