Meteorologia

  • 18 ABRIL 2024
Tempo
17º
MIN 16º MÁX 25º

"Não sinto que haja a pressão do Mafra subir à I Liga"

Andrézinho é um dos jogadores em maior destaque nesta fase inicial da II Liga. Em entrevista ao Desporto ao Minuto, o avançado de 24 anos, que tem ajudado o Mafra a somar pontos, não esconde a ambição de chegar mais longe na carreira.

"Não sinto que haja a pressão do Mafra subir à I Liga"
Notícias ao Minuto

08:03 - 03/09/21 por Francisco Amaral Santos

Desporto Exclusivo

A II Liga ainda agora começou, mas já está ao rubro. Conhecido por ser um campeonato muito competitivo e equilibrado, a edição 2021/22 não tem desiludido os adeptos e já há quem esteja a dar nas vistas. É o caso de Andrézinho, jogador do Mafra que já soma dois golos e uma assistência em quatro jornadas e outro tento na Taça da Liga. 

A cumprir a segunda temporada com a camisola dos mafrenses, o jogador de 24 anos garante estar determinado em ajudar o clube a alcançar os objetivos definidos para esta temporada. 

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, Andrézinho admite, também, que sonha dar o salto para o máximo escalão do futebol português, mas garante ter os pés bem assentes na terra e frisa que não gosta dar passos maiores do que as pernas. 

Estamos todos a remar para o mesmo lado

Três golos e uma assistência nos primeiros seis jogos nesta nova temporada. Que balanço faz destas primeiras semanas? 

Eu acredito que o início é muito importante para aquilo que queremos para a nossa época. Dá-nos uma confiança diferente e vontade de querer trabalhar mais para nós e para a equipa. Esses três golos e a assistência são importantes porque me dão uma motivação extra para continuar. Espero continuar assim.

O que tem achado do ritmo que se tem visto nestes primeiros jogos da II Liga? Este é um campeonato sempre bastante competitivo... 

Na II Liga não podemos olhar tanto para a tabela classificativa porque todos os jogos, em casa ou fora, vão ser complicados e competitivos. As equipas podem estar numa fase mais complicada, mas de repente as coisas mudam e tornam-se mais regulares. Não podemos esperar facilidades, esteja o adversário mais acima ou mais abaixo na tabela. O último pode ganhar ao primeiro. 

Quais são os objetivos do Mafra para esta temporada? 

No Mafra o objetivo é sempre o trabalho semanal. Pensar jogo a jogo, sem pensar em objetivos a longo prazo. Os três pontos estão em primeiro lugar, a cada semana, e mais para a frente poderemos pensar em algo mais ambicioso e risonho para nós. Temos sempre de pensar jogo a jogo. 

É então cedo para falar em ataque à subida? 

Sim. Não sinto que haja a pressão de subir à I Liga ou de pensarmos no que pode acontecer mais à frente. Dão-nos liberdade para podermos fazer o que queremos em campo, sempre de acordo com as ideias do míster Ricardo Sousa, e a única pressão é ganhar os três pontos a cada jogo. Assim, estamos mais tranquilos. 

O míster Ricardo Sousa destacou, após o último jogo, que o Mafra é uma equipa que gosta de ter a bola, mas que os jogadores nunca descuram o trabalho defensivo. Sendo um avançado, sente essa preocupação e responsabilidade de ajudar a equipa no momento de defender? 

Sim, sinto bastante porque nos treinos trabalhamos muito o aspeto defensivo. Do guarda-redes aos avançados, temos que estar todos a fazer o nosso trabalho, tal como o míster definiu. Nós pressionamos muito alto e queremos impor o nosso jogo. Para isso acontecer, ninguém pode faltar. Os avançados também ajudam no momento defensivo. 

O míster Ricardo Sousa está no clube desde a última época. Para os jogadores é bom ter continuidade do treinador? 

