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"Spartak tem argumentos para contrariar o favoritismo do Benfica"

Joel Amorim, especialista em futebol russo, alerta para os perigos que a formação orientada por Rui Vitória pode causar ao Benfica.

"Spartak tem argumentos para contrariar o favoritismo do Benfica"
Notícias ao Minuto

07:20 - 29/07/21 por Francisco Amaral Santos

Desporto Exclusivo

O Benfica continua a preparação para o primeiro jogo oficial, e terá de enfrentar o Spartak Moscovo por duas vezes para continuar sonhar com a entrada na fase de grupos da Liga dos Campeões. O primeiro embate das águias com a equipa de Rui Vitória acontece já na próxima quarta-feira, na Rússia, e quem conhece bem o futebol russo não tem dúvidas em afirmar que este será um duelo... "equilibrado". 

O Desporto ao Minuto quis saber mais sobre esta equipa do Spartak Moscovo, que se encontra em pleno processo de transformação tática desde a chegada de Rui Vitória, e recorreu à preciosa ajuda de Joel Amorim, especialista em futebol russo. 

Joel Amorim garante que o Benfica não "terá uma tarefa fácil" para eliminar o Spartak nesta 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões, e alerta que o resultado da 1.ª mão pode ser fundamental. 

"Espero dois jogos equilibrados, sendo que o resultado do primeiro jogo, em Moscovo, pode influenciar, em muito, o que se irá passar na 2.ª mão. Há que ter em conta que é o primeiro jogo oficial do Rui Vitória na Otkrytie Arena, estádio do Spartak. É o primeiro jogo em casa, o Spartak quer ganhar, e com toda a certeza vai querer ter a iniciativa de jogo. Aliás, dá a ideia de que essa será uma marca de Rui Vitória no Spartak. As duas equipas estão num momento diferente em termos de preparação e isso pode pesar. Ou não. É difícil prever", começa por explicar Joel Amorim, prosseguindo. 

"Ainda estamos num período muito inicial da época. A tarefa do Benfica não será fácil. Pelo contrário, acho que vai ser um jogo bastante difícil. O Spartak vai querer ganhar, vai querer ter bola e o Benfica terá de contrariar esse ascendente do Spartak. Na apresentação como treinador, Rui Vitória garantiu que queria o Spartak a jogar um futebol ofensivo e a pressionar o adversário. E é isso que ele tem feito, apesar da derrota no sábado. O Spartak jogou melhor do que o Rubin Kazan, mas teve uma falha, perdeu uma bola e o Kazan marcou. Penso que o Spartak tem mais do que argumentos para contrariar o favoritismo do Benfica. Não será tarefa fácil para os encarnados", frisa o especialista em futebol russo. 

Joel Amorim destaca, também, que a filosofia de jogo do Spartak mudou a partir do momento em que Rui Vitória pegou na equipa russa. O Spartak é, agora, uma equipa de posse, e as diferenças perante o antigo treinador, Domenico Tedesco, são mais do que muitas. 

"As diferenças entre o Spartak da última época, do Tedesco, e este, do Rui Vitória, são muitas. Este Spartak do Rui Vitória gosta mais de ter bola, gosta de sair em ataque organizado e gosta tentar sair a jogar a partir da defesa com o recuo dos dois médios centro. Isto em comparação com a última época, em que o Spartak procurava sair a jogar com bolas longas. Esta mudança tem sido bastante visível, tanto nos jogos de preparação como neste primeiro jogo oficial, frente ao Rubin Kazan", frisa. 

Notícias ao Minuto Rui Vitória estreou-se em jogos oficiais pelo Spartak com uma derrota em casa do Rubin Kazan (0-1). © Getty Images  

Defesa é ponto fraco, ataque é sinónimo de perigo constante

Joel Amorim defende que o Spartak é uma "equipa com excelentes jogadores em todos os setores", mas também aponta a defesa como o principal ponto fraco da equipa comandada por Rui Vitória. 

