João Félix não entrou nas escolhas de Fernando Santos para o jogo inaugural de Portugal no Euro'2020, a exemplo também do que sucedeu no Atlético de Madrid, em que, nos derradeiros meses da temporada, passou de titular a suplente utilizado.
Em declarações ao Desporto ao Minuto, Chema Garcia Fuente, jornalista do Mundo Deportivo que acompanha de perto a realidade colchonera, explica por que Félix acabou por assimilar a "condição de suplente".
“Na última parte da temporada, João Félix não tinha condições para ser titular porque vários colegas já estavam melhor do que ele. Apesar de ter chegado com o rótulo de estrela, ele foi assimilando a condição de suplente, e isso não constituiu um drama”, começou por dizer o jornalista do país vizinho, asseverando que os adeptos colchoneros têm memória curta quando analisam a época do internacional luso.
“Agora, acredito que os adeptos não têm sido justos com João Félix, já que o avaliam apenas por estes últimos meses, e esquecem-se que foi ele a ‘conduzir o carro’ que transportou o Atlético para a liderança isolada no campeonato. Durante um largo período, ele esteve espetacular", considerou Chema Garcia Fuente, que perspetiva um futuro difícil para o avançado neste Euro'2020.
“Ele terá bastantes dificuldades em ser titular por Portugal, tendo em conta a qualidade que existe na seleção nacional. Agora, acredito que, na Polónia, até coxo jogaria. Porém, no Atlético ele também já mostrou que, em vários jogos, e atuando só durante alguns minutos, ele consegue elevar rapidamente o nível de jogo da equipa", frisou o jornalista do Mundo Deportivo, detalhando o que tem faltado a Félix para ser uma estrela mais cintilante no Wanda Metropolitano.
"No Atlético, Simeone pede um esforço adicional a Félix, para que ele, e apesar das suas limitações físicas, dê tudo o que tenha pela equipa. Félix também sofreu muito pela alteração tática do técnico argentino, que começou a apostar na parte final da época num 4-4-2, privilegiando um jogador mais vertical como Lemar. Aí, quem perdeu foi João Félix. A Covid-19, as lesões e as alterações tácticas de Simeone, tudo se juntou para um final mais apagado do português. Devemos ter em conta que Félix é aquele tipo de jogador que perde uma bola, reclama com o árbitro e para de jogar. Simeone privilegia aquele jogador que sofre uma falta, não reclama e vai imediatamente atrás do rival para lhe roubar o esférico", explicou Chema Garcia Fuente, referindo que seria um erro o futebolista de 21 anos sair, já neste mercado de verão, do Atlético de Madrid.
"Na vida, há duas formas de fazer as coisas, e isso vai depender do que ele quer. O fácil seria ele rumar para o Barcelona ou o Real Madrid, onde não vão exigir ao Félix determinadas coisas que lhe pedem no Atlético. Temos o exemplo de Arda Turan, que se cansou de correr no Atlético e foi para o Barcelona. Porém, para ele, a coisa não lhe correu nada bem. Griezmann, por exemplo, chegou como um jogador mediano ao Atlético, e transformou-se num dos melhores jogadores do mundo e, posteriormente, foi para o Barcelona. Ele conseguiu ser uma estrela graças a Simeone. Félix, se quiser evoluir, ser um melhor jogador, mais completo, e mais forte, e para isso terá de sair da sua zona de conforto, tem de continuar no Atlético, ou então opta pela via fácil e vai para um Manchester City que é pura fantasia. É sempre mais acessível nadar a favor da corrente, mas acredito que se João Félix sair agora do Wanda Metropolitano será muito menos futebolista", rematou.
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