Jorge Jesus voltou a abordar, em entrevista ao programa Bem, Amigos!, da estação televisiva brasileira SporTV, a saída do Flamengo em julho de 2020, culpando a pandemia da Covid-19 pelo regresso a Portugal durante aquele que foi o "o auge da carreira" de treinador de futebol.
"O Flamengo foi o auge da minha carreira. Apesar de treinar a maior equipa em Portugal, com dez títulos no Benfica, a minha passagem pelo Flamengo, para mim, é histórica, não só nos títulos, mas pela relação que tive com os jogadores. Eu nunca tive jogadores que diziam que me amavam. E [no Flamengo] diziam que me amavam", começou por dizer Jesus.
"Foi no momento da pandemia. Eu ainda fui a Portugal, tive férias, voltei e a pandemia continuava. Era tudo desconhecido, ninguém sabia o que era a covid-19. Fiquei sozinho em casa e o meu motorista, que era do Flamengo, ia comprar a comida e deixava à porta. Parecia que era um leproso. Não podíamos ter contacto. E isso foi durante muitos dias, comecei a pensar nos meus filhos. O principal problema foi esse, caso contrário nunca teria saído do Flamengo", acrescentou.
Na mesma conversa, Jorge Jesus falou do legado que deixou no Flamengo, abordando ainda o tema do fair-play no futebol brasileiro, socorrendo-se de uma expressão que já tinha usado em Portugal.
"Não deixei nenhum [legado]. Quando eu chego a uma equipa eu levo a minha equipa técnica, portanto quando cheguei ao Flamengo o Marcos Braz disse que tinha o treinador [da comissão permanente], quatro nutricionistas, scout. Eu disse que não queria. Não queria ninguém ali, a minha equipa técnica faz esse trabalho todo, disse que só ia escolher algumas pessoas", atirou.
"Agora com 30 minutos de jogo já se estão a mandar para o chão, quando o guarda-redes está no chão o jogo pára. Há uma frase minha que é célebre em Portugal que diz que o fair play do futebol é uma treta. É uma mentira, não existe. Temos que ter respeito pelo jogo, pelo colega, mas não existe. Agora é mais difícil porque há VAR, mas se o avançado está na área, se tiver que cavar o penálti, enganar o árbitro, vai fazê-lo. E onde está o fair play dele? É uma treta", finalizou o treinador português.
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