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Mourinho assume legado nos bancos e prevê "mais 10 ou 15 pela frente"

O treinador José Mourinho, que orienta os ingleses do Tottenham, projetou hoje "mais 10 ou 15 anos" de ligação ao futebol, considerando ter deixado um "grande legado" na ascensão de jovens técnicos pela via académica.

Mourinho assume legado nos bancos e prevê "mais 10 ou 15 pela frente"
Notícias ao Minuto

17:28 - 03/12/20 por Lusa

Desporto Web Summit

"Sou uma pessoa humilde, que tenta sempre aprender mais e ser melhor. Acredito que sou muito melhor do que há 10 ou 20 anos. Tenho 57, sou muito novo face ao meu trabalho, e não ficaria surpreso se tivesse mais 10 ou 15 pela frente", afiançou o técnico, na sessão digital "Prémio Web Summit Inovação no Desporto" da Web Summit 2020.

Focado em "desfrutar de um trabalho que é uma paixão", o setubalense admite "não estar ainda a ver o fim" da "longa ligação" aos relvados, mantendo "desejo e paixão todos os dias", até porque os "cabelos brancos nada têm a ver com o stress da profissão".

"Há grandes diferenças entre sucesso e uma carreira de sucesso. O sucesso é o momento, pode estar relacionado com o talento, mas também com o facto de estar no sítio certo à hora certa. Outra coisa é um percurso bem-sucedido, que é desenhado ano após ano. Sempre quis essa carreira e sinto que faz parte do meu ADN", comparou.

Numa conversa com Andrew Hill, editor do diário Financial Times, José Mourinho refletiu sobre os "obstáculos" na afirmação como um treinador de "perfil diferente", educado com uma licenciatura em Educação Física pela Faculdade de Motricidade Humana, em 1987.

"Era um período completamente diferente. As pessoas acreditam hoje que há diferentes formas de ser treinador. Há 20 ou 30 anos, a maior barreira era existir um foco centrado nos ex-jogadores, esquecendo que quem misturava a academia com alguma experiência futebolística, mesmo não sendo ao mais alto nível, também podia lá chegar", recordou.

O treinador do Tottenham admite ter deixado "esse grande legado para trás", já que "qualquer jovem que ame futebol e que não tenha talento em prol de um jogador de topo pode virar-se para as ciências do desporto e ser tão bom ou melhor do que os outros".

"Nunca quis ser o rosto de nenhuma luta. Existem excelentes treinadores oriundos de diferentes formações. Era só uma questão de provar que há espaço para todos os que adoram competir, treinar e liderar. Acredito hoje que uma ótima equipa técnica é muito importante para que as pessoas se complementem umas às outras", ressalvou.

Ao deixar de coadjuvar o holandês Louis van Gaal nos espanhóis do FC Barcelona, José Mourinho efetivou a carreira de treinador principal em 2000, numa breve passagem pelo Benfica, que antecedeu uma curva ascensional da União de Leiria até ao FC Porto.

"Quando comecei a carreira no meu país, o objetivo era fazer tudo aquilo que aconteceu em 2003/04 [no FC Porto]: chegar ao topo do futebol mundial com uma equipa portuguesa recheada de jogadores nacionais. Daí em diante, nunca mais ninguém repetiu aquele feito. Foi um momento de orgulho e o clique na minha carreira", notou.

Ultrapassado o "tempo para trabalhar em Portugal", abrilhantado com a conquista da Liga dos Campeões pelos 'dragões', veio o "tempo de ser português" no estrangeiro, munido de uma postura "aventureira, sem medo de arriscar ou de ir contra as probabilidades".

"Cheguei a todos os campeonatos de topo e percebo que fiz com que os mais novos sonhassem. Na minha geração, os mais jovens queriam ser jogadores, mas a realidade é que hoje há muitos miúdos que sonham ser treinadores. Se ajudei nisso, é algo tão ou mais importante do que ter mais ou menos troféus, mais ou menos medalhas", frisou.

As passagens anteriores por Inglaterra (Chelsea e Manchester United), Itália (Inter de Milão) e Espanha (Real Madrid) mostraram um 'Special One' "sempre aberto para se adaptar" na vertente pessoal e tática, embora sem "nunca perder a própria identidade".

"Não gosto de zonas de conforto, por isso não escolhi um campeonato intermédio antes de ir para a Premier League. Todos diziam o quão era difícil a mentalidade italiana para um treinador com outra metodologia. Em Espanha, o FC Barcelona era dominador e não havia maior desafio. Hoje sou uma pessoa rica e com experiência fantástica", contou.

José Mourinho, agraciado hoje com o prémio "Inovação no Desporto", cultiva memórias "bem escondidas e fechadas" sobre os 25 troféus somados em 20 anos, mas lamenta ter estado mais de metade dos 11 meses ao leme dos 'spurs' sem público nos estádios.

"A minha maior conquista? A resposta pode parecer tonta se não perceberem, mas foi o último jogo que ganhei. Apesar de ter medalhas e réplicas de taças, quero sempre mais. Treinar é divertido, mas pode ser complicado. Se não nos divertirmos e tivermos prazer, não conseguimos chegar à dimensão em que fazemos a diferença", concluiu.

O Tottenham comanda a Liga inglesa, com os mesmos 21 pontos do campeão inglês Liverpool, e pode qualificar-se hoje para os 16 avos de final da Liga Europa, bastando um empate no terreno dos austríacos do LASK Linz, em jogo da quinta jornada do grupo J.

A Web Summit, considerada uma das maiores cimeiras tecnológicas do mundo, decorre este ano totalmente 'online' e até sexta-feira, contando com "um público estimado de 100 mil" pessoas, depois de se ter começado a realizar há quatro anos em Lisboa.

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