O Benfica vive, certamente, um dos momentos mais negros da sua já longa história. A detenção de Luís Filipe Vieira gerou grande alvoroço no clube da Luz que em menos de 72 horas viu o início da nova época ser virado do avesso.

Enquanto Jorge Jesus e os jogadores prosseguiram, no Seixal, a preparação da pré-época, e até já foram vacinados contra a Covid-19, nos gabinetes do Estádio da Luz faziam-se contas ao futuro do clube, mas também à continuação de Luís Filipe Vieira na presidência do Benfica, depois dos grandes danos financeiros, numa altura em que é negociado um novo empréstimo obrigacionista, e reputacionais que a detenção do presidente provocou em menos de três dias.

O dia desta sexta-feira começou com uma importante novidade. Luís Filipe Vieira, ainda detido, fez saber através do seu advogado, Magalhães e Silva, que iria suspender o seu mandado de presidente do Benfica enquanto decorresse a investigação da operação 'Cartão Vermelho'.

A decisão, comunicada ao mesmo tempo ao país e aos órgãos sociais do clube da Luz, provocou, de imediato, uma reunião de emergência do Conselho Diretivo para definir que assumiria as rédeas no Benfica. Durante os últimos dias, a imprensa foi revelando que Rui Costa, vice-presidente, era o senhor que se seguia na cadeira da liderança, seguindo o que está escrito nos estatutos do clube. A informação acabaria por ser confirmada ao final do dia.

Em comunicado, os encarnados informaram que o antigo futebolista, em tempos considerado maestro quando ainda era jogador, iria assumir a batuta na Luz, dirigindo não só a direção do Benfica, mas também a SAD. Pouco mais de uma hora após esta comunicação, Rui Costa falava aos sócios e adeptos das águias, naquele que foi o seu primeiro dia como presidente.

Nas primeiras palavras enquanto líder máximo encarnado, o ex-internacional luso disse estar ciente da "responsabilidade assumida" e do que os benfiquistas esperam de si, apontando ainda que "os tempos são desafiantes", mas que fará de tudo para que "o clube seja cada vez maior".

Nomeação de Rui Costa não é consensual

Se no comunicado em que confirmou Rui Costa como presidente o Benfica afirmou que a nomeação teve "apoio unânime dos membros da direção", o mesmo não se pode dizer de outros sócios benfiquistas.

João Noronha Lopes, antigo candidato à presidência do clube da Luz, sublinhou que Rui Costa "não tem condições para ser presidente do Benfica", por não ter "legitimidade moral nem ética" para assumir o cargo.

Por outro lado, o advogado Jorge Mattamouros que interpôs uma ação cível para destituir Luís Filipe Vieira da presidência do Benfica, assumiu que está disposto a avançar com "mecanismos legais" caso Rui Costa não marque eleições.

Vieira continua detido e será ouvido no sábado

Naquele que parece ser, cada vez mais, o fim de Luís Filipe Vieira à frente do Benfica, o empresário, e agora presidente suspenso de funções por decisão do Conselho Fiscal, segue para o terceiro dia detido nos calabouços da PSP, em Moscavide, e ainda sem ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre.

Depois de ouvidos os outros três arguidos no Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, num processo que arrancou às 09h00, o advogado de Luís Filipe Vieira afirmou que o seu cliente irá prestar declarações ao juiz de instrução criminal no âmbito do processo Cartão Vermelho este sábado. 

Depois de prestadas as devidas declarações, o juiz Carlos Alexandre decidirá as medidas de coação que serão aplicadas a Luís Filipe Vieira, ao seu filho Tiago Vieira, a Bruno Macedo, e a José António dos Santos.

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