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Henrique Chaves a um passo do título: "Nós temos feito a matemática..."

Henrique Chaves faz dupla com Miguel Ramos na Teo Martín Motorsport e está a um passo de se tornar campeão do International GT Open. O piloto natural de Torres Vedras está perto do sonho, mas faltam ainda as duas derradeiras corridas em Barcelona. O Desporto ao Minuto, a propósito da rubrica 'Dos 0 aos 100', falou com Henrique Chaves antes do momento decisivo da temporada.

Henrique Chaves a um passo do título: "Nós temos feito a matemática..."

O International GT Open pode novamente ter uma dupla portuguesa a fazer história. Depois do título de Álvaro Parente e Miguel Ramos em 2015, cinco anos volvidos, Miguel Ramos pode conquistar o campeonato ao lado de Henrique Chaves. E foi precisamente com o jovem piloto de Torres Vedras que o Desporto ao Minuto falou antes do grande momento da temporada: o último fim de semana do GT Open em Barcelona.

A dupla portuguesa está neste momento na liderança com 108 pontos, mais oito que os segundos classificados, mas há uma regra a ter em conta, tal como o próprio Henrique Chaves sublinhou.

O piloto da Teo Martín Motorsport mostrou-se confiante para o último fim de semana da temporada, mas afirmou que ainda é preciso delinear a estratégia para as duas corridas que faltam disputar na Catalunha. Henrique Chaves afirmou estar totalmente focado nesta reta final de época, mas admitiu também que a próxima temporada já estará a ser preparada. Vamos ver o piloto português no GT World Challenge? 

Há dualidade de critérios e isso não me deixa muito contente. Ao Lewis Hamilton, por exemplo, não lhe retiraram a volta

Primeiro de tudo, qual foi o sentimento após a vitória na última corrida em Spa-Francorchamps?

Foi bom. Nós já tínhamos ganho na Áustria, mas tinha sido uma vitória na secretaria. Não subimos ao pódio, não houve aquela festa mesmo do primeiro lugar e agora finalmente chegou a vitória que, na minha opinião, na da equipa e na de muita gente que me segue, já era justa e até devia ter chegado um pouco mais cedo. Podíamos ter ganho em condições normais a primeira corrida do campeonato, onde tivemos aqueles safety-car’s muito prolongados. Tivemos depois também aquela corrida em Monza onde o Miguel tinha 19 segundos de vantagem quando entra um safety-car e acabámos por perder a vitória. De facto, a vitória esteve sempre ali tão perto e agora conseguimos realmente cortar a meta em primeiro. Foi fantástico.

Nesta última qualificação em Spa-Francorchamps tinhas conseguido a pole position, que entretanto te foi retirada. Mostraste-te algo descontente com a decisão, queres explicar-nos um pouco melhor o que se passou?

Há dualidade de critérios e isso não me deixa muito contente. Se formos ver a volta do Lewis Hamilton aqui em Spa, na Formula 1, vêmo-lo repetidamente para lá das linhas brancas com as quatro rodas e não foi por isso que lhe retiraram a volta. A mim retiraram-me por esse mesmo motivo. Não comparando com o Hamilton, mas comparando com o atual detentor do recorde aqui no GT Open, ele também excedeu os limites de pista no último domingo e fiquei apenas chateado porque existe essa dualidade de critérios. Para uns funciona, para outros não. Partindo de primeiro tinha sido melhor, mas felizmente as ‘poles’ não dão pontos neste campeonato. Para quem quer ser sempre o piloto mais rápido em pista foi chato, porque foi uma volta fantástica. Fazer uma ‘pole’ em Spa depois de fazer uma pole em Monza era muito bom e mostrava que estou num momento de forma fantástico. Felizmente, ganhámos e isso é o mais importante.

Notícias ao MinutoHenrique Chaves e Miguel Ramos a festejarem o 1.º lugar na segunda corrida em Spa-Francorchamps© International GT Open

Apesar de estarem sempre na liderança do campeonato, tu e o Miguel venceram apenas duas de 10 corridas. Por um ou outro motivo, como já explicaste, pareceu-vos sempre que as vitórias vos fugiam das mãos na altura crucial?

Acho que acima de tudo estivemos sempre bem. Neste desporto há muitos fatores, mas um dos que nos tem faltado, e que entrou agora em jogo na última ronda em Spa-Francorchamps, foi a sorte. Tivemos anteriormente muito perto de outras vitórias, mas nunca foi por falta de andamento ou por falta de trabalho ou empenho. Era apenas falta daquela ponta de sorte, mas as corridas são mesmo assim.

Por outro lado, nunca houve um circuito onde não tenham ido pelo menos ao pódio. Acham que a consistência tem sido a chave da vossa temporada?

Neste campeonato, quando chegarmos ao final, temos de retirar os pontos do pior resultado. Temos feito a matemática ronda a ronda e se fizermos as contas a este momento, estamos empatados com os segundos classificados, porque temos de tirar 8 pontos em virtude dessa consistência porque acabámos todas as corridas e o pior resultado foi um 4.º lugar. Enquanto que o Ferrari, do Prette e do Abril, se tirar o pior resultado tira 0 pontos. Ou seja, nós temos 108, tiramos 8 e ficamos com 100. Eles têm 100, tiram 0 e ficam com os mesmos 100. Portanto, a consistência neste campeonato é boa, mas é uma pena por causa disto. O Miguel [Ramos] já me contou que perdeu o campeonato apesar de ter feito mais pontos, exatamente por causa desta regra. A consistência é mais importante num campeonato onde não se deita nenhum resultado fora. Aqui é importante, mas não vai ser tão crucial como se fosse por exemplo num Campeonato do Mundo de Formula 1.

