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"No dia em que Ronaldo trabalhar connosco vamos dar um passo astronómico"

A aposta no treino individual, fora do contexto dos clubes, tem crescido significativamente ao longo dos últimos anos. E Portugal não tem sido exceção. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Pedro Reuss, um dos co-fundadores da Individual Football Training, sublinhou a importância do projeto para os jovens que querem vingar e para os jogadores profissionais que não desistem de evoluir.

"No dia em que Ronaldo trabalhar connosco vamos dar um passo astronómico"
Notícias ao Minuto

08:07 - 24/05/22 por Miguel Simões

Desporto Exclusivo

A caminho da primeira década de existência, a Individual Football Training (IFT) tem conseguido afirmar-se no panorama português como uma opção de treino individual... fora do treino coletivo.

Com base em princípios técnicos sólidos e patentes numa metodologia própria, a IFT surge como uma alternativa aos atletas que têm por objetivo evoluir num contexto individual e externo aos clubes que representam, mas sempre numa lógica complementar ao treino. 

Sem qualquer tipo de interferência com a vertente tática, o projeto foca-se meramente no desenvolvimento da performance individual, de modo a potenciar os atributos não só dos jogadores profissionais, mas também dos jovens que pretendem vingar durante o período de formação.

Desde 2013, a IFT tem acolhido milhares de atletas, entre os quais estrelas como Bruno Fernandes, Alex Telles ou James Rodríguez, referências futebolísticas que insistem em voltar nas férias dos clubes que representam, fruto de todo o trabalho de análise minuciosa ao gestos técnicos (remate, passe ou receção) no treino.

Em conversa com o Desporto ao Minuto, Pedro Reuss, um dos co-fundadores da iniciativa que se foca no treino de guarda-redes, sublinhou a importância do projeto para os jogadores profissionais que não desistem de evoluir em períodos de suposto descanso, assim como para os jovens que querem vingar fora do treino habitual. São vários os nomes que começam a aparecer em destaque após passarem pela IFT, um projeto que tem crescido em Portugal e também além-fronteiras, como na Suíça ou em Singapura.

Fale-nos um pouco sobre a história e o conceito da IFT?

A IFT nasceu em 2013, a base veio da experiência que eu, o Alváro e o Francisco tivemos no estrangeiro, nomeadamente em Barcelona. Eles estão mais virados para os jogadores de campo, a minha área é mais treino de guarda-redes. Juntando tudo, acabámos por criar uma metodologia muito própria e muito específica, no que diz respeito à preparação dos jogadores. Os atletas conseguem progredir a nível individual para que, com as nossas ferramentas, também evoluam coletivamente. Passam a tomar melhores decisões, a ser jogadores mais completos e a resolver melhor os problemas que o jogo traz. No fundo, é isso que nós fazemos: dar-lhes ferramentas para solucionar problemas durante o encontro.

De que forma convenceu dezenas de técnicos a juntar-se ao projeto?

Numa fase inicial, eram todos aqueles que trabalhavam connosco e acreditavam naquilo que fazíamos. À base de amigos da área, que acreditavam na metodologia e achavam que fazia sentido. O processo, depois disso, foi natural. À medida que isto começa a ser conhecido, as pessoas começam a perceber que podemos ser uma mais-valia no treino dos jogadores no plano desportivo e que a nossa metodologia assenta em ferramentas úteis para eles poderem evoluir no seu trabalho. Depois vão havendo outros treinadores a ser procurados e selecionamos aqueles que, de facto, se podem enquadrar com a nossa ideia. Temos de ter determinado tipo de visão para perceber isso, uma perspetiva diferenciada.

Conte-nos como foi o processo de integração de jogadores profissionais como Bruno Fernandes, Alex Telles ou James Rodríguez.