A ideia de jogo do míster é muito boa. Os jogadores gostam de ter bola e de mandar no jogo. E não gostamos de correr atrás da bola. Portanto, o facto de pressionarmos obriga-nos a correr muito, mas quando recuperamos a bola conseguimos fazer o nosso jogo. Os jogadores estão confortáveis com a ideia de jogo do míster. 

O facto de ele ter sido jogador acaba por ser uma vantagem para o plantel? 

Sim, porque ele entende aquilo que nós, jogadores, pensamos. Por exemplo, quando falhamos um golo ou um passe, ele é o primeiro a incentivar e a dizer que há que acreditar. Sem dúvida que é uma vantagem.

O Mafra, na ponta final da última época, acabou por ter mais dificuldades nos jogos em casa. A vitória contra o Vilafranquense colocou um ponto final no ciclo negativo. Os jogadores sentiam algum tipo de pressão por isso? 

A presença do público dá-nos uma ajuda extra nos jogos em casa, mas nós entramos em todos os jogos a pressionar. Seja em casa ou fora e talvez haja equipas que não esperam essa postura da nossa parte quando jogam em casa. Mas tanto em casa ou fora, o estilo de jogo do Mafra vai ser sempre igual. 

Por falar em adeptos, como tem sido jogar com público depois deste período de ausência por conta da pandemia? 

É uma sensação diferente. Já não estávamos habituados ao barulho vindo das bancadas. Tínhamos saudades disso e no meu caso, por exemplo, ainda não tinha jogado no Mafra com adeptos nas bancadas. É muito bom ter adeptos a apoiar. Eles gostam e são do clube. Acredito que nos vão dar uma ajuda essencial durante o campeonato. Vão ser muitos importantes. 

O Mafra é uma equipa com espírito de grupo bastante vincado. Querem transportar essa garra para os adeptos? 

Para termos sucesso é necessário que toda a equipa seja uma família. Passamos muito tempo juntos, dentro e fora do balneário, e se as coisas não estiverem bem entre nós, os bons resultados não vão aparecer. Isto demonstra bem a família que somos. Houve muita gente nova a chegar e todos foram bem recebidos. Estamos todos a remar para o mesmo lado. 

Notícias ao Minuto Andrézinho é peça indiscutível para o treinador Ricardo Sousa no Mafra© Getty Images  

O facto de terem passado uma época inteira, por conta da pandemia, em bolha também ajudou a criar este espírito no plantel? 

Sim. Esta época já temos mais liberdade, mas na última época estivemos ali numa bolha e acabámos por estabelecer relações mais pessoais e isso reflete-se no espírito de grupo. Como já disse, somos uma família. 

O que as pessoas e os adeptos podem esperar quando o Mafra vai jogar? 

Podem esperar um Mafra a querer dominar o jogo, a pressionar alto, a ter o máximo de tempo a bola. Vão ver que nós queremos jogar no meio-campo defensivo dos adversários e comandar os jogos. 

Não tenho dado passos maiores que as pernas

Está agora a iniciar a segunda época no Mafra e também na II Liga. Já pensa em dar o salto para a I Liga? 

Claro que tenho o objetivo de chegar ao máximo escalão. É um sonho. Comecei de baixo e sei o caminho que percorri. Tenho tido a sorte de ter encontrado várias famílias, nos balneários, desde que comecei e sei que assim é mais fácil. Há pessoas que nos ajudam e que nos mostram outros caminhos. Acho que assim se tornará mais fácil lá chegar, mas agora só estou focado em ajudar o Mafra. 

Falou no seu trajeto. Começou no Carregado e chegou a estar no Benfica durante duas épocas, ainda em miúdo...

Foi um trajeto muito bom e sinto que cresci muito quando fui para o Benfica. Encontrei uma estrutura mais profissional e com mais regras. Eu ainda era miúdo mas senti a diferença. Fez-me começar a pensar se era aquilo que eu realmente queria. Voltei ao Carregado, fiz o resto da minha formação e depois fui para Alverca. Foi no Alverca que tive o click e a certeza de que queria ser jogador profissional. Soube reagir ao que tinha acontecido no passado e consegui fazer três bons anos como jogador sénior no Alverca, onde conheci vários jogadores muito experientes e que passaram pela I e II Liga. Deu-me bases para aquilo que sou hoje. Fui para o Casa Pia dois anos e num deles fui campeão. Voltei ao Alverca e recebi o convite do Mafra. 