O Miguel explicou, à sua maneira, os problemas que tinha no carro e de repente o carro ficou incrívelE agora para Barcelona, deduzo que as expectativas sejam fazer de tudo para aguentar a liderança…

Vamos ter de delinear uma estratégia, que vai ter de depender muito também do nosso ritmo e da meteorologia, que é crucial. Se estiver a chover no sábado, vamos ter uma abordagem diferente. Se chover no domingo, teremos outra. Vamos ter de esperar e mais perto da corrida teremos de ver os cenários possíveis. Em condições normais vamos tentar pelo menos conseguir mais uma vitória, mas depende sempre do handicap que vamos ter. Imagina que vencemos a primeira corrida, vamos ter 30 segundos de handicap e ao ter esse tempo teremos que tentar chegar ao pódio na mesma, mas será sempre mais complicado. Temos de analisar momento a momento, depende muito do nosso ritmo. É uma pista que pessoalmente não gosto muito, mas dou-me bem lá. Ainda terá de sair também o novo BoP, nós por exemplo levámos 20 quilos para Spa e isso notou-se. Fomos mais lentos e para Barcelona não sei se haverá alterações. Todas as marcas estão a fazer um pouco de pressão para terem um bocadinho de ajuda e estarem mais competitivas. Vai ser complicado.

Atrás de vocês segue a dupla composta pelos monegascos Vicent Abril e Louis Prette. Acham que eles vão fazer-vos a cabeça em água nestas últimas duas provas?

Sim, eles são muito fortes. Têm um piloto ‘gold’ e um piloto ‘silver’ e nós temos um ‘silver’ e um ‘bronze’. Em termos de graduação estamos inferiores, não é? Mas queremos contrariar isso em pista e é o que temos feito, por isso é que estamos na liderança do campeonato. Temos de manter as nossas prestações, tentar melhorar um pouco para tentar suplantar essa formação e, com a ajuda da nossa equipa que tem feito um trabalho fantástico, com certeza que iremos conseguir.

Notícias ao MinutoO McLaren 720S GT3 da Teo Martín Motorsport conduzido por Henrique Chaves e Miguel Ramos© International GT Open

Como tem sido o Miguel como companheiro? É bom teres um experiente piloto ao teu lado e também português?

Sim, é fantástico. O Miguel tem muita, muita experiência. Em termos de setup, ele percebe bastante. É engenheiro e percebe sempre como o carro funciona até chegar ao setup ideal. Ele também conhece bem o nosso engenheiro, dão-se bastante bem, e dou um exemplo. Nesta ronda em Spa-Francorchamps houve um problema porque o nosso engenheiro não repetiu o teste da Covid-19 negativo, faltou à primeira sessão de treinos livres, tivemos problemas de setup no primeiro treino livre, mas conseguimos estar melhores no segundo treino livre. O Miguel explicou, à sua maneira, os problemas que tinha no carro e de repente o carro ficou incrível. É muito bom nessa área, acho que fazemos uma boa dupla e tem resultado bem. O lugar no campeonato demonstra isso mesmo e agora em Barcelona é tentar ganhar uma prova para que o Miguel fique como o piloto que mais vitórias tem no International GT Open. Pode bater esse recorde e vamos fazer de tudo para isso. Se bem que se me disseram se prefiro ficar em 1.º e depois em 4.º, ou em 2.º e 2.º, eu digo a segunda opção porque o somatório de pontos é maior. O objetivo principal será sempre o campeonato.

Em todos os circuitos conseguiste fazer a volta mais rápida: Foram 6 em 10. Factos são factos e, posto isto, sentes-te o piloto mais rápido deste campeonato?

Não, não sinto isso. Há pilotos bastante bons, ex-pilotos de Formula 1, e são todos muito rápidos. Obviamente que depende muito do momento de forma. É como no futebol, há jogadores que estão em grande forma e outros que são igualmente bons, mas não estão em tão grande forma. Fazendo este paralelismo, é um bocadinho isto que acontece. Tenho trabalhado para estar num bom momento de forma e acho que isso tem-se visto não só nas qualificações, mas também nestas voltas mais rápidas que tenho feito.

Inevitavelmente, já deves ter pensado no que irás fazer na próxima época. Onde poderemos ver o Henrique Chaves em 2021? Ou onde gostarias de estar se ainda não houver nada fechado…?

É assim… Penso e não penso. Estou ultra-focado no GT Open e quero muito ser campeão. É para isso que tenho trabalhado. Obviamente que penso no futuro. Em cada volta que faço, tento espremer todo o meu potencial para ser o mais rápido para me mostrar também neste mundo dos GT’s e tentar tornar-me profissional. Gostava muito de me tornar profissional com a McLaren, era fantástico. Eles estão a ver o meu trabalho e se isso acontecesse era fantástico. O GT Open é um campeonato muito bom, mas neste caso o GT World Challenge é um passo à frente em termos de competitividade e profissionalismo. Tenciono dar esse passo, também para as corridas mais longas, seria o ideal. No entanto, não estou a pensar muito nisso para já. Primeiro, o título. O meu pai também tem estado a trabalhar juntamente com o Teo Martín em tentar arranjar-me o melhor futuro possível, por isso vou esperar, tentar ser campeão e o que tiver de acontecer, acontece.

Notícias ao MinutoHenrique Chaves e Miguel Ramos correm com o número 59© International GT Open

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