A 19.ª visita do FC Porto a solo alemão culminou com uma derrota, algo que tem sido recorrente nos jogos na Alemanha. Os dragões saíram derrotados da deslocação ao terreno do Bayer Leverkusen (2-1) e somaram o 11.º desaire em terras germânicas.

Para encontrar a última vitória do FC Porto na Alemanha frente a emblemas germânicos é preciso recuar até novembro de 2006, ano em que os portistas venceram na casa do Hamburgo, por 3-1, em partida relativa à fase de grupos da Liga dos Campeões. Foram onze derrotas, cinco empates e três vitórias em solo alemão. Além disso, o FC Porto somou por derrotas as últimas sete deslocações à Alemanha, contando já com este desaire em Leverkusen.

Mas olhemos agora para o jogo. Após uma primeira parte difícil, na qual praticamente não teve bola e até sofreu dois golos, os dragões ligaram-se à ficha e reagiram no segundo tempo e acabaram por marcar um golo fora que pode ser decisivo para o embate da segunda mão, marcado para o Dragão daqui a uma semana.

Os alemães entraram mais acutilantes nos minutos iniciais perante um FC Porto na expectativa e sem criar problemas à defesa contrária, como que anestesiados pelos farmacêuticos. A superioridade alemã era evidente e foi sem surpresa que chegaram à vantagem à passagem da meia-hora. Alario apareceu ao segundo poste e colocou o Bayer Leverkusen na frente da eliminatória. Karem Demirbay foi o autor da assistência que encontrou o argentino no poste mais longínquo. Uribe, aos 43 minutos, teve nos pés o golo do empate, mas Lukas Hradecky voou para uma espetacular defesa que evitou o empate.

Os portistas entraram melhor no segundo tempo, mas foi a equipa orientada por Peter Bosz que ampliou a vantagem dez minutos depois do regresso dos balneários. Volland aproveitou o erro de Manafá e ultrapassou com facilidade do defesa, antes de ser agarrado em falta pelo mesmo já dentro da grande área. Foi marcada a respetiva grande penalidade, num lance em que o VAR esteve ativo. Marchesin defendeu o remate de Havertz, e já o FC Porto seguia para o ataque quando a equipa de arbitragem mandou repetir o lance anterior porque o argentino deixou a linha de golo antes do remate do alemão. O castigo máximo foi repetido e desta feita Havertz não falhou.

Os germânicos baixaram as linhas após o segundo golo para defender o resultado, mas acabariam por ver reduzida a vantagem aos 73 minutos. Alex Telles cobrou livre, Zé Luís cabeceou para defesa de Hradecky, mas na recarga, Luis Díaz, de cabeça, confirmou o tento portista.

O golo do colombiano não impediu a quarta derrota fora de casa dos dragões esta temporada, terceira das quais nas competições europeias, mas foi o analgésico que relançou a eliminatória para o jogo da segunda mão que acontece dentro de uma semana no Dragão.

Notas do jogo:

Figura: Kevin Volland foi um verdadeiro "diabo" à solta do lado esquerdo do ataque do Bayer Leverkusen. O experiente avançado alemão não marcou nenhum dos golos, mas esteve na jogada que deu origem ao golo de Alario e ganhou a grande penalidade que permitiu a Havertz ampliar a vantagem dos farmacêuticos. Foi a unidade mais dinâmica do lado dos germânicos.

Surpresa: Edmond Tapsoba rumou à Alemanha no último dia do mercado de transferências, mas parece já estar totalmente integrado na formação orientada por Peter Bosz. Foi titular no eixo defensivo ao lado do veterano Sven Bender e foi um autêntico quebra cabeças para os avançados portistas, confirmando os excelentes atributos que já tinha demonstrado ao serviço do Vitória SC.

Desilusão: Wilson Manafá foi incapaz de conter a dinâmica apresentada por Kevin Volland. Os lances mais perigosos dos alemães surgiram pelo seu lado, e foi o 'culpado' no lance que deu origem ao segundo golo dos farmacêuticos após agarrar Volland dentro da grande área.

Treinadores:

Peter Bosz: A primeira parte foi totalmente da sua equipa. Os farmacêuticos terminaram o primeiro tempo com 73% de posse de bola e só não foram para o intervalo com uma vantagem maior graças a uma boa exibição de Marchesín. A entrada fortíssima no segundo tempo foi decisiva para o desfecho do jogo, com o segundo golo a aumentar os problemas dos dragões. Após este remate certeiro de Havertz, os alemães desceram as linhas para defender a vantagem, mas acabaram por sofrer um golo que se justificava numa altura em que tinha perdido o controlo do jogo.

Sérgio Conceição: Os portistas entraram apáticos no encontro, como que anestesiados pela criatividade ofensiva dos germânicos. O FC Porto não pressionava alto, algo que até nos tem habituado nos últimos jogos, e pareceu uma equipa desconexa no primeiro tempo. A equipa entrou com outra face no segundo tempo, mas sofreu o segundo golo logos nos minutos iniciais, um balde de água fria quando se previa uma rápida reação dos azuis e brancos ao golo de Alario. À entrada para o quarto de hora final, os portistas marcaram o golo numa altura em que conseguiram assumir o controlo do jogo à procura de anular a desvantagem ou pelo menos reduzi-la tendo em vista o encontro no Dragão. O jogo poderia ter terminado empatado não fosse Uribe ter cabeceado a milímetros da baliza alemã. Mas será preciso um FC Porto muito melhor na próxima semana para levar de vencida a equipa de Peter Bosz.

Arbitragem:

Exibição pouco positiva de Slavko Vinčić. Recorreu duas vezes ao VAR nos golos do Bayer Leverkusen. No primeiro hesitou entre validar e invalidar o golo de Alario e no segundo precisou do vídeoárbitro para mandar repetir o penálti de Havertz. Pareceu um pouco nervoso ao longo dos 90 minutos.