"O maior problema está no setor defensivo. O Rui Vitória optou por jogar em 4x2x3x1, deixando cair a defesa a três da última época, mas os problemas defensivos mantêm-se. Olhando para o jogo do passado sábado, frente ao Kazan, o Spartak revelou algumas dificuldades defensivas, nomeadamente nas alas. Os laterais do Spartak, tanto o Ayrton Lucas como o Rasskazo, denotam algumas dificuldades defensivas. São bons no processo ofensivo, mas têm debilidades no momento de defender. Se o Benfica souber explorar bem as alas, poderá retirar alguns dividendos", aponta, antes de sublinhar que, por outro lado, os russos são muito perigosos do meio campo para a frente. 

"No último jogo, alguns jogadores até estiveram abaixo do que podem produzir, mas, entre o meio-campo e o ataque, estão as maiores virtudes deste Spartak. Começo por falar do Jordan Larsson, que é filho do Henrik Larsson. É um falso avançado ou extremo. Consegue desequilibrar e marcou muitos golos importantes na temporada passada. Depois, há também o Victor Moses, que foi contratado em definitivo depois de ter sido emprestado. E, claro, o Quincy Promes, que é internacional holandês e que já tinha estado no Spartak. Também gostaria de destacar os dois jogadores que Rui Vitória lançou na segunda parte frente ao Kazan: Mikhail Ignatov e Zelimkhan Bakaev. São jogadores de muita qualidade, apesar de ambos serem jovens. E, depois, não esquecer o ponta de lança Aleksandr Sobolev. É fortíssimo, tem um porte físico impressionante e é capaz de segurar os centrais. Além disso, tem boa técnica e movimenta-se muito bem dentro da grande área", destaca. 

Vitória terá de puxar pelos galões na Liga russa

Além de querer garantir uma presença na fase de grupos da Liga dos Campeões, Rui Vitória tem uma outra missão ainda mais complicada: ser campeão russo. O Spartak apenas foi campeão por duas vezes nos últimos 20 anos, e a pressão estará toda em cima dos ombros do treinador português. Joel Amorim não tem dúvidas em afirmar que "Vitória abraçou um desafio bem difícil e bem exigente".

"Ser treinador do Spartak é das tarefas mais complicadas da Liga russa. É o clube mais popular da Rússia e o clube com mais adeptos. O próximo ano é o centenário do clube e aquilo que o presidente lhe pediu, segundo a imprensa, foi que vencesse a Liga russa. A verdade é que o Spartak já não vence a Liga desde 2017, e, nos últimos 20 anos, apenas venceu duas vezes: 2001 e 2017. O desafio é enorme, e o Rui Vitória terá de puxar pelos galões se quer vingar no Spartak. Ganhar a Liga russa não é fácil, e o Zenit tem conseguido ser superior porque é mais regular e não vacila nos momentos mais complicados. É difícil de prever, mas o Zenit é o grande favorito a vencer a Liga russa novamente", argumenta Joel Amorim, que aponta ainda para a importância de Rui Vitória vencer, amanhã, o duelo com Krylya Sovetov, em jogo da 2.ª jornada do campeonato russo.

"Apesar do entusiasmo inicial nos jogos de preparação, já começam a chover críticas depois da derrota no sábado. É normal nestes casos, e o Rui Vitória vai ter de saber viver com isso. O Spartak tem adeptos muito exigentes que, ao mínimo sinal de fraqueza, criticam a equipa e o treinador. Num momento, estás lá em cima, e a seguir já estás numa situação complicada. O jogo de sexta-feira [amanhã] pode, quase sem querer, ter muito peso naquilo que o Spartak pode fazer contra o Benfica. Uma derrota em Samara pode criar alguma instabilidade na equipa e depois o jogo com o Benfica ser quase o encostar o Spartak às cordas", conclui o especialista em futebol russo. 

Leia Também: "Jogo com Spartak é muito importante para todos nós e para o clube"

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