Para nós, foi algo natural. Sabíamos que ia acontecer naturalmente. É lógico que os primeiros jogadores que nos visitam são acompanhados por treinadores nossos, que lhes dizem para ir experimentar. Um vai, o outro passa a palavra e acaba por chegar a todos. Por exemplo, o Bruno Fernandes foi colega de equipa e de escola do nosso treinador Mário [Ferreira], que lhe disse que era interessante e isso também deu um 'boost', como é óbvio, pela imagem que tem. O mais importante é que veio e ficou connosco. O James Rodríguez estava cá a fazer uma recuperação física e aproveitou. As redes sociais também fazem o seu trabalho. Eles veem, ficam a conhecer, experimentam e gostam. Fazem pré-época connosco, basicamente. O Diogo Dalot chegou-nos através de um parceiro nosso, que faz trabalho de avaliação física e recomenda-nos com base na nossa metodologia de treino técnico. A forma como se desenrola o treino é diferente, tal como as sessões deles nos clubes.

As 'estrelas' do futebol que passaram por este projeto sentiram-se ajudadas? Gostaram do que a IFT teve capacidade para oferecer?

A melhor forma que tenho de responder é que eles voltam sempre. Há uma paragem e eles voltam. É porque reconhecem o bom trabalho. O Dalot vai ter ainda agora uma paragem e vem trabalhar connosco em breve, com a convocatória da Liga das Nações à porta. Vem para se preparar. Os jogadores profissionais sabem que têm de fazer mais qualquer coisa para subirem níveis. E nós temos ferramentas para potenciar esse tipo de atletas, com base em necessidades e qualidades que tenham.

Os jovens sabem que, connosco, conseguem ser melhores. Se eles individualmente forem melhores, coletivamente também vão ser melhores. Eles sentem isso e nós somos parte fundamental na ajuda. Dar essa atenção individual é diferente.

Os jovens olham para a IFT como um extra crucial para o treino habitual?

Eu diria que a maioria sim. Os jovens sabem que, connosco, conseguem ser melhores. Automaticamente nós vamos querer tratar a relação deles com a bola, para se sentirem mais confiantes e capazes de resolver as coisas. Se eles individualmente forem melhores, coletivamente também vão ser melhores. Os jovens sentem isso e nós somos parte fundamental na ajuda. Dar-lhes essa atenção individual é diferenciador. É exatamente como na escola. Uma professora de matemática não consegue estar a olhar para 20 alunos da mesma forma, mas se eles forem a uma explicação conseguem ter outro nível de atenção. Isso faz toda a diferença para qualquer aluno, como para qualquer atleta.

Sente que, também a partir daqui, podem nascer grandes estrelas do futebol?

Não temos dúvidas. Dou-lhe um exemplo de uma estrela do futebol feminino. A Maria Negrão começou connosco com 8 anos e atualmente é campeã nacional pelo Benfica, mesmo sem ter jogado em grandes clubes para lá chegar. Ainda hoje, trabalha connosco aspetos individuais sempre que possível e sabe que somos uma excelente ferramenta. Outro caso é o do Florentino que foi para o Getafe e, desde que lá está, o Álvaro tem de ir com frequência a Madrid para fazer treino técnico e observação de jogo com ele, ajustando algumas correções porque ele sente que é uma boa ajuda para voltar ao Benfica ou dar um passo maior. Os jogadores reconhecem que nós somos uma mais-valia. Como é óbvio, não posso dar já dez casos de sucesso, mas se for tendo alguns já é ótimo.

Notícias ao Minuto Curso de verão com jovens na Individual Football Treining© IFT  

Estamos a falar de quantos atletas ligados à IFT?

Anualmente, passam por nós cerca de 12 mil atletas. Entre cursos de verão com jovens, jogadores que vêm do estrangeiro, acabamos por chegar a esses números. É lógico que há aqui uma componente de marketing associada, mas o facto de eles virem e de voltarem é muito potenciador e isso é reconhecido. Em breve vamos estar em Singapura a fazer cursos de técnico individual e, no fundo, é a parte cultural daquilo que é o negócio do futebol, já numa perspetiva além-fronteiras.

Que tipo de apoio existe para os jovens além do fator treino?

Nós temos vários serviços, com packs elaborados. As componentes técnicas não interferem com as táticas, porque isso compete aos treinadores das equipas onde eles jogam. Nós vamos avaliar a receção, dizer que o corpo devia estar posicionado de forma diferente, avaliar a forma de decidir de outra forma, capacitar para esse tipo de decisões. Não vamos dizer que o jogador devia fazer um passe para determinado local, porque isso é a parte tática e não queremos interferir. Só interferimos na relação técnica com a bola, o espaço e a orientação. Temos ainda serviços como o mental coaching com um parceiro nosso, além de serviços relacionados com a condição física e a nutrição. Mas aquilo que nos distingue é o treino individual.

Existe concorrência nestes moldes do IFT? Quem?

Existir, existe. E é bom que assim seja. Permite-nos ser ainda melhores. Se experimentam num lado e depois preferem a IFT, é bom que se verifiquem tais diferenças. Mas não consigo reconhecê-la, apesar de saber que há outras entidades a fazer o que nós fazemos e, desde que nós aparecemos, vão abrindo e fechando algumas, o que é normal como em todas as áreas. Sinto que concorrência propriamente dita não há, mas não é demagogia, nem nada desse género.

O Bruno Fernandes treinou connosco antes dos play-offs de apuramento para o Mundial. Marcou dois golos cruciais nessa semana. Veio trabalhar connosco e resultou. Para nós, tudo isto é prazeroso.

O projeto começa por ser sediado no Porto e já se expandiu por mais zonas em Portugal. Quais em concreto?

Estamos em Lisboa e em Viseu. Começamos a dar os primeiros passos em Braga. Além disso, temos um polo na Suíça e outro em Singapura.

A expansão para outros países tem sido crucial para o crescimento do projeto? Tudo tem funcionado através de parcerias?

Em termos de negócio, diria que sim. As parcerias no estrangeiro são fundamentais, como é o caso do Canadá, onde estamos em vias de abrir. Para a área técnica, diria que no nosso país isto é mais do que suficiente, até porque nós somos diferenciadores no futebol a todos os níveis, tanto no de jogadores, como no de treinadores.

O que levou o Pedro a ser um dos dinamizadores desta iniciativa?

Nós reconhecemos que havia uma lacuna nesta área. Falando num caso mais concreto, o Francisco treinava os sub-10 do Boavista e o guarda-redes deles tinha algumas debilidades, pelo que ele me pediu para que quando houvesse disponibilidade ajudasse a treinar o guardião dele. Nesta sinergia, havia aqui possibilidade de criar algo único e complementar a todas as equipas, sem interferir com os clubes. No início, foi difícil, porque queríamos que os clubes percebessem que nós não andávamos a 'roubar' jogadores. Assim que perceberam o nosso objetivo, tudo se tornou natural. As parcerias com os clubes seguiram esse caminho e já costumamos a ir determinados sítios fazer treinos.

Qual é o sabor de estar por de trás desta missão de ajudar jovens e jogadores profissionais nesta busca por outros objetivos?

É um prazer enorme. Por exemplo, o Bruno Fernandes treinou connosco antes dos play-offs de apuramento para o Mundial e, curiosamente, nós víamos que ele não estava ao seu melhor nível na seleção, mas marcou dois golos cruciais nessa semana. Veio trabalhar connosco e resultou. Para nós, tudo isto é prazeroso, como ver o crescimento de todos os envolvidos. É lógico que cada vez que um jogador como o Ricardo Pereira vem trabalhar connosco, isso dá-nos mais visibilidade. No dia em que o Cristiano Ronaldo trabalhar connosco, que já esteve mais longe, aí vamos seguramente dar um passo astronómico. Bastará um vídeo publicado numa rede social como o Instagram e já é outro nível. O Manchester United até o fez recentemente, com o Bruno Fernandes, identificado connosco. O clube sabe que o jogador se cuida e fica solidário com a situação, sem precisar de confrontá-lo com o que anda a fazer fora do treino. Isso é importante.

Leia Também: "Voltar a Portugal? Antes diria que não, mas agora tenho pensado nisso"

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