Sente que está a construir uma carreira sólida e degrau a degrau? 

Sim, acho que não tenho dado passos maiores que as pernas. Tenho consciência daquilo que tenho alcançado ano após ano. Sei que ainda tenho um caminho a percorrer, mas sei o que quero. 

Tem a necessidade de estar constantemente a trabalhar aspetos em que sente que ainda não está no melhor nível? 

Eu tento corrigir sempre o meu trabalho. Eu vejo os jogos e tento cumprir os objetivos semanais. Acho que este trabalho de observar e melhorar ajuda no meu desenvolvimento. Também tenho a ajuda de alguém que me envia as coisas. Acabo por ter uma melhor noção daquilo que faço e percebo o que posso fazer para melhorar no próximo jogo. 

Voltando um bocadinho mais atrás. Como surge a alcunha de Andrézinho? 

Essa alcunha começou quando estava no Carregado. Quando comecei a jogar era mais novo do que os outros e era muito pequeno. Ou seja, as roupas ficavam-me muito largas e começaram a chamar-me Andrézinho. Foi a alcunha que ficou e que agora uso em campo. 

Quais os objetivos que tem a longo prazo? 

Eu tenho os meus objetivos para o futuro, mas gosto sempre de olhar mais para os objetivos de cada ano. Mas sim, claro que quero chegar à I Liga, quero chegar a outros campeonatos de primeiro escalão, e sei que vou lutar para conseguir. 

Como descreve o Andrézinho em campo? 

É alguém muito trabalhador, humilde e que gosta de trabalhar com os outros. Sinto que posso fazer a diferença no meio, tanto no um contra um, como a ir para o espaço para assistir ou fazer golo. Anos após ano tenho melhorado e aprendi a ter mais calma quando chega o momento de fazer as coisas em campo.

Teve ou tem alguma referência durante esta sua carreira? 

Tive algumas, sim. O Cristiano Ronaldo, claro, pelo trabalho que faz além do jogo. O Messi é um talento puro e pode resolver a qualquer momento. Quando era mais jovem gostava muito do Ronaldinho. Ele trazia uma alegria ao jogo. Se tivermos alegria a jogar, as coisas vão sair melhor. 

Que mensagem quer deixar aos adeptos do Mafra? 

Este ano temos a sorte de poder contar com eles nas bancadas. São pessoas da terra e que querem o melhor para o clube. Quero dizer que eles podem esperar um Mafra a trabalhar todas as semanas para alcançar os resultados que eles desejam. Conheço algumas pessoas que nos apoiam e vivem com muita intensidade a realidade do clube. Isso dá-nos muita força para trabalharmos. Podem esperar um Mafra humilde e a trabalhar para conseguir mais e alcançar os objetivos do clube. 

Na época passada marcou cinco golos, esta temporada já leva três e ainda agora o campeonato começou. É um objetivo ultrapassar a marca dos cinco?

Quero superar, claro. Todos os anos tenho atingido os meus objetivos e um deles para esta nova época passa por melhorar essa marca. Até agora, tem estado a correr bem (risos). 

Notícias ao Minuto Andrézinho a festejar o golo frente ao Vilafranquense, marcado logo aos 50 segundos de jogo e que valeu a vitória ao Mafra© Getty Images  

Leia Também: Golo a abrir ditou vitória do Mafra sobre o Vilafranquense

Recomendados para si

;

Acompanhe as transmissões ao vivo da Primeira Liga, Liga Europa e Liga dos Campeões!

Obrigado por ter ativado as notificações do Desporto ao Minuto.

É um serviço gratuito, que pode sempre desativar.

Notícias ao Minuto Saber mais sobre notificações do browser

Campo obrigatório