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"Alcançar a subida seria algo sensacional e extraordinário para o Vizela"

Antigo avançado do Boavista rumou ao emblema vizelense e tem sido um dos destaques daquela que é a equipa sensação da edição deste ano da II Liga. O Vizela é quarto classificado e o brasileiro aponta a subida à I Liga como um passo histórico para o clube.

"Alcançar a subida seria algo sensacional e extraordinário para o Vizela"
Notícias ao Minuto

07:18 - 29/03/21 por Rodrigo Querido

Desporto Exclusivo

O Vizela é a equipa revelação da edição deste ano da II Liga, numa temporada em que regressou aos campeonato profissionais, depois de várias épocas no Campeonato de Portugal.

Ao fim de 25 jornadas, o emblema vizelense ocupa o quarto posto da tabela classificativa, a um ponto do lugar de acesso ao playoff de subida à I Liga, e a dois do segundo lugar, aquele que vale a promoção direta ao principal escalão do futebol português.

Prova da boa temporada que o Vizela tem vindo a realizar é o facto de a formação liderada por Álvaro Pacheco estar sem perder um jogo para a II Liga desde 1 de novembro do ano passado, na deslocação à casa do Arouca.

Para esta caminhada de sucesso do clube vizelense, muito tem contribuído a excelente forma apresentada pelo avançado Cassiano. O ex-Boavista é o melhor marcador da equipa e um dos melhores do campeonato, a par de Mohamed Bouldini, da Académica, e Malik Abubakari, do Casa Pia, todos com 10 golos marcados.

Em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto, o dianteiro brasileiro, de 27 anos, explica as razões que o levaram a deixar o Boavista, que alinha na I Liga, para assinar por um clube de um escalão secundário, apontado o Vizela como um possível candidato à elite do futebol português.

É pena não ter o calor dos adeptos com quem festejar

No ano passado, cumpriste a primeira época em Portugal ao serviço do Boavista, e logo na I Liga. O que te levou a deixar o Bessa no fim da época?

Assim que acabou a época passada, o Boavista entrou em contacto com o meu agente e disse que não contavam comigo. O clube ia iniciar um projeto novo, com atletas mais novos, e que envolvia uma remodelação no plantel. Durante esse período de conversas, apareceu o Vizela e, principalmente, o treinador Álvaro Pacheco e o diretor desportivo Pedro Albergaria. Eu morava num hotel no Porto, e eles comprometeram-se a conversar comigo e apresentar-me o projeto do clube. Eu gostei muito do projeto. A conversa não foi fácil, justamente porque eu estava na I Liga e queriam que fosse para a II Liga. Conseguimos chegar a um acordo e foi um bom passo. Tudo tem corrido bem. Só tenho a agradecer à equipa técnica e ao staff por tudo o que alcançámos. Ainda não conquistámos nada, mas, para a realidade de onde o clube vinha, já é um grande passo.

Rumaste depois ao Vizela, que subiu do Campeonato de Portugal este ano. O que te levou a assinar por um clube da II Liga quando até podias estar ainda na I Liga?

Até houve um contacto de outra equipa da I Liga no período após saber que ia sair do Boavista, mas não acertámos na questão dos valores. O projeto do clube, para mim, também não seria o mais indicado como este do Vizela. O interesse do Vizela em mim foi logo dos primeiros. A maneira como o treinador e o diretor desportivo mostraram que me queriam muito na equipa fez a diferença.

O Vizela é uma das surpresas esta época e ocupa o quarto lugar na II Liga. Qual o segredo para esta boa prestação?

Acredito que o nosso treinador conseguiu montar um conjunto de jogadores com muita qualidade, simples e com muita eficácia. Estamos muito dedicados a fazer o que o treinador nos pede. Ele tem uma visão muito boa. O trabalho diário que temos vindo a fazer desde o início da temporada ajudou-nos muito.

A manutenção da grande maioria do plantel da época passada para a nova época, assim como do treinador, foi fundamental para este sucesso?

Acredito que um dos motivos seja esse. Manter uma base da equipa, mesmo que venha de uma divisão diferente, é muito importante. Se a isso juntarmos a contratação de dois, três ou quatro jogadores, fica mais fácil do que se tivermos de remodelar todo o plantel. O clube já tinha um plano de jogo definido. Ao contratarem poucos jogadores, é mais fácil que eles entendam o que o treinador quer. O Álvaro Pacheco teve muita sabedoria para conseguir manter um plantel de qualidade e com os atletas que já tinha em mãos.

Notícias ao Minuto Vizela não perde para o campeonato desde novembro© Global Imagens  

Os objetivos do clube mudaram por conta desta boa fase?

Antes de assinar contrato, o objetivo foi sempre a subida de divisão. Claro que sabemos que não é simples. Vindo de uma divisão abaixo, torna tudo mais difícil, mas, pelo trabalho que temos vindo a fazer, não posso dizer que não sonhamos com essa subida de divisão. Mas estamos a ir passo a passo, e jogo a jogo, que é o mais importante. Se conseguirmos somar pontos jogo a jogo, e sem pensarmos nesse objetivo, acho que vamos ter sucesso.

A II Liga é uma competição muito competitiva. Estavas à espera de o Vizela estar a discutir a subida de divisão nesta altura da época?

Concordo que é um campeonato difícil. Antes de vir para o Vizela, procurei saber como era o campeonato, porque não o conhecia muito. Assim que eles contactaram comigo, procurei saber mais sobre a II Liga e disseram-me que era uma Liga competitiva, com clubes muito nivelados. Há jogos que pensamos que são teoricamente mais fáceis, mas são de uma extrema dificuldade. Não esperava estarmos nesta posição. Tivemos um início de época complicado, mas conseguimos dar a volta e temos vindo a conquistar pontos.

O Vizela não perde desde novembro do ano passado para o campeonato e a última derrota foi contra o Boavista na Taça de Portugal. É uma das equipas mais difíceis de bater?

Não sei se seremos a equipa mais difícil de derrotar. Mas temos um plantel muito unido, com jogadores que têm um futuro brilhante pela frente. Tenho a certeza de que muitos jogadores vão sair de lá e alcançar grandes coisas. Acredito que a união do clube com a equipa, dos jogadores com a equipa técnica, faz a diferença. Somos um grupo que se dedica diariamente aos trabalhos e entendemos perfeitamente o que o treinador quer. O treinador também procura, dentro do nosso jogo, encontrar alternativas para não apresentarmos sempre a mesma ideia. Estamos num caminho muito certo, rodeados de pessoas que sabem o que estão a fazer e o querem para o futuro do Vizela.

Como é ser treinado pelo Álvaro Pacheco, um treinador que é alvo de muitos elogios e que cumpre também ele a primeira época como numa competição profissional, depois de já ter estado em outras equipas profissionais, mas enquanto adjunto?

É um treinador que consegue unir exigência e amizade ao mesmo tempo. Estes jogos sem adeptos deixam-nos sem pressão, mas temos a pressão interna dele. Exige o máximo dos atletas diariamente. É um treinador que cobra muito, mas, quando sai dos treinos, abraça os seus jogadores. A maneira como ele trabalha, em que envolve todos os jogadores e não apenas aqueles que vão ser titulares, é muito importante para nós. Trabalha de uma maneira muito leve, apesar de ser muito dedicado. Acredito que muito do nosso sucesso se deve ao trabalho dele.

Notícias ao Minuto Cassiano é o melhor marcador do Vizela com 10 remates certeiros© Global Imagens  

Agora no capítulo mais pessoal, tens sido um dos destaques da equipa e és mesmo um dos melhores marcadores da II Liga. Qual é o segredo para esta tua boa forma?

Acredito que a equipa me tem ajudado muito. No Boavista, não tínhamos muitas oportunidade de golo, mas também estávamos num campeonato mais complicado tendo em conta a situação que vivíamos. Ficava mais difícil de fazer golos. No Vizela, as coisas estão a correr melhor. Estou a ter mais oportunidades e a conseguir corresponder. O Álvaro foi um treinador que me ajudou a evoluir muito desde o início da competição. Na segunda volta, estou a conseguir fazer mais golos do que na primeira. Também tenho vindo a ganhar confiança, o que me ajuda. Os meus companheiros também têm realizado um bom trabalho para que eu consiga marcar. Estou muito feliz no Vizela, não só pela minha boa forma, mas também pela boa prestação da equipa. Não foi um passo atrás na minha carreira, mas algo muito importante. É algo também importante para o clube, porque temos oportunidade de fazer história. Acredito que as coisas vão correr bem.

A conquista do troféu de melhor marcador da II Liga é um objetivo para ti no final da temporada?

O objetivo real é alcançar a subida de divisão. Conseguir alcançar esse objetivo seria algo sensacional e extraordinário. Ficaria realizado se isso acontecesse. Como ponta de lança, tenho que fazer golos, e, se conseguir terminar como melhor marcador da competição, seria especial para mim.

Não tiveste receio de dar um passo atrás quando assinaste pelo Vizela, sobretudo por ser uma equipa que vinha do Campeonato de Portugal?

Às vezes pensamos nisso, mas tenho confiança no meu trabalho. Poderia ter tido mais oportunidades no Boavista, mas as coisas não correram tão bem como eu queria. Mas sabia que as minhas qualidades poderiam ajudar o clube. Os diretores e a equipa técnica apostaram muito em mim, e isso deu-me muita vontade e confiança.

Encaras este desafio no Vizela como um passo atrás para poder tentar voos maiores no futuro?

Acredito que pode ajudar claro. O trabalho é valorizado com resultados e conquistas. O que temos feito no Vizela é algo muito bonito e que temos de valorizar. Mas ainda não conquistámos nada. Temos nove jogos pela frente e muita coisa ainda para fazer. Claro que penso na valorização pessoal, mas hoje estou completamente focado no Vizela e em conquistarmos os objetivos que temos definidos.

Se essa subida de divisão se proporcionasse, estavas disposto a continuar no Vizela para ajudar o clube a manter-se na I Liga?

Claro que sim. É clube que me abriu as portas, onde me sinto em casa. Estou muito feliz, e, se conseguirmos essa subida de divisão e chegarmos à I Liga, seria uma honra vestir as cores do Vizela nessa prova.

E se o Vizela subisse ao principal escalão do futebol português teria condições para se manter entre os maiores?

Tenho plena confiança nisso, pelo trabalho que tem vindo a ser feito. Por exemplo, no jogo com o Boavista, tivemos uma superioridade muito grande, mas, infelizmente, perdemos o jogo nos descontos e com um resultado que não demonstra o que foi o jogo. Temos consciência do trabalho que fizemos e do que podemos fazer. Acredito que não vamos parar por aqui, dado que temos muito para evoluir ainda. Se conseguíssemos essa promoção, iríamos chegar com uma confiança muito grande à I Liga.

Acreditas que já estão criadas as infraestruturas necessárias para o Vizela ser de I Liga?

O clube tem vindo a evoluir muito. Eu cheguei ao Vizela já no momento da mudança e não cheguei a conhecer o clube como estava na época passada. Já fez mudanças muito boas no próprio estádio. Poucas equipas da I Liga têm um balneário como o nosso. Temos todas as infraestruturas que um atleta precisa, desde recuperação a musculação. Se chegarmos à I Liga, acredito que o clube vai melhorar ainda mais.

Como tem sido jogar sem adeptos esta temporada?

Tem sido uma temporada atípica. Sinceramente, gosto de jogar com os estádios lotados com adeptos. Mas acredito que estamos a levar as coisas de uma forma positiva. É pena não ter o calor dos adeptos com quem festejar. É diferente. Sabemos que eles estão em casa a mandar energia positiva para que consigamos alcançar os nossos objetivos